Crescimento global pode ser revisto por crise, diz Rato do FMI
SÃO PAULO - O Fundo Monetário Internacional (FMI) poderá revisar para baixo sua projeção de 5% para o crescimento mundial em 2007, em função da crise recente nos mercados financeiros, admitiu nesta quarta-feira o diretor-gerente do órgão, Rodrigo de Rato, durante coletiva de imprensa realizada na capital paulista. - É possível (uma correção na previsão), mas não de uma maneira dramática. Pode ser ligeiramente (corrigida). Ainda assim será o sexto ano de crescimento seguido - afirmou Rato.
" O Brasil estaria em uma boa situação devido a ajustes macroeconômicos positivos "
- A crise financeira mundial poderá ter como resultado positivo a melhoria nos critérios de avaliação de risco das operações - acrescentou.
Como exemplo, o dirigente citou as operações de arbitragem de juros, pela qual os investidores tomam recursos a juros irrisórios em países desenvolvidos e os aplicam nas economias emergentes, onde as taxas são bem maiores.
Apesar do alerta, Rato admitiu que as inovações financeiras - como as operações de securitização de recebíveis - e a globalização dos mercados tiveram grande importância no crescimento mundial dos últimos anos.
O chefe do FMI participa esta noite da abertura do 3o Congresso Internacional de Derivativos e Mercado Financeiro em Campos do Jordão. Amanhã, segue para Brasília, onde vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antes de ir para o Chile.
Rato diz que Brasil é exemploNa avaliação de Rato, a economia mundial mantém uma "boa marcha" e o Brasil é um bom exemplo disso. Segundo ele, em termos de crescimento o Brasil está em uma boa situação, o que demonstraria que os ajustes macroeconômicos feitos pelo país nos últimos anos foram positivos.
- Estabilidade macroeconômica não é supérflua em uma economia globalizada - disse ele.
Mais cedo, o segundo na hierarquia do FMI, John Lipsky, havia dito que os mercados emergentes estão lidando bem com esse desafio por ora, mas acrescentou que seria otimismo demais assumir que esse tumulto não terá influência.
- Seria tolo assumir que eles (mercados emergentes) estão imunes de algumas restrições sérias nos mercados desenvolvidos, mas a habilidade deles de lidar com essas restrições pode ser melhor do que no passado - comentou Lipsky.
Diretor-gerente aprova intervenções dos BCsRato considerou adequadas as ações tomadas pelos bancos centrais de diversos países para tentar solucionar os problemas nos mercados de crédito, provocados pela crise no setor imobiliário norte-americano.
- As ações dos bancos centrais foram adequadas e eficientes - afirmou o espanhol.
Para ele, os efeitos da atual crise serão distintos nos países e também deverão provocar uma nova avaliação dos riscos por partes dos agentes do mercado financeiro.
" FMI diz que é tolice assumir que os países emergentes estão imunes à crise "
Apesar da maior tranquilidade verificada nos últimos dois dias, Rato declarou que ainda é muito cedo para se tirar conclusões definitivas sobre a dimensão da crise e seus efeitos.
- Não será surpreendente um certo efeito sobre o crescimento (mundial) e sobre valorização de risco. Temos que ser conscientes de que os riscos aumentaram - afirmou Rato.
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