quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Indústria cresce 7,2% e puxa PIB no trimestre

Ana Paula Grabois

Valor (para assinantes)

A indústria de transformação foi o motor do crescimento econômico do país no segundo trimestre deste ano. O setor apresentou forte expansão, de 7,2%, após subir 2,7% no primeiro trimestre, de acordo com as Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois de uma alta de 4,4% nos primeiros três meses do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) acelerou o ritmo para 5,4% no segundo trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano passado, na maior taxa desde o segundo trimestre de 2004, quando ficou em 7,5%. Na comparação com o trimestre anterior, em termos dessazonalizados, o PIB aumentou 0,8%.

O governo festejou a 22ª alta consecutiva do PIB (na comparação com igual período do ano anterior), o que consolidaria o mais longo ciclo de crescimento da economia brasileira desde o início dos anos 90.


"A aceleração do crescimento no segundo trimestre deve-se muito à indústria de transformação", disse a gerente das Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Os destaques do setor ficaram por conta dos segmentos de máquinas e equipamentos, automotivo, material elétrico, metalúrgico e de produtos químicos.


"A indústria acelerou o ritmo de crescimento influenciada pelo aquecimento da demanda interna, após meses de reforço no investimento" , avaliou a economista Marcela Prada, da consultoria Tendências . Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Estadual (Iedi), a recuperação dos segmentos mais afetados pelo câmbio valorizado foi importante para o bom resultado da indústria de transformação no segundo trimestre. Em relatório, o Iedi, ressaltou que setores como têxtil, calçados, vestuário e madeira, já saíram do fundo do poço e deixaram de pesar negativamente no PIB.


"A alta da indústria de transformação refletiu positivamente no resultado do comércio e do transporte de cargas, ou seja, nos serviços. Por isso, foi mais importante para o PIB", completou a gerente do IBGE. A expansão mais forte se repetiu nos demais segmentos da indústria, especialmente na construção civil, cujo crescimento chegou a 6,3% no segundo trimestre. Além do aumento do volume de crédito direcionado para a habitação, o IBGE atribui o vigor ao aumento do emprego no setor.


Sob o ponto de vista da demanda, o crescimento econômico brasileiro teve como destaque os investimentos das empresas em máquinas, equipamentos e construção (formação bruta de capital fixo). Os investimentos aumentaram 13,8%, pela 14º trimestre consecutivo, estimulados pelo corte da taxa de juros e maior oferta de crédito. Devido ao bom desempenho, a taxa de investimento em relação ao PIB atingiu 17,7%, a maior taxa para um segundo trimestre desde 2000, quando foi iniciada a série histórica da taxa. "O maior investimento confere sustentabilidade ao crescimento, pois aumenta a capacidade produtiva da economia. As empresas apostam na continuidade do aumento do consumo interno", disse o coordenador das Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto.


Sob o efeito da expansão do crédito e da massa salarial, o consumo das famílias manteve-se em expansão pelo 15º trimestre seguido e cresceu 5,9%. Para a economista do Unibanco Giovanna Rocca embora o resultado do PIB tenha vindo um pouco abaixo do esperado pelo mercado, a economia permaneceu em ritmo de crescimento "robusto", sustentado pela demanda interna aquecida.


Ainda pelo lado da oferta, a indústria extrativa, impulsionada pela produção de minério de ferro, cresceu 5,9%, enquanto a indústria de produção e distribuição de energia elétrica, gás e esgoto apresentou aumento de 6,1% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2006.


O setor de serviços ficou com desempenho ligeiramente abaixo da média da economia, com 4,8% no segundo trimestre. Já a agropecuária apresentou crescimento próximo a zero por conta das safras ruins do café e do arroz. Os técnicos do IBGE afirmam que o setor deve ter maiores crescimentos ao longo do segundo semestre porque o período concentra a maior parte da colheita agrícola.


O coordenador do IBGE diz que as taxas de crescimento do segundo trimestre se aproximaram dos números de 2004, quando o país havia crescido 5,7%, mas com um outro padrão. Em 2004, o país produzia e investia para exportar. Agora, a expansão da economia está ancorada no mercado interno, que além de favorecer os investimentos e a produção, tem estimulado as importações. "Em 2004, a participação do setor externo era maior do que agora. Os fatores que explicam o crescimento em 2007 estão ligados ao consumo interno", disse Olinto. O volume das importações de bens e serviços subiu 18,7% no segundo trimestre do ano. As exportações aumentaram 13%, mas sobre uma base baixa de comparação.

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