quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Alckmin e Kassab vão sair do armário

Blog de Josias

DEM se dispõe a apoiar chapa Serra-Aécio em 2010

Em troca do apoio a Kassab, partido abre mão da vice


Oferece também apoio a Alckmin na sucessão estadual

Sérgio Lima/Folha
A direção do DEM joga pesado para obter o apoio do PSDB à candidatura de Gilberto Kassab na eleição municipal de 2008. Promete compensar o tucanato paulista com extrema generosidade nas disputas pelo Planalto e governo de São Paulo, em 2010.

Para a sucessão de Lula, o DEM se dispõe a apoiar o governador tucano José Serra sem exigir a vaga de vice. Em reserva, os ‘demos’ sugeriram a Serra a formação de uma chapa presidencial “puro sangue”, com o também tucano Aécio Neves na posição de candidato a vice.

Na eleição do futuro governador de São Paulo, o DEM promete apoio irrestrito a Geraldo Alckmin (PSDB). Nesta quarta-feira (23), Jorge Bornhausen, ex-presidente do DEM, terá um encontro com Alckmin. Tentará demovê-lo da idéia de disputar a prefeitura, facilitando a composição em torno de Kassab.

Em diálogos que manteve com líderes do DEM, Serra tratou com naturalidade a possibilidade de figurar na cédula de 2010 ao lado de Aécio. Discorreu sobre o tema como se a hipótese já figurasse nos seus planos. Disse que é coisa para ser tratada mais adiante, não agora.

No momento, Serra concentra-se na costura de uma aliança tucano-democrata em torno de Kassab. Informou ao DEM que fará o que estiver ao seu alcance para pôr o acerto de pé. Disse, porém, que a evolução do entendimento depende da concordância de Alckmin, com quem planeja conversar depois do Carnaval.

Privadamente, lideranças do DEM e do próprio PSDB acham que Serra falhou no seu relacionamento com Alckmin. Em vez de abrir espaço para aliados do ex-governador na administração estadual, fechou as portas e afastou-se dele. Sugere-se que busque uma reaproximação.

Ainda que consiga arrancar Alckmin do caminho de Kassab, Serra terá muito a alinhavar se quiser de fato transformar Aécio Neves, hoje tão presidenciável quanto ele, em mero candidato a vice. Por enquanto, o maior aliado do governador de São Paulo, além do DEM e de FHC, é a pesquisa de opinião.

Na última sondagem do Datafolha, divulgada em 1º de dezembro de 2007, Serra figurava como líder em todos os cenários montados pelo instituto. Ciro Gomes (PSB) aparecia em segundo, sempre à frente dos candidatos do PT. Trocando-se o nome de Serra pelo de Aécio, Ciro assume o primeiro lugar. E o PSDB desce para o terceiro. Aécio fica atrás de Heloísa Helena (PSOL).

Montou-se também um cenário em que Serra e Aécio concorrem entre si. Nessa hipótese, que dependeria de uma improvável mudança do governador mineiro para outra legenda, Aécio manteve-se na condição de sub-HH. Serra (33%) lidera; Ciro (19%) permanece em segundo; e HH (15%) fica em terceiro. Só então vem Aécio (11%).

Na opinião de dirigentes do DEM, aparentemente compartilhada por Serra, a manutenção desse quadro amoleceria eventuais resistências de Aécio à vice. Não é o que deixa antever a movimentação do governador de Minas. Em São Paulo, Aécio estimula Alckmin a bater o pé. Quanto a Brasília, disse em dezembro, 11 dias depois da divulgação do Datafolha, que se considerava pronto para assumir a candidatura presidencial.

De concreto, tem-se, por ora, apenas o seguinte: para as duas principais legendas da oposição a Lula, a eleição municipal de São Paulo converteu-se na ante-sala de 2010. Serra e Aécio firmaram, em meados do ano passado, um armistício.

Combinaram de deixar as diferenças no armário até a abertura das urnas municipais, em outubro de 2008. A fricção entre Kassab e Alckmin está como que forçando a porta do armário. Que começa a se abrir antes da hora marcada.

Escrito por Josias de Souza

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