quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Mistério de Capa e mala

Sitio de Sergio Leo


A matéria é do New York Times, mas quem deu destaque a ela aqui foi o nunca suficientemente louvado Caderno 2 do Estadão: acharam "a mala mexicana", três maletas bem danificadas com milhares de negativos do lendário fotógrafo Robert Capa, autor da foto aí acima; e também trabalhos da mulher de Capa, a também excelente fotógrafa Gerda Taro.


Randy Kennedy, o repórter que assina a matéria, diz que os negativos, quem sabe, resolverão definitivamente a dúvida sobre a veracidade da foto do "Soldado Caindo", que, nos anos 70, foi acusada de ser uma armação do fotógrafo, por outro fotógrafo de guerra conhecido de Capa, o sul-africano O.D. Gallagher, correspondente do London Daily Express durante a Guerra Civil Espanhola, onde o soldado acima encontrou uma via expressa para a sala de estar do Criador.


A acusação de cascateiro contra Capa foi posta em letra de forma pelos escritor Phillip Knightley num livro de 1975 sobre os correspondentes de guerra e seu trabalho como propagandistas e/ou mitificadores. Mas quem conta isso tudo é o Richard Whelan, neste blogue para amantes da fotografia, AQUI, em que ele defende a veracidade da fotografia do Capa, com fartos argumentos e outras imagens do mito.


O Kennedy reproduzido no Estadão parece não conhecer esses argumentos em defesa de Capa. mas, à parte esse pecado, contou com charme a descoberta dos negativos:


"Para o pequeno grupo de especialistas em fotografia ciente de sua existência, ela era simplesmente ''''a mala mexicana''''. E, no panteão dos tesouros culturais modernos perdidos, o objeto possuía a mesma aura mítica dos primeiros manuscritos de Hemingway, que sumiram de uma estação de trem em 1922. A mala - na verdade, um conjunto de três frágeis valises de papelão - continha milhares de negativos de fotos que Robert Capa, um dos pioneiros da fotografia da guerra moderna, fez durante a Guerra Civil Espanhola antes de fugir para os Estados Unidos em 1939, deixando para trás o conteúdo de sua câmara escura em Paris.


Capa supôs que o trabalho fora perdido na invasão nazista - e continuou pensando assim até 1954, quando morreu no Vietnã. Em 1995, no entanto, começou a circular a notícia de que os negativos haviam de algum modo sobrevivido, depois de fazer uma viagem digna de um romance de John le Carré: de Paris a Marselha e então para a Cidade do México, nas mãos de um general e diplomata mexicano que servira sob Pancho Villa.E foi lá que eles permaneceram escondidos por mais de meio século, até o mês passado - quando fizeram mais uma viagem, provavelmente a última, até o Centro Internacional de Fotografia em Manhattan, fundado pelo irmão de Robert Capa, Cornell. Depois de anos de negociações discretas e intermitentes sobre o lar adequado dos negativos, sua posse legal foi transferida recentemente para o patrimônio de Capa por descendentes do general, entre eles um cineasta mexicano que viu o material pela primeira vez nos anos 90 e logo percebeu a importância histórica do que sua família tinha em mãos.

'''Este é realmente o Santo Graal da obra de Capa'''', disse Brian Wallis, principal curador do centro.""


O resto do texto indica que ainda ouviremos falar muito dessa mala mexicana, que vai virar até documentário. AQUI. A Folha publicou material da France Press. Fraquinho, fraquinho. O Globo, sempre batendo continencia à indústria cultural, pegou outra matéria do Times, sobre um ator shakespeariano que andou fazendo seriados de ficlção científica e agora voltou aos palcos. Fica difícil criticar o Globo, o cara é Patrick Stewart, que faz o capital Picard, do Jornada nas Estrelas. Se eu falar mal, é capaz de os fãs mandarem um esquadrão para me fritar em raios laser.
posted by Sergio Leo

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Fotos inéditas de Robert Capa

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