quarta-feira, 29 de agosto de 2007

EUA sofrem pressão por mais rigor

Estrangeiros querem participar da regulação dos mercados americanos

Agências de classificação de risco dos EUA deram notas positivas para títulos que causaram fortes perdas para investidores globais

DO "NEW YORK TIMES"

O problema no mercado de "subprime" americano (crédito imobiliário para pessoas com histórico ruim de pagamento) e suas conseqüências nas Bolsas mundiais fizeram com que políticos, especialistas em finanças e órgãos reguladores de mercados de fora dos EUA voltassem a cobrar um papel de supervisão nos mercados, bancos e agências de classificação de risco americanos.

O argumento usado pelos defensores da tese é o de que os EUA exportam produtos financeiros, mas as perdas sofridas por investidores em mercados de outros países sugerem que os órgãos reguladores americanos não estão monitorando de maneira adequada esses produtos ou alertando os investidores sobre os riscos.

"Nós precisamos de uma abordagem internacional, e os EUA precisam fazer parte dela", disse Peter Bofinger, que é membro do conselho econômico do governo alemão.

A idéia não é nova e, em outros momentos, não foi bem-vista pelos órgãos reguladores americanos, mas agora, dizem analistas, a Europa e a Ásia têm maior poder de barganha. Os Estados Unidos poderão ter que ceder como uma forma de conseguir negociar normas de controle para os fundos de investimento de governos de outros países, como a China.

O governo do presidente George W. Bush está pressionando o FMI e o Banco Mundial para examinarem o comportamento dos chamados fundos soberanos e desenvolverem possíveis códigos de conduta para eles. Entre as regras propostas, está a obrigatoriedade de revelar seus métodos de investimento e de evitar intervir na política do país anfitrião.

"Os EUA dependem do resto do mundo para financiar sua dívida", disse Bofinger. "Se nossas instituições deixarem de comprar seus produtos financeiros, isso iria prejudicá-los."
Seis órgãos reguladores de bancos e financeiros -como a SEC (a CVM americana) e o Fed (o BC dos EUA)- foram procurados e não quiseram comentar a proposta. Alguns deles ressaltaram que não eram os únicos que supervisionavam o mercado de "subprime".

Bancos e fundos de investimento de distintos pontos do mundo tiveram fortes perdas após comprarem títulos atrelados ao "subprime". Em vários casos, investidores foram pegos de surpresa, pois as agências de classificação do risco deram a esses produtos a nota máxima, o que levava a crer que eles apresentavam risco baixo.

A UE está investigando o papel das empresas de classificação de crédito no caso e apura se agiram com rapidez suficiente para prevenir os investidores quanto aos riscos de investir em títulos de "subprime". Publicado pela Folha de São Paulo

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