sábado, 28 de julho de 2007

Brasil já desponta na rota do turismo em Saúde

Lenir Camimura - Último Segundo/Santafé Idéias

Mesmo com todas as dificuldades de competitividade, preço e infraestrutura aeroportuária, o Brasil já é cotado como uma opção viável para as ações de saúde no mercado internacional. E surge como uma opção de peso. Não apenas pela tecnologia e qualidade dos prestadores de serviços em saúde, como também pela beleza natural do Brasil, o país desponta na rota do turismo em saúde como referência, principalmente, no ramo da cirurgia plástica e da engenharia hospitalar.

De acordo com a pesquisa de mercado realizada na primeira fase do Consórcio Saúde Brasil, que reúne oito participantes (Hospital Brasília, Hospital do Coração, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Samaritano, Hospital Sírio-Libanês, Amib, Fundação Zerbini, L+M Gets (engenharia) e MHA Engenharia) e tem o apoio da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Brasil é referência, ainda, em tratamentos de alta complexidade, contra o câncer, para casos de cardiologia e ortopedia complexa.

Mas não é só a tecnologia dos hospitais e o conhecimento dos médicos brasileiros que chama a atenção internacional. A engenharia do Brasil já possui um histórico positivo em outras áreas, e, agora, também desponta como destaque no setor hospitalar.

O Consórcio, que pretende agregar mais players nesta segunda fase de atuação, não tem o objetivo de operacionalizar a vinda dos “turistas” de saúde. A função do grupo é, em parceria com a Apex, divulgar o país no exterior, mostrando a capacidade do Brasil não apenas em receber os pacientes para tratamentos, como também a expertise dos especialistas, professores e pesquisadores brasileiros, facilitando, assim, a possibilidade de intercâmbios acadêmicos.

De acordo com o CEO do Consórcio Saúde Brasil (Health Care Brazil), Dr. Lauro Miquelin, já é possível notar um aumento da presença de participantes internacionais em congressos e evento promovidos pelos consorciados, como é o caso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), que agrega ao consórcio sua experiência no exterior.

“A Apex e o Consórcio não podem fazer operação comercial, porque foge à sua natureza, mas as ações promocionais e de maior visibilidade realizadas já começam a apontar resultados”, afirmou Dr. Miquelin, explicando que os consorciados já têm recebido um número maior de propostas internacionais, o que aponta o sucesso da primeira fase de atuação do Consórcio.

Agora, depois de ter visitados os países e possíveis clientes na África, América Latina, Caribe, México e Oriente Médio, o Consórcio Saúde Brasil deve caminhar com as próprias pernas, contando com uma participação institucional mais pontual da Apex.

Mercado


O levantamento dos mercados internacionais mostrou que, na África, apenas dois países têm condições para falar – e agir – na área médico-hospitalar, que são a Angola e a África do Sul. Os demais países dependem de agências de fomento para pagar pelos tratamentos.

Já na América Latina, o Brasil tem bom relacionamento com todos os países, salvo algumas dificuldades com Venezuela e Bolívia, o que tem complicado o trânsito entre as nações.

No Oriente Médio, no entanto, por causa do racismo e pelas dificuldades no plano religioso, enfrentados na Europa e Estados Unidos, o Brasil está se tornando a saída para os tratamentos médicos no exterior. Contudo, somente agora foi aberta uma rota brasileira diária de vôos para Dubai.

Os Estados Unidos também estão surgindo como um nicho de mercado a ser explorado. Isso porque o custo da medicina norte-americana está muito alto e não tem coberto uma parte da população, um grupo de, aproximadamente, 500 mil pessoas que têm buscado o atendimento médico-hospitalar fora dos EUA. A grande parte procura por medicina estética. “Já há agências americanas que contratam serviços no Brasil”, informou o CEO do Consórcio.

Porém, os problemas de infraestrutura aeroportuária e a má propaganda do Brasil com a violência urbana podem desestimular esse mercado. “Não adianta ficarmos gritando que somos bons. O mundo tem que acreditar nisso através de evidências. Precisamos mostrar que somos confiáveis para que as pessoas venham cuidar de sua saúde no Brasil”, disse Dr. Miquelin.

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