sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Morre o enxadrista americano Bobby Fischer

O Globo Online

Bobby Fischer (dir.) enfrenta o seu maior rival, o russo Boris Spassky, na Iugoslávia, em 1992. A partida mudaria totalmente a sua vida - Reuters

RIO - Um dos maiores enxadristas da História, o americano Bobby Fischer, morreu nesta sexta-feira aos 64 anos de idade. Fischer, que tinha QI superior a 180, vivia na Islândia, país que, em 2005, concedeu-lhe cidadania após 8 meses de prisão no Japão. Fischer corria o risco de ser extraditado para os Estados Unidos e ser condenado a dez anos de prisão por ter disputado uma partida com o russo Boris Spassky na antiga Iugoslávia, em 1992, apesar das sanções de seu país contra Belgrado.

Robert "Bobby" James Fischer, nasceu em Chicago a 9 de março de 1943. Filho de pai judeu-alemão e mãe americana, Fischer aprendeu xadrez com a irmã mais velha quando tinha 6 anos. Quando se mudou para Nova York, ele começou a desenvolver o potencial que o consagraria definitivamente em todo o mundo em 1972, após derrotar a lenda russa Spassky, após 24 partidas em Reykjavik, capital islandesa.

" O xadrez é como uma guerra sobre um tabuleiro "

Os inimigos de Fischer asseguravam que debaixo da cadeira giratória que o enxadrista usava havia um computador que o ajudava e, assim, explicava o porquê de o americano ter tomado a liderança do duelo do século.

Os partidários da tese do computador se sentiram mais fortalecidos depois que, em um determinado momento do confronto, Fischer exigiu que não houvesse no recinto câmeras de TV. O jogador argumentou que ela o impediam de se concentrar.

Mas o estilo inovador e agressivo de Fischer, que ganhou notoriedade em plena Guerra Fria, triunfou e serviu como inspiração para uma legião de jogadores profissionais e amadores ao redor do mundo.

Em eleição feita em 2000 pelo principal periódico internacional de xadrez, o "Sahovski Informator", Fischer foi considerado pelos grandes mestres como o melhor jogador do século XX, à frente de Garry Kasparov.

Em 1993, o "Jogada inocente - à procura de Bobby Fisher" (Searching for Bobby Fisher), baseado em fatos verídicos, retrata a busca de um novo mestre do xadrez americano depois de Fischer ter abandonado o país e as competições. O filme tem no elenco Joe Mantegna, Ben Kingsley e Joan Allen.

Fischer em frases:

"Não sou um computador como os outros querem pensar. Botvinnik disse uma vez que calculo melhor que os demais, que sou uma máquina, um homem prodígio e tambem fui uma criança prodígio. Aqui não há prodígio algum. Sou meramente um homem, mas um homem extraordinário. Estudo e aprendo cada dia mais e mais, um dia hão de ser meus o carro mais caro e a casa mais bonita. Nos EUA não há ninguém que possa se comparar comigo. Fui campeão nacional sete vezes o que começa a ser fatigante. Aos 14 anos fui campeão nacional, com 16 "grande mestre", com 27 anos sou o melhor do mundo e com 28 serei declarado oficialmente campeão mundial. Meu objetivo é que ninguém no planeta saiba "mexer as peças" melhor do que eu!"

"O xadrez é como uma guerra sobre um tabuleiro."

"Eu dou 98% da minha energia mental ao xadrez. O restante fica apenas com 2%."

"Eu jogo honestamente e jogo para vencer. Se perco vou tomar meu remédio."

"Você não aprende nada na escola. É simplesmente uma perda de tempo (...) As professoras são estúpidas. Não deveria haver mulheres lá. Elas não sabem como ensinar (...) As professoras são mais estúpidas que as crianças. Metade delas é louca. Se tivessem me deixado eu teria deixado a escola quando tinha 16."

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