sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Reflexões pessoais sobre a inflação

O presidente faz bem em manifestar preocupação com o incipiente movimento inflacionário. O aumento dos preços constatados não correspondem a movimentos conjunturais e sim a uma combinação de aquecimento da demanda por commodities no mercado mundial e o crescimento econômico brasileiro, que se acompanha com o aumento significativo do poder de compra da população, gerando pressão inflacionária por excesso de demanda.

Os instrumentos disponiveis para enfrentar um eventual descontrole, e o IPCA de agosto é um alerta, são a politica de juros do BC, uma redução dos aranceles e taxas de importação dos ítens que mostram maior tendencia alcista e um monitoramento estrito dos orgãos responsaveis em toda a cadeia para detectar e punir severamente as especulações.

Segundo os jornais, Lula lembrou que o BC decidiu reduzir a taxa em “apenas” 0,25 ponto percentual, ante 0,50 nas duas reuniões anteriores. “É porque não arredaremos o pé da nossa responsabilidade”, justificou. “Quem estiver apostando na volta da inflação para ganhar dinheiro, quero aproveitar a rádio para dizer: tirem o cavalo da chuva.”

Foi o próprio Lula quem levantou, na entrevista no Palácio do Planalto, o tema do aumento da inflação. Ele disse que alguns setores da economia, como o da alimentação, têm elevado os preços. Mas reiterou que o governo não permitirá que a inflação volte. “Porque na hora em que a inflação voltar, o prejuízo é direto no bolso das pessoas que vivem de salário, no bolso das mais pobres.” (O Estado de São Paulo).

A inflação afeta mais os ass
alariados e os mais pobres, como mostra os índices apurados em agosto (ver aqui no blog Alta nos preços dos alimentos afeta mais a população de baixa renda ).
Comprova-se assim o acerto do presidente Lula em ter recusado permanentemente as pregações de alguns de seus companheiros em favor de metas de inflação mais relaxadas e de menor rigor nas ações do Copom. Qual seria a situação hoje se estes conselhos tivessem sido levados adiante?

Mas não é só na taxa de juros, nem nas tarifas das importações que o governo deve manifestar intenção de utilizar para não permitir qualquer descontrole. É também no gasto público e na continuação do ajuste fiscal que se encontram os instrumentos para manter a inflação baixa, combinada com a pressão contra os especuladores.

Por enquanto os índices são apenas um sinal. A inflação continua abaixo do centro da meta fixada, a qual comporta um teto e um piso. Mas o alerta lançado pelo presidente Lula é uma clara determinação política: ninguém vai brincar no governo com o poder aquisitivo das classes populares.

Luis Favre

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