quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Alckmin, Serra e Aécio defendem o "Mensalão" do PSDB


Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves se precipitaram ontem para defender Eduardo Azeredo. Tanta pressa tem motivo. Eduardo Azeredo deu entrevista ligando o esquema dele a FHC e demais tucanos.

Vale lembrar que ao mesmo tempo em que Marcos Valério organizou o tucanoduto em Minas Gerais, ele ganhou contas importantes de publicidade no governo FHC. Também aparece claro, pelo que a Polícia Federal apurou, que era desviado dinheiro público, das empresas do Estado de Minas Gerais, para financiar as campanhas eleitorais do PSDB.

Alckmin disse que era caixa 2, mas não comprava políticos a favor dos tucanos. A lista da Polícia Federal indica mais de oitenta políticos beneficiados, era filantropia? Como Alckmin não pára de freqüentar igrejas vai ver que aquela montanha de dinheiro era caridade. Aliás, não seria o caso de perguntar para Geraldo qual é a origem do dinheiro?

Um sistema organizado de caixa 2 foi para a tucanagem sinônimo de bandidos, corruptos, escroques, criminosos, mafiosos, ladrões e vai aí pelos adjetivos.

Agora que são eles é tudo diferente. Só Azeredo, não é o PSDB, quem seria responsável. Caixa 2 é molecagem e Azeredo deveria ser privado de sobre-mesa.

Segundo os jornais de hoje, os tucanos apavorados foram falar com Azeredo e aconselharam-no a dizer que nada sabia, que o Ministro de Lula era o responsável e que ninguém do PSDB teve qualquer participação. Como diria "Geraldinho" lá atrás e falando de outros, trata-se duma movimentação criminosa procurando influenciar um réu, para enganar a justiça e a opinião pública.

A operação do PSDB exige uma cumplicidade da mídia para ser bem sucedida. A mídia se aplica, mas tem limites pois teme que sua credibilidade, já reduzida, acabe em pó. Mesmo assim ela se esforça. A etiqueta "Mensalão tucano"está banida. Aliás, a palavra tucano e PSDB tem que ficar fora das manchetes. Assim como o tutu, o prato é tipicamente - e diria eu - exclusivamente mineiro. Nada a ver com a cozinha refinada dos paulistas FHC, Alckmin e Serra. Estes últimos têm cozinha impecável, porque lavam melhor as panelas. E como são panelas de pressão, quando esquenta demais é só levantar a válvula (vide Nossa Caixa e CDHU, por exemplo).

Nenhum senador do PSDB, nem do PSOL entrou com representação na comissão de ética do senado contra o senador Azeredo. Eles já tinham inclusive arquivado o caso em 2005.

Tão indignados com Renan e Mercadante, cadê os manifestantes? (mesmo sendo poucos eles têm garantido espaço nos jornais). Onde está a indignação? (mesmo aquela fingida que arvoravam quando era contra Lula e o PT?). Dora Kramer, já se passaram mais de dois anos e até agora nenhum punido... no PSDB? como pode? O silêncio cansa, viu Dória?

Assim não dá, como diria o famoso quadro da Record.

Não seria o caso de começar a discutir seriamente as questões de financiamento das campanhas eleitorais, dos partidos e da política? Em lugar de considerar que Eduardo Azeredo é um bandido e seus colegas uma quadrilha, não deveríamos todos, políticos, mídia, opinião, situação e oposição, discutir reformas da lei para permitir eliminar o recurso a financiamento irregular da atividade política e eleitoral?

Nada de esquecer o acontecido, a justiça fará sua trilhagem e até lá ninguém é culpado, nem inocente, como disse Lula. Mas vamos deixar a justiça fazer seu trabalho e cobremos para que o faça bem e sem muita demora.

Cabe a nós todos encontrar mecanismos institucionais para reduzir e procurar eliminar o caixa 2, reduzindo os custos das campanhas, reforçando a transparência e restaurando a credibilidade no sistema político democrático em todas suas esferas.

Mas será que a mídia e os políticos querem?

Luis Favre

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