"Presidenta"
É bom se acostumar, sim!
Cristina Kirchner tem razão em exigir o uso do termo presidenta e não é brincadeira, nem autoritarismo, nem chilique. É parte do longo processo no qual as mulheres pioneiras abriram o caminho para reduzir a desigualdade de gênero.
Não é uma questão só de gramática, a linguagem evolui e se enriquece com a própria evolução da sociedade, mas os adversários desta evolução no sentido da igualdade entre os dois componentes do gênero humano se camuflam também na ironia ou na lingüística.
Trata-se de introduzir a feminilidade na política, pondo as mulheres em pé de igualdade com os homens, numa esfera em que a dominação do gênero é notória e até introjetada como "natural" por uma parte do eleitorado, incluso feminino.
Cristina exige termo 'presidenta'
O Estado de São Paulo
Ela rejeita documentos com outra grafia
“Presidenta! Comecem a se acostumar. Presidentaaa...e não presidente!” Era desta forma, esticando a letra “a” para destacar a feminilidade da palavra, que a então candidata presidencial argentina Cristina Kirchner deixava claro, em seus comícios de campanha, que faria questão de ser chamada de “presidenta” se vencesse as eleições presidenciais.
Na época, políticos e funcionários públicos consideraram que as declarações da então primeira-dama não passavam de uma brincadeira. No entanto, desde que assumiu o governo em dezembro, a decisão de Cristina fez com que a Casa Rosada - sede da presidência argentina - rejeitasse no último mês mais de 300 documentos que a chamavam de “presidente”.
No final de 2008, a Argentina completará 25 anos da volta à democracia e, pela primeira vez em sua História, é governada por uma mulher eleita nas urnas. Embora o país esteja longe de estar em uma situação de igualdade dos sexos, a presença de mulheres na estrutura do poder político aumentou de forma gradual e persistente. Dessa forma, nas últimas eleições, o tradicional machismo argentino deu sinais de que está encolhendo, já que 68% do eleitorado votou em mulheres.
Gramáticos indicam que “presidente” está correto, mas que, por questões de costume, nos últimos anos, a palavra “presidenta” tornou-se aceitável. Analistas políticos, porém, afirmam que a insistência fora do comum de Cristina com a palavra é mais uma amostra do autoritarismo do casal Kirchner do que uma preocupação gramatical.
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