Marta diz que acidente e crise aérea geram impacto negativo para turismo
FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em Aparecida (SP)
A ministra Marta Suplicy (Turismo) afirmou nesta quinta-feira que a crise aérea, agravada depois do acidente com o avião da TAM na semana passada, vai gerar impacto negativo no turismo brasileiro. Ela disse que ainda não possui, no entanto, números que mostrem a queda no setor.
"[O turismo] certamente vai ser afetado, mas ainda não temos números. Vamos ver quais vão ser os novos desdobramentos com o novo ministro da Defesa [Nelson Jobim], que terá novos poderes em relação ao seu antecessor [Waldir Pires]", afirmou, em Aparecida (167 km de São Paulo), durante a inauguração de uma escola de capacitação voltada para o turismo, sem detalhar quais seriam os "novos poderes".
Um mês antes da explosão do Airbus-A320 em Congonhas, Marta deu, em uma entrevista, um conselho aos passageiros que enfrentavam dificuldades nos aeroportos do país: "relaxar e gozar." A ministra, que chegou a pedir desculpas, foi alvo de críticas. A frase é usada até hoje pelos que dizem que falta seriedade por parte do governo para enfrentar os problemas no setor aéreo.
O agravamento da crise é acompanhado pela imprensa internacional. Hoje, sites de jornais como o espanhol "El Pais" e os norte-americanos "Los Angeles Times" e "New York Times" traziam reportagens sobre a substituição de Pires por Jobim no Ministério da Defesa e o caos na aviação civil.
Também presente ao evento em Aparecida, o presidente da CNTur (Confederação Nacional do Turismo), Nelson de Abreu Pinto, disse que a queda no movimento de turistas no Brasil, tanto nacionais quanto estrangeiros, é de 10% desde o agravamento da crise aérea. Para ele, porém, a situação deverá se normalizar em breve.
"Nesse momento, o turismo está, indiscutivelmente, sofrendo uma queda. As pessoas estão adiando as suas viagens de lazer e mesmo as companhias aéreas estão orientando as pessoas a fazer isso. A queda é da ordem de 10%, mas acredito que a situação voltará ao normal dentro de 15 dias."
Câmbio
Marta disse que o governo já estuda medidas para compensar as desvantagens causadas ao turismo interno pela valorização do real frente ao dólar. De acordo com a ministra, o setor hoteleiro, em especial o do Nordeste, tem sido um dos mais prejudicados.
Ela afirmou que na quarta-feira participou de uma reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda), onde também estiveram presentes representantes de entidades ligadas ao turismo. Foi levada a Mantega uma pauta de reivindicações. Entre elas, estão a redução de impostos, mudanças de normas fiscais e a reestruturação da aviação regional.
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