A Taxa de emprego dos BRICs cresce a um ritmo superior a dos países da OCDE
Estudo elaborado pela OCDE sobre emprego, publicado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), mostra que o crescimento do emprego nos quatro países chamados Brics (Brasil, China, India e Rússia) atinge taxas bem superiores a dos países mais desenvolvidos.
Carta IEDI nº 274 - O Mercado de Trabalho dos BRICs
As quatro maiores economias em desenvolvimento - Brasil, China, Índia e Rússia, conhecidas como BRICs - vêm ampliando sua importância na economia mundial desde a década de 1990. O peso desse grupo que já responde, atualmente, por mais de 25% do PIB mundial, medido em paridade do poder de compra, deve aumentar ainda mais nos próximos anos, em virtude da rápida e forte expansão, sobretudo, da China e Índia.
Como a manutenção de uma trajetória sustentada de crescimento dos BRICs tornou-se crucial para os países da OCDE, com o avanço da globalização e das transações comerciais e financeiras, o comportamento recente do mercado de trabalho nesse grupo de países foi examinado na última edição relatório OECD Employment Outlook.
Dada a relevância do funcionamento do mercado de trabalho e de seus avanços em termos da produtividade e qualidade da mão-de-obra para o crescimento econômico, o estudo compara os mercados de trabalho dos BRICs com os da OCDE, procurando indicar áreas que necessitam de aperfeiçoamento.
Ressaltando a difícil comparabilidade internacional dos dados de emprego, o estudo mostra que o rápido crescimento econômico dos BRICs no período recente (2000-2005) se traduziu na criação anual líquida de novos postos de trabalho da ordem de 22 milhões, considerando os quatro países. Essa expansão foi mais de cinco vezes superior a verificada em toda a área da OCDE ao longo do mesmo período. Em conseqüência, as taxas de emprego subiram no Brasil, Rússia e Índia e manteve-se alta na China, com reflexos positivos para a redução da pobreza. As taxas de emprego acima de 76% no Brasil e China (área urbana) superavam à média da OCDE em 2005 (72,3%).
O Brasil é o único país do grupo dos BRICs que apresenta elevada elasticidade do emprego em relação ao PIB (1,2 no período 2000-2004). Na China e na Índia, que possuem enorme contingente de população jovem, dadas as baixas elasticidades do emprego (respectivamente, 0,1 e 0,3), será preciso manter a trajetória de rápido e forte crescimento para absorver o número relativamente elevado de jovens que chegarão ao mercado de trabalho nos próximos anos.
A despeito da ampliação do emprego, as taxas de desemprego permanecem elevadas em todos os quatro países, embora relativamente sejam mais altas no Brasil (9%), Rússia (7,9%) e China (8,3% na área urbana) do que na Índia (6,0% na área urbana). È provável que essas taxas sejam na realidade ainda mais elevadas. Na China, estatísticas oficiais de desemprego urbano não consideram como desempregados os trabalhadores demitidos das empresas estatais. Em paralelo, no Brasil, Índia e Rússia, o subemprego permanece alto e atinge mais as mulheres nos dois primeiros países e os trabalhadores mais velhos no último.
Um outro importante desafio que, segundo a OCDE, três dos BRICs precisam enfrentar é o elevado índice de informalidade. O emprego no setor informal representa 45% do emprego total no Brasil, 53% na China e mais de 90% na Índia. A persistência de elevada informalidade no mercado de trabalho, não obstante, o rápido crescimento econômico, indicaria barreiras estruturais à transição para o mercado de emprego formal. Na Rússia, as estimativas disponíveis indicam que a informalidade é muito menor do que a observada nos demais países do grupo e situa-se em nível semelhante ao dos países da Europa Central e do Leste.
Contrariando os prognósticos da teoria convencional de comércio internacional, a maior integração dos BRICs na economia mundial não se traduziu na elevação dos salários dos trabalhadores menos qualificados. As desigualdades salariais se ampliaram na última década na China e na Índia, permanecendo altas no Brasil e na Rússia.
No médio prazo, um desafio que os BRICs terão de enfrentar reside na melhoria significativa da qualificação dos trabalhadores, uma vez que, à exceção da Rússia, esses países apresentam atualmente níveis educacionais inferiores ao da média da OCDE. Todavia, em todos esses três países, e em especial na China, o nível educacional está se elevando rapidamente.
Nas próximas duas décadas, a composição da força de trabalho deve se alterar de forma considerável, com ampliação do peso dos trabalhadores mais velhos. Essa tendência resulta tanto de taxas de fertilidade mais baixas como do aumento da longevidade. Como conseqüência, o taxa de crescimento da força de trabalho diminuirá pela metade no Brasil nos próximos quinze anos em comparação com quinze anos anteriores. Para a China, as previsões são de estagnação, enquanto para a Rússia as estimativas apontam para a contração da força de trabalho.
Maiores detalhes sobre o estudo são apresentados aqui
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