Hotéis do NE vêem queda de 30% com câmbio e crise aérea
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Diante de demanda abaixo da esperada durante as férias de julho, empresários do setor apontam risco de demissões
Rede hoteleira da Bahia registra ocupação de 55%, contra média de 70% no mesmo período do ano passado, diz associação
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Na Bahia, o presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis) estadual, Ernani Silveira Bettinati, vê risco de desemprego no setor. "Há uma queda acentuada no fluxo turístico desde o acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado", afirma.
Segundo Bettinati, o problema se intensificou com a desvalorização do dólar e se consolidou após o acidente com o Airbus da TAM, no último dia 17.
"Não sei o que foi pior", declarou, sobre o impacto do caos aéreo e da valorização do real no turismo local. Em julho, disse o dirigente baiano, o percentual de ocupação nos hotéis do Estado ficou em 55%, 15 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período em 2006. Formada por 192 mil leitos em 72 mil estabelecimentos, a rede hoteleira da Bahia gera 600 mil empregos diretos e indiretos.
Em Pernambuco, o fluxo de turistas neste mês ficou cerca de 30% abaixo do esperado na região de Porto de Galinhas (a 60 km ao sul de Recife), principal destino dos visitantes que buscam lazer no Estado.
O presidente da Abih de Pernambuco, José Otávio de Meira Lins, responsabiliza principalmente a cotação do dólar pelo problema. "Para o turismo de lazer do Nordeste, a questão do dólar tem reflexos mais graves que o acidente aéreo", afirmou. "Os turistas preferem viajar para o exterior ou embarcar em navios", disse.
Para tentar compensar as perdas, afirmou Lins, os hoteleiros pernambucanos têm buscado ampliar o mercado regional, que já representa 47% do fluxo de turistas no Estado.
"Trabalhamos num raio de mil quilômetros de Recife. A estratégia é ampliar uma fatia do mercado que não está preocupada com o dólar e pode viajar de carro, se for preciso."
Baixa ocupação
No Ceará, a baixa ocupação hoteleira em 2007 repete o desempenho de 2006, com 69% dos leitos ocupados. Em anos anteriores, no mês de julho a ocupação chegava a 95%.
Para o presidente da Abih do Ceará, Manoel Linhares, o problema está no setor aéreo. "Em 2006, era a Varig, que se dissolveu, reduzindo o número de vôos. Agora, o apagão aéreo", afirmou. A entidade representa 80% da rede hoteleira do Estado, com 17.700 leitos.
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, reconhece a existência da crise. Na semana passada, afirmou que o governo já estudava medidas para compensar as desvantagens causadas ao turismo interno pela desvalorização do dólar.
Ela disse ter participado de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e entidades do setor. Segundo ela, Mantega recebeu uma pauta de reivindicações que incluía, entre outros pontos, proposta de corte de impostos e a reestruturação da aviação regional.
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