terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Marta afirma não ter pressa para decidir se será candidata

Ueslei Marcelino - 7.ago.2007/Folha Imagem
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, em sessão do Senado


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Apesar das "pressões gigantescas" para disputar a Prefeitura de São Paulo em outubro pelo PT, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, disse ontem que nunca admitiu essa intenção e não tem pressa de anunciar sua decisão final.
"Disputar a prefeitura não estava nos meus planos e continua não estando. Eu não vou decidir nada de afogadilho. É uma decisão que tem de ser muito bem avaliada, até porque estou gostando muito do que estou fazendo no ministério", disse ela ontem à Folha.
Segundo Marta, há um equívoco quando dizem que teria que se desincompatibilizar do cargo seis meses antes do pleito, ou seja, até o final de março. Pela lei complementar 64, de 18 de maio de 1990, o prazo é de quatro meses. Ela tem, portanto, até 5 de junho para tomar uma decisão.
"Não tem por que ficarem me obrigando a tomar uma decisão agora, porque não vou fazer isso. Não adianta", disse ela.
"Toda vez que falo com alguém, sai logo na imprensa que vou ser candidata. Não é verdade. O que não posso é me recusar a conversar. Me chamam para conversar, vou, ouço, mas isso não significa nada. Não tomei nenhuma decisão antes, não tomei agora nem sei se vou tomar uma decisão depois."
As pressões para que Marta troque o Turismo pela candidatura aumentaram diante da pesquisa Datafolha realizada em novembro passado, registrando um empate técnico entre ela (25%) e o favorito, o tucano Geraldo Alckmin (26%), ex-governador do Estado e ex-candidato do PSDB à Presidência em 2006, na hipótese de o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), concorrer.
Mas essas pressões chegam ao pior momento agora, quando o governo perdeu R$ 38 bilhões com o fim da CPMF (o chamado "imposto do cheque"), aumentou dois impostos e está sendo obrigado a promover cortes no Orçamento. O Turismo pode ser atingido, estimulando indiretamente a opção de Marta pela candidatura.
Ela, porém, nega. "Meu ministério vive quase que exclusivamente das emendas individuais dos parlamentares, e ministros da área econômica já me disseram que não haverá cortes nessas emendas. Mesmo nas emendas de bancadas partidárias é possível salvar muita coisa", disse a ministra.
Segundo Marta, seu ministério produziu cartilhas regionais sobre as obras necessárias para impulsionar o setor e distribuiu para os parlamentares dos Estados correspondentes, tanto para os governistas como para os de oposição. Por isso ela prevê que terá apoio para que o Orçamento da pasta não sofra muito com os cortes.
O Ministério do Turismo empenhou 98% das suas verbas do ano passado, num valor aproximado de R$ 1,7 bilhão. Marta considera que é resultado da eficiência da sua gestão, mas na prática isso significa também que não há sobra de verbas para este ano.
A ministra disse que não tem nenhum encontro marcado nesta semana nem com Lula nem com os colegas do Planejamento, Paulo Bernardo, e das Relações Institucionais, José Múcio, que centralizam as discussões sobre cortes.

Nenhum comentário: