Primárias nos USA: Apoio do partido à senadora mostra fraturas
Jackie Calmes, The Wall Street Jornal, de Nashua, New Hampshire
VALOR
O senador americano Barack Obama é o franco favorito para vencer a segunda primária do Partido Democrata hoje em New Hampshire, depois de ter sido o mais votado em Iowa, semana passada. Mas ele e sua principal concorrente, e até recentemente, favorita, Hillary Clinton, já estão com a cabeça nas próximas batalhas.
O bom momento de Obama ameaça afogar a campanha da senadora e ex-primeira-dama também nos próximos dois Estados a votar no processo de escolha do candidato do partido para as eleições presidenciais de novembro. Os resultados até aqui também expõem sinais de fratura no apoio do partido a Hillary.
Alguns membros do comitê dela já começam a fazer lobby para que a senadora desista da campanha, se perder em New Hampshire por uma margem grande, como sugerem as pesquisas. Vários senadores que têm estado em cima do muro estão agora negociando com conselheiros de Obama.
A próxima prévia é em Nevada, dia 19. Alguns membros da cúpula democrata dizem que o poderoso sindicato dos trabalhadores na indústria culinária no Estado - que diz ter 60 mil membros, entre eles empregados de cassinos em Las Vegas, por exemplo - está para apoiar Obama se ele ganhar New Hampshire. Esse apoio é considerado equivalente a uma vitória no Estado, onde o sindicalismo domina o processo das primárias.
Aí vem a Carolina do Sul, dia 26. A campanha de Hillary está, de fato, pensando em ceder o Estado, onde ela liderou por muito tempo, para Obama. Quase metade do eleitorado do partido lá é negra e o apoio à senadora, que já foi forte, tem minguado porque os negros estão ficando energizados ao perceber que um homem de sua raça tem uma chance real de ser candidato a presidente, e até vencer.
A senadora já levantou mais de US$ 100 milhões para sua campanha, caixa suficiente para continuar, e promete ir adiante, com um forte apoio do marido, o ex-presidente Bill Clinton. Sua campanha vai adotar o "Plano B" e focar mais na "Super Terça-Feira", em 5 de fevereiro, quando votam 21 Estados. "Vamos continuar até a convenção", diz o porta-voz de Clinton, Howard Wolfson. Ele ressalta que, apesar da perda em Iowa, ela tem "consideravelmente mais" delegados para a convenção do que Obama.
A senadora ainda lidera as pesquisas em âmbito nacional. Mas sua estratégia original, traçada há um ano e que a retratava como uma candidata inevitável que conquistaria os primeiros Estados nas prévias e fecharia a indicação do partido antes de fevereiro, está em frangalhos.
Quando a campanha de Clinton concluiu que perderia Iowa, New Hampshire - o Estado que pôs o marido da candidata, Bill Clinton, a caminho da presidência em 1992 - era para ser a barreira que conteria seu rival. Agora não é mais nada disso.
Ontem Obama havia capitalizado a vitória em Iowa e aberto uma vantagem de dois pontos percentuais nas pesquisas do Estado.
Atualmente, Hillary tem o apoio de dez senadores do Partido Democrata, e Obama só dois: Dick Durbin, também de Illinois, e Kent Conrad, da Dakota do Norte. Outros ficaram em cima do muro por respeito aos senadores Joe Biden, de Delaware, e Chris Dodd, de Connecticut, que também concorriam para presidente mas desistiram na semana passada, depois de perder as prévias de Iowa. Eles também estão esperando provas de que Obama poderia mesmo ganhar votos.
Para os senadores dispostos a apoiar Obama, "essa não é uma decisão anti-Hillary", disse um estrategista do partido, que não está envolvido na campanha de nenhum presidenciável. "É uma decisão pró-Barack. Colegas de Obama acham mesmo que ele é especial."
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