Rede hoteleira perde 25% de ocupação. Marta leva queixas do turismo ao Conac
O Estado de São Paulo (para assinantes)
Maior queda no período de férias, de 30% a 40%, foi no Nordeste
Márcia De Chiara
A rede hoteleira nacional encerrou as férias de julho com queda de 25% em média de ocupação, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). A região mais afetada foi o Nordeste, onde o recuo oscilou entre 30% e 40%, seguido pela Região Norte, com queda de 22% a 28% e a Centro-Oeste, onde a retração na ocupação variou entre 10% e 12%. O menor índice de queda foi registrado nas redes hoteleiras do Sul e do Sudeste, de 8% a 10%.
“Há resorts do Nordeste que demitiram cerca de 20% dos seus quadros”, afirmou o presidente da ABIH, Eraldo Alves da Cruz. A entidade reúne mais de 2 mil hotéis que, juntos, têm disponibilidade para atender 150 mil apartamentos.
Cruz lembra que a crise no setor começou em julho do ano passado, com o colapso na Varig, e se agravou com o acidente da Gol, em setembro. De lá para cá, o caos aéreo se intensificou e atingiu o ápice com o acidente da TAM, no dia 17.
Na semana do acidente com o avião da TAM, a ocupação nos 62 hotéis da rede Atlantica Hotels caiu 20%. Na segunda semana após a tragédia, o recuo foi de 15% e agora a ocupação já está retornando ao patamar normal, diz o vice-presidente da rede, Rafael Guaspari.
Além da crise aérea, Cruz pondera que a concorrência dos navios de cruzeiros e a queda na cotação do dólar também são fatores que contribuíram para a redução da ocupação na rede hoteleira ao longo deste ano.
PACOTES
As agências de viagens confirmam a retração. De janeiro a julho, a queda nas vendas de pacotes nacionais foi de 25% em relação ao mesmo período de 2006, enquanto os pacotes internacionais registraram acréscimo de 10% a 15%, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav).
“No Nordeste, o prejuízo foi muito grande”, afirmou o diretor de Assuntos Internacionais da Abav, Leonel Rossi Júnior. Ele argumentou que, para reverter a crise no setor, a ampliação das vendas de pacotes turísticos rodoviários é limitada.
A saída para as agências de viagens, segundo o executivo, é aumentar os negócios com pacotes internacionais e cruzeiros marítimos. “Cerca de 60% dos cruzeiros marítimos para o próximo verão já estão vendidos”, afirma.
Neste ano, virão para a costa brasileira 14 navios que devem transportar 350 mil passageiros durante a temporada. No ano passado, foram 11 navios e 300 mil passageiros.
CRISE
20% dos funcionários
de alguns resorts nordestinos foram demitidos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)
15% foi o aumento
nas vendas de pacotes internacionais de janeiro a julho, ante o mesmo período de 2006, de acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens
Marta leva queixas do turismo ao Conac
Isabel Sobral
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, levou para a reunião do Conselho de Aviação Civil (Conac) a reclamação dos empresários do setor de turismo com relação às perdas de receita e faturamento, em razão da crise aérea, e também sobre a falta de respeito aos passageiros, nos aeroportos. A ministra admitiu que o segmento mais afetado, até o momento, é o de hotéis, particularmente no Nordeste, que informaram ter perdido no último mês 25%. Mas a ministra não soube precisar se essa perda é relativa a receita, movimento ou faturamento bruto. 'O setor foi duramente afetado e temos de levar em conta que ele emprega 2 milhões de pessoas formalmente e outros 6 milhões informalmente.'
Na sexta-feira entidades ligadas ao turismo se reuniram com ela para repassar os prejuízos do setor, após o agravamento da crise aérea. Marta Suplicy destacou que houve uma ênfase dessas entidades com relação ao respeito aos horários nos aeroportos. 'O setor prefere que haja menos passagens, se esse for o resultado da reestruturação da malha aérea, mas acredita que é melhor o passageiro ter a certeza de que embarcará no horário acertado em outro dia', disse a ministra.
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