DEM entra na negociação para tirar Alckmin da disputa em SP
César Felício e Cristiane Agostine VALOR
Aumentou o assédio para que o virtual candidato do PSDB à Prefeitura da São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin saia da disputa municipal deste ano em troca da garantia de que terá a candidatura ao governo estadual em 2010. A proposta nasceu dentro do grupo do PSDB aliado ao governador José Serra e ganhou nos últimos dias o apoio da cúpula nacional do DEM.
Por meio do ex-presidente da sigla, o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), o partido teria garantido a Alckmin e a Serra que aceitaria se comprometer desde já com o apoio a Alckmin para o governo estadual. As reuniões foram realizadas no fim do ano passado. Também teriam participado das conversas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-secretário geral da Presidência Eduardo Jorge.
A proposta garantiria o apoio tucano à reeleição de Gilberto Kassab em São Paulo, principal objetivo eleitoral do DEM, e faria com que Serra se apresentasse para a disputa interna pela candidatura presidencial tucana em 2010 com a seção paulista do partido pacificada e a aliança entre os dois partidos consolidada.
Segundo dirigentes do DEM que participaram da negociação - ainda em curso - Alckmin teria se mostrado disposto a analisar o assunto, desde que Serra tomasse a iniciativa de formalizar a oferta. Procurados ontem pelo Valor, o ex-governador não quis se manifestar e Bornhausen não foi encontrado.
Dentro do PSDB, a articulação levanta resistências. Ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado Arnaldo Madeira afirmou que a negociação é prematura. "Quem está espremido pelo prazo é o PT, não nós. São os petistas que precisam definir a se a ministra do Turismo Marta Suplicy será candidata ou não até 2 de abril, para que ela se desincompatibilize. Nós podemos aguardar a decisão do adversário para só depois tomarmos a nossa", sugeriu.
O grupo ligado a Geraldo Alckmin dentro do PSDB é francamente hostil à proposta. Argumentam que Alckmin tem densidade eleitoral e partidária suficiente para ser candidato em 2008 e até mesmo em 2010 sem precisar negociar com Serra e o DEM, já que nem o governador, nem os correligionários de Kassab disporiam de alternativas. Faltam nomes tucanos para disputar o Palácio dos Bandeirantes e de integrantes do DEM para tentar a Presidência.
Segundo o deputado Silvio Torres, a idéia da candidatura tucana para a capital está amadurecida no partido. "Essa idéia de não concorrer agora e se preservar para 2010 é uma idéia antiga, de uns oito meses atrás. A dinâmica eleitoral agora é outra", comentou. Torres defende que o partido tenha candidato próprio para barrar o crescimento do PT na capital. "Nossa convicção é que, em 2010, São Paulo será vitrine nacional e nosso embate será polarizado. Não podemos correr o risco de deixar o PT se fortalecer novamente em São Paulo", disse o interlocutor. Além disso, ressalta o tucano, o PSDB "não tem candidatos fortes para concorrer às capitais". "A situação não está confortável. Não temos candidatura forte a não ser em Curitiba", afirmou, referindo-se ao prefeito Beto Richa, candidato à reeleição.
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