Governo dá explicação para gafe na abertura do Pan
Agencia Estado
RIO - "Houve um desencontro de informações entre os cerimoniais". Esta é a justificativa do Planalto para a desistência do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que titubeou e viu o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, anunciar de forma oficial a abertura dos XV Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, anúncio que, desde a primeira edição dos Jogos, em 1951, era feito pelos presidentes dos países anfitriões.
Incomodado com as vaias, Lula passou a cerimônia com a fisionomia fechada. O constrangimento foi tanto que o presidente se recusou, num primeiro momento, a fazer a declaração de abertura oficial dos jogos. Convencido por assessores a abrir o evento, Lula pediu, então, o microfone, mas foi atropelado pela declaração feita por Nuzman, que não fora avisado que o presidente, depois de recusar, mudara de idéia.
"Foi uma precipitação da assessoria do presidente, que avisou que ele não faria a declaração", afirmou o prefeito do Rio, César Maia (DEM). "Uma confusão que criou um constrangimento muito grande", completou Maia. Lula chegou a levantar e ficar de frente para o microfone, com um papel que lhe foi entregue por sua assessoria, mas, ao ser surpreendido pela declaração de abertura do Pan pelo presidente do COB, abriu os braços fazendo um gesto que não entendia o que estava acontecendo e foi se sentar.
As vaias ao presidente foram dadas todas as vezes que seu nome foi citado no microfone do Maracanã, ou sua imagem mostrada no telão, durante a abertura dos XV Jogos Pan-Americanos. A partir da quarta vaia, no entanto, os convidados que lotavam a tribuna de honra do estádio resolveram reagir e puxaram uma salva de palmas para o presidente, que foi seguida por muitos, dividindo, o Maracanã, então, entre vaias e aplausos.
"Para mim me pareceu coisa orquestrada. Era só observar de onde vinha e dava para perceber que era uma coisa organizada", declarou o ministro dos Esportes, Orlando Silva, sem explicar quem teria organizado as vaias a Lula. O governo federal bancou R$ 1,8 bilhão dos custos dos jogos, orçado em R$ 3,7 bilhões. Lula em momento nenhum quis falar com a imprensa e se recusou a responder se estava chateado com os protestos, quando deixava o Maracanã.
Na quarta-feira, durante o ensaio geral da abertura dos jogos, o mesmo fato já havia ocorrido. Todas as vezes que o nome do presidente era citado, vaias ocorriam. Pela manhã, no entanto, um contraste. Ao ser recebido, na Vila Pan-Americana, por 100 voluntários convidados, o clima era muito diferente. O presidente Lula foi recebido com gritos de "olê olê olá Lula Lula", jingle que marcou suas campanhas eleitorais. De traje esportivo, vestindo o agasalho oficial do Pan, o presidente Lula e D. Marisa visitaram as instalações da Vila Pan-Americana. Ao conhecer a sala de ginástica, o presidente brincou com os atletas, mostrando sua forma física, ao ensaiar exercícios em uma esteira e em outro aparelho. Lula tirou fotos, deu autógrafos, conversou com os esportistas, mas não quis falar com a imprensa.
Muito assediado, o presidente acabou desistindo de almoçar no refeitório com os atletas, preferindo ir para o Hotel Sofitel, em Copacabana, frustrando os planos dos ginastas Daniele e Diego Hypólito, e Daiane dos Santos que, ao saber que Lula não participaria mais do almoço, foi até a entrada do restaurante para cumprimentá-lo e tirar fotos.
À tarde, de terno e gravata, Lula assistiu da tribuna de honra a toda a cerimônia de abertura oficial dos Jogos, aplaudindo cada uma das delegações. O presidente se esmerou, inclusive, ao aplaudir e tentar se contrapor às estrondosas vaias que o público deu à delegação dos Estados Unidos, quando foi anunciado que ela iniciava seu desfile.
Na solenidade de abertura dos jogos, Lula estava acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, que vestia um tailler verde e amarelo e usava uma bolsa com a bandeira do Brasil desenhada. Também estavam presentes o vice-presidente, José Alencar, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, Tarso Genro, da Justiça, Orlando Silva, dos Esportes, e Samuel Pinheiro Guimarães, interino das Relações Exteriores. Mas a cerimônia foi pouco prestigiada pelas autoridades estrangeiras. Apenas três chefes de Estado e três chefes de governo compareceram: do Panamá, Honduras, do Canadá, de Antigüa e Barbuda, das Antilhas Holandesas e de Aruba. Nem mesmo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que estava sendo esperado, não compareceu.
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