terça-feira, 31 de julho de 2007

Hotéis do NE vêem queda de 30% com câmbio e crise aérea

Folha de São Paulo (para assinantes)

Diante de demanda abaixo da esperada durante as férias de julho, empresários do setor apontam risco de demissões

Rede hoteleira da Bahia registra ocupação de 55%, contra média de 70% no mesmo período do ano passado, diz associação

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A rede hoteleira nos principais pólos turísticos do Nordeste registrou em julho um movimento até 30% abaixo do esperado. A desvalorização do dólar diante do real e o caos aéreo no país são apontados pelos empresários do setor como os responsáveis pela crise.

Na Bahia, o presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis) estadual, Ernani Silveira Bettinati, vê risco de desemprego no setor. "Há uma queda acentuada no fluxo turístico desde o acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado", afirma.

Segundo Bettinati, o problema se intensificou com a desvalorização do dólar e se consolidou após o acidente com o Airbus da TAM, no último dia 17.

"Não sei o que foi pior", declarou, sobre o impacto do caos aéreo e da valorização do real no turismo local. Em julho, disse o dirigente baiano, o percentual de ocupação nos hotéis do Estado ficou em 55%, 15 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período em 2006. Formada por 192 mil leitos em 72 mil estabelecimentos, a rede hoteleira da Bahia gera 600 mil empregos diretos e indiretos.

Em Pernambuco, o fluxo de turistas neste mês ficou cerca de 30% abaixo do esperado na região de Porto de Galinhas (a 60 km ao sul de Recife), principal destino dos visitantes que buscam lazer no Estado.

O presidente da Abih de Pernambuco, José Otávio de Meira Lins, responsabiliza principalmente a cotação do dólar pelo problema. "Para o turismo de lazer do Nordeste, a questão do dólar tem reflexos mais graves que o acidente aéreo", afirmou. "Os turistas preferem viajar para o exterior ou embarcar em navios", disse.

Para tentar compensar as perdas, afirmou Lins, os hoteleiros pernambucanos têm buscado ampliar o mercado regional, que já representa 47% do fluxo de turistas no Estado.

"Trabalhamos num raio de mil quilômetros de Recife. A estratégia é ampliar uma fatia do mercado que não está preocupada com o dólar e pode viajar de carro, se for preciso."

Baixa ocupação
No Ceará, a baixa ocupação hoteleira em 2007 repete o desempenho de 2006, com 69% dos leitos ocupados. Em anos anteriores, no mês de julho a ocupação chegava a 95%.

Para o presidente da Abih do Ceará, Manoel Linhares, o problema está no setor aéreo. "Em 2006, era a Varig, que se dissolveu, reduzindo o número de vôos. Agora, o apagão aéreo", afirmou. A entidade representa 80% da rede hoteleira do Estado, com 17.700 leitos.

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, reconhece a existência da crise. Na semana passada, afirmou que o governo já estudava medidas para compensar as desvantagens causadas ao turismo interno pela desvalorização do dólar.

Ela disse ter participado de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e entidades do setor. Segundo ela, Mantega recebeu uma pauta de reivindicações que incluía, entre outros pontos, proposta de corte de impostos e a reestruturação da aviação regional.

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