Alckmin: Planos até 2014 descartam Planalto
Os planos do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) não passam pelas próximas disputas presidenciais. A tendência é que ele seja o candidato do partido a prefeito de São Paulo, tendo como vice em sua chapa um integrante do Democratas. O nome mais cotado, por ora, é do candidato derrotado ao Senado e atual secretário paulista de Trabalho, Guilherme Afif Domingos (DEM).
Na avaliação de seus aliados, a condição de sem-mandato e a possibilidade de comandar o maior colégio eleitoral em disputa em 2008 são os principais fatores que irão determinar sua decisão.
Em uma eventual vitória de Alckmin em 2008, seu grupo defende que seu mandato deveria ser de seis anos. Ou seja, até 2014, quando ele tentaria retornar ao governo do Estado.
Os interlocutores de Alckmin trabalham com a hipótese de que Serra não deve fazer seu sucessor em 2010, uma vez que os dois principais candidatos internos, o vice-governador Alberto Goldman e o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, chegariam enfraquecidos em suas disputas por poder. Seria a oportunidade de a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), ocupar o cargo. Nesse cenário, ela e Alckmin disputariam o Bandeirantes em 2014.
Os tucanos não acreditam que Marta deva ser candidata a prefeita em 2008. Primeiro, pelo risco de entrar em uma disputa com Alckmin. Recentes pesquisas indicam empate entre ambos na altura dos 35% das intenções de voto. O atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), ainda não teria alcançado dois dígitos. Segundo, por já estar em exercício de um cargo, podendo se manter sob os holofotes até 2010.
Uma questão que se impõe é a aliança com o DEM. O partido não pretende desistir facilmente da candidatura Kassab. Trata-se do cargo político mais importante que a legenda ocupa no país, tanto que há um esforço para tornar conhecido seu nome e alavancar as intenções de voto nas pesquisas. O grupo de Alckmin, porém, pretende chegar a um acordo com os aliados que viabilize uma chapa Alckmin-Afif e garanta a Kassab uma secretaria estadual no governo José Serra (PSDB) para, em 2010, disputar o Senado federal em uma das duas vagas que se abrirão pelo Estado: a de Aloizio Mercadante (PT) e de Romeu Tuma (DEM).
Um outro componente para a consolidação da chapa seria o apoio de Serra a Alckmin. A cúpula do Democratas considera que o tucano tende a apoiar Kassab, um fiel aliado que mantém uma estrutura serrista na prefeitura paulistana e nunca cria problemas ao governador. Diferentemente de Alckmin, que o atropelou no processo de escolha do candidato a presidente do PSDB, em 2006.
Ocorre que, na avaliação dos alckmistas, a eleição de 2008 estará contaminada pela de 2010, e isso favoreceria Alckmin, pois seria mais interessante a Serra uma candidatura de Alckmin em 2008, que teria mais chances de ganhar, do que apostar em Kassab. O motivo é que Alckmin prefeito em 2010 seria um aliado certo do governador no apoio a sua candidatura a presidente da República. Já com Alckmin fora em 2008, poderia haver um afastamento entre ambos que teria por conseqüência a aproximação do ex-governador paulista com o principal adversário interno de Serra, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). (CJ)
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