sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pesquisa divulgada pelo IBGE demonstra discriminação racial no Brasil

Dados da Pnad mostram que pretos e pardos têm piores condições de educação, renda e expectativa de vida

redação Época

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, nesta sexta-feira (28), a Síntese dos Indicadores Sociais no período entre 1996 e 2006. Elaborada, em sua maior parte, com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a pesquisa traz dados sobre aspectos demográficos, estado civil, infância e cor no país.

Uma das revelações mais importantes do estudo demonstra o preconceito vigente no país. Apesar dos avanços na educação – maior presença da população em escolas de ensino fundamental e médio –, o analfabetismo entre pretos e pardos é o dobro do que entre brancos. Em 2006, entre cerca de 14,4 milhões de analfabetos brasileiros, mais de 10 milhões eram pretos e pardos. As taxas de analfabetismo para a população de 15 anos ou mais de idade foram de 6,5% para brancos e de mais que o dobro, 14%, para pretos e pardos. A taxa de analfabetismo funcional segue a mesma diferença: entre brancos, 16,4%, para pretos, 27,5%, e para pardos, 28,6%.

O mercado de trabalho também reflete o problema da discriminação racial no Brasil. Segundo dados do IBGE, brancos ganham, em média, 40% a mais do que pardos e pretos com a mesma escolaridade. Os pretos e pardos representam 73% da população mais pobre do país e 12% entre os mais ricos – os brancos representam 26% entre os mais pobres e 86% entre os de maior renda.

As condições de vida refletem-se na expectativa de vida de pretos e pardos. Entre brancos, 11,7% das pessoas ultrapassam os 60 anos de idade. Entre os pretos e pardos, o percentual cai para 8,6%.

Número de filhos por mulher cai, mas taxa de gravidez entre adolescentes sobe
Embora a taxa de fecundidade das mulheres continue diminuindo, na média nacional, a pesquisa traz um dado preocupante. Entre as adolescentes de 15 a 17 anos, aumentou a ocorrência de gravidez. Em 1996, eram 6,9% da população. No ano passado, o índice era de 7,6%.

Mais mulheres são chefes de família
Entre as principais revelações do estudo está o número de mulheres que se declararam chefes de família. De dez anos para cá, elas passaram de 10,3 para 18,5 milhões em todo o país. Cerca de 31% das famílias em que a mulher era a pessoa de referência viviam com rendimento mensal até meio salário mínimo per capita. Nas famílias com “chefia” masculina, esse percentual era de 26,8%.

Nas famílias sustentadas por mulheres, a taxa de ocupação dos filhos é maior: 44,1% contra 40,3% nas chefiadas por homens.

Apesar disso, diminuiu em 1 milhão o número de crianças trabalhando. Na faixa de 10 a 15 anos, a queda foi de 3,6 para 2,5 milhões. Ainda assim, a pesquisa mostrou que, no ano passado 235 mil adolescentes entre 10 e 17 anos trabalhavam nas ruas.

Saneamento não chega a 40% da população
Segundo a pesquisa do OBGE, 61,5% dos domicílios brasileiros têm saneamento completo, com abastecimento de água, rede de esgoto e serviço de coleta de lixo. Na região Norte do país está o pior índice, de 10,5%.

Confira aqui a íntegra da pesquisa do IBGE.

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