Sob determinação de Lula, aliados fazem jantar para discutir alianças para 2008
Ilimar Franco - O Globo
BRASÍLIA. Os presidentes e líderes dos 11 partidos que apóiam o governo Lula participam de um jantar nesta noite para discutir alianças eleitorais nas eleições municipais do ano que vem. O encontro ocorre no apartamento do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e foi convocado por sugestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preocupado com a dispersão dos partidos aliados na disputa eleitoral do ano que vem, com prováveis reflexos em 2010.
O presidente Lula decidiu atuar para impedir que se crie um quadro eleitoral de enfrentamento entre os partidos da base, sobretudo entre o PT e o Bloco de Esquerda, formado por PSB, PDT e PCdoB, com cicatrizes difíceis de ser superadas.
O presidente Lula confidenciou a aliados que não quer que se repita nas eleições municipais o que aconteceu na disputa pela presidência da Câmara, no início deste ano, entre os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que oito meses depois de ocorrida continua uma ferida aberta.
- A iniciativa é positiva. Temos que evitar que os partidos aliados batam de frente nas eleições municipais. Trabalhar numa linha para que no dia 2 de outubro de 2008 pessoas que constroem juntos o governo Lula não se sintam impossibilitados de sentar na mesa e tratar de 2010 - disse o líder do PT, deputado Luiz Sérgio (RJ).
A conversa desta noite, conforme Temer, seria apenas o pontapé inicial desse diálogo. O pemedebista avalia que essa iniciativa é diferente da fracassada tentativa do PT e do PMDB de lançarem, em 2004, alguns candidatos comuns nas capitais. De lá para cá, o PT apanhou muito e isso teria feito o partido ficar mais aberto e flexível às alianças e a apoiar cabeças de chapa de outros partidos governistas.
- O mundo era outro naquela época. Não existia a coalizão que hoje governa o Brasil nem estávamos tão próximos como estamos agora com o funcionamento do Conselho Político - afirmou Michel Temer.
Apesar do discurso, as articulações em curso revelam que os governistas estão longe de uma unidade mínima. Nas duas principais capitais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, a base aliada trabalha com várias candidaturas. Em São Paulo, o PT tem os nomes da ministra Marta Suplicy e o do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia; o PCdoB vai sair com Aldo Rebelo; o PSB tem a deputada Luiza Erundina; e o PDT o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
No Rio de Janeiro, o PMDB trabalha para fazer o vice-governador Luiz Fernando de Souza Pezão seu candidato; no PT a principal articulação é em torno da ex-governadora Benedita da Silva; o PCdoB tem a ex-deputada e secretária da Saúde de Niterói, Jandira Feghali.
O quadro de proliferação de candidaturas governistas para um mesmo cargo se repete em outras capitais. Em Porto Alegre a base aliada já tem três candidatos: Manuela D'Ávila (PCdoB), Vieira da Cunha (PDT) e Miguel Rossetto ou Maria do Rosário (PT). Em Salvador os nomes são: o profeito João Henrique Carneiro (PMDB), Nelson Pelegrino (PT), Lídice da Mata (PSB) e Alice Portugal ou Olívia Santana (PCdoB).
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