quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Bento 16 e o padre polonês anti-semita, por Elio Gaspari

A rádio Maria informa: em Auschwitz não era um campo de extermínio, mas um centro de trabalho

O PAPA BENTO 16, tão rigoroso na condenação da igreja esquerdista latino-americana, meteu-se numa das piores controvérsias que podem assombrar um pontificado: o anti-semitismo do clero polonês. Na semana passada ele se deixou fotografar com o padre Tadeusz Rydzyk durante uma audiência coletiva em sua casa de verão de Castelgandolfo.
Monsenhor Rydzyk carrega nas costas a rádio Maria, uma das emissoras católicas de maior audiência no país e vocaliza o reacionarismo xenófobo e obscurantista que manchou um pedaço da igreja na primeira metade do século passado.

Duas pílulas do pensamento vivo do padre Rydzyk, gravadas em abril:
Sobre o presidente da Polônia, Lech Kaczynski: "Um fraudador que está no bolso do lobby judaico".

Sobre as reparações que o governo polonês pagará aos judeus espoliados e massacrados durante a Segunda Guerra Mundial: "Você sabe do que se trata. A Polônia dando bilhões aos judeus. (...) Eles vêm e dizem: "Me dá o teu casaco! Tire as calças! Passe-me teus sapatos'".
Pelas ondas da rádio Maria os ouvintes já foram informados de que em Auschwitz não havia um campo de extermínio, mas apenas um centro de trabalho. As narrativas segundo as quais lá foram mortos 1,1 milhão de prisioneiros seriam coisa da "indústria do Holocausto".

Antes do início da guerra havia 3 milhões de judeus na Polônia. Em 1945 restavam menos de 300 mil (2,5%). Pode-se argumentar que esses números estão na conta dos crimes no nazismo, mas o anti-semitismo europeu é um fenômeno anterior e posterior ao domínio da suástica. Nos 18 meses seguintes à capitulação da Alemanha foram assassinados mais judeus na Polônia, na Hungria e na Tchecoslováquia do que nos dez anos que antecederam a guerra.

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