domingo, 27 de janeiro de 2008

ALERTA AMARELO: A GLOBO NOS TEMPOS DA DENGUE E DO APAGÃO ELÉTRICO

Do Blog Vi o mundo de Luiz Carlos Azenha

Atualizado em 21 de janeiro de 2008 às 13:26 | Publicado em 21 de janeiro de 2008 às 13:22



Um leitor deste site deixou nos comentários um texto publicado pelo jornal O Globo em editorial depois da fala do ministro José Gomes Temporão na TV: "As palavras tranqüilizadoras do ministro José Gomes Temporão sobre a febre amarela em cadeia nacional na noite de domingo, tem contra si a baixa credibilidade do governo. Se tantas vezes anunciaram que o apagão aéreo havia acabado, e não era verdade, porque não fariam a mesma coisa com a febre amarela?, pode-se perguntar o brasileiro ressabiado. Diante da maré de descrença, resta a Brasília abastecer postos de saúde com vacinas e não sonegar qualquer informação sobre o que acontecer com a doença."

Ou seja, como lembrou o leitor, eu interpreto esse texto como clara convocação para TODA A POPULAÇÃO se vacinar, apesar de especialistas - de dentro e de fora do governo - terem dito o contrário. Notem que não há nenhum alerta, nenhum porém. O governo, segundo o jornal, deve abastecer os postos de saúde de vacinas. E ponto.

Agora analisemos a lógica do jornal das Organizações Globo. O brasileiro iria se vacinar levado pela suposta "maré de descrença" em torno do governo. Mas as pesquisas, que são ainda o melhor método de avaliar o estado de espírito da opinião pública, não demonstram "maré de descrença", pelo contrário, a aprovação do governo tem sempre estado acima de 50% de ótimo e bom. Existe, sim, maré de descrença de uma parcela minoritária da população brasileira em relação ao governo, por diversos motivos. Um deles, talvez o principal, é que jornais como O Globo e emissoras de televisão como a TV Globo PROMOVEM a maré para tentar afogar o governo. As famílias Civita, Marinho, Mesquita e Frias, para falar de apenas algumas, se comportam como alas de um mesmo partido político cujo objetivo é impor à maioria dos brasileiros seus interesses políticos e econômicos. Promovem a polarização da opinião pública e uma campanha em que mentem, omitem, distorcem e manipulam informações.

Falo não de ouvir dizer. Falo como testemunha. Quando eu trabalhava na TV Globo do Rio de Janeiro e houve a epidemia de dengue, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e tendo como ministro da Saúde José Serra, a ordem era ajudar a população a combater o mosquito transmissor da doença, com reportagens didáticas quase diárias no Jornal Nacional. Eu mesmo fiz várias destas reportagens em subúrbios do Rio de Janeiro, ensinando a população a colocar uma gota de água sanitária nos vasos, se livrar de pneus velhos e de água parada. Fiz as reportagens com prazer, já que acho que essa é UMA das obrigações de uma concessão pública de televisão, a de prestar serviços à população.

Lembro também, como testemunha, do apagão elétrico durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Também neste caso, a ordem era ensinar a população a colaborar com a economia de energia. Eu mesmo fiz várias reportagens a respeito, demonstrando como o chuveiro elétrico era coisa do passado. O único eletrodoméstico sobre o qual era proibido falar, para efeito de comparação de gastos de energia com os demais, era a televisão. Aparentemente, a Globo tinha medo de que as pessoas decidissem economizar energia deixando de ver a novela.

Não acredito que o papel de uma emissora de televisão, pública ou privada, seja a de promover os governos de ocasião. A crítica é essencial. E nos dois episódios citados acima ela aconteceu nos telejornais da TV Globo. O que me espanta, agora, é ver que as Organizações Globo, conforme expresso no editorial do jornal O Globo, abandonaram completamente o bom senso jornalístico, suprimiram o contraditório e ajudam a criar a tal maré de descrença que, em seguida, é usada para justificar o comportamento irresponsável - alguns diriam criminoso - de "incitar" a população a tomar indiscriminadamente uma vacina que tem o potencial de matar.

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