sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Alta nos preços dos alimentos afeta mais a população de baixa renda

Jacqueline Farid para O Estado de São Paulo (para assinantes)

As famílias da camada de renda mais baixa da população estão sendo mais prejudicadas com a alta dos produtos alimentícios. A inflação apurada para os mais pobres, no acumulado de janeiro a agosto, superou a dos mais ricos em 2007, fato que não ocorria desde 2003.

O INPC, que mede a inflação para famílias com rendimento entre um e seis salários mínimos, subiu 0,59% em agosto e acumula em 2007 alta de 3,13%, enquanto o IPCA, que se refere às famílias com renda de um a 40 salários mínimos, registra inflação um pouco menor, de 0,47% no mês e 2,80% no ano.

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, observou que “os mais pobres estão sendo mais prejudicados e as evidências são de continuidade” da inflação maior para essa camada.

O argumento é o de que os itens que deverão ajudar a conter a inflação em setembro, como telefone fixo e combustíveis, têm peso menor no INPC do que no IPCA, enquanto os alimentos devem continuar mostrando elevação de preços, mesmo que em ritmo menos acelerado.

O reajuste nos preços dos produtos alimentícios no IPCA foi de 6,73% no ano até agosto, variação muito maior do que o aumento total de 1,23% ocorrido nesse grupo de produtos em todo o ano de 2006.

Eulina explicou que os alimentos foram bastante pressionados pela chuva no primeiro trimestre, mostraram estabilidade em abril e, já em maio, sofreram impacto dos aumentos do leite. “A inflação está muito concentrada nos alimentos e em agosto houve um espalhamento maior nesse grupo, enquanto os não alimentícios dão até uma certa ajuda para conter a taxa”, explicou Eulina.

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