Presidente Lula fala a nação brasileira no dia da independência
Minhas amigas e meus amigos,
Há 185 anos o Brasil nascia como nação independente. Podemos dizer que, nos dias de hoje, também está nascendo um novo Brasil. Um Brasil que não é resultado apenas do trabalho de um presidente ou de um governo, mas do esforço de todos os brasileiros e brasileiras. Um esforço acumulado de muitos anos e que encontra, agora, seus melhores resultados e sua melhor expressão. É sobre este nascimento, sobre a felicidade e as dores deste parto, que quero refletir com vocês, na véspera do Sete de Setembro.
Passamos, hoje, por uma grande transformação. Mas nem sempre quem participa de um momento histórico percebe toda a sua amplitude. Ao contrário, muitas vezes enxerga com mais facilidade as dificuldades passageiras do que os efeitos mais profundos e permanentes da mudança. O Brasil vive hoje um período de solidez econômica e política. Mais do que isso: vive um amplo movimento de inclusão social, de uma intensidade nunca vista. Mais de 8 milhões de brasileiros saíram da linha de miséria. O crescimento se espalha por todos os setores e por todo o país. A renda aumenta, o emprego cresce, o investimento se amplia, o credito se multiplica, o consumo aumenta. Nosso país reforça sua presença no mundo e assume a vanguarda em setores estratégicos, como o dos biocombustíveis. Estas são algumas das muitas e muitas conquistas que temos obtido. Por isso, neste Sete de Setembro, quero dizer a todos vocês que há motivos de sobra para ter fé no Brasil.
Mas quero dizer também que há motivos de sobra para não nos acomodarmos; e para cobrarmos mais resultados de todos os setores da vida nacional. Sou, hoje, o brasileiro mais satisfeito e o mais insatisfeito deste país. Sou o mais satisfeito porque estou tendo a honra de liderar um processo muito especial de transformação do nosso querido Brasil. E sou o mais insatisfeito porque estou convencido de que podemos andar ainda mais rápido e melhor. Estou satisfeito porque o governo tem bons projetos para promover o avanço social, o avanço econômico e o avanço tecnológico. E faz isso com um respeito, cada vez mais rigoroso, com o meio ambiente, como mostra a redução em 44 por cento do ritmo de desmatamento na Amazônia. Estou satisfeito porque temos novos programas modernos e abrangentes como o PDE, na educação; como o Pronasci, na área da segurança; como o PAC nas áreas do incentivo à produção, ao crescimento e à ampliação da infra-estrutura; e estamos elaborando, agora, importantes medidas para amenizar problemas na área da saúde. Isso vai significar, entre outras coisas, 504 bilhões de reais em infra-estrutura logística e social, trazendo uma revolução em matéria de estradas, portos, aeroportos, transportes, energia, habitação, saneamento básico e água potável. Vamos ter mais 10 bilhões de reais na educação, ampliando as mudanças que já estão sendo feitas, como a criação de 214 escolas técnicas, 10 novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias no interior.
Tudo isto me deixa muito satisfeito. Mas estou insatisfeito porque ainda há uma forte dívida social a resgatar com os mais pobres. A classe média ainda enfrenta dificuldades e há melhorias profundas a serem feitas no serviço público e atitudes modernizadoras a serem adotadas no setor produtivo. Precisamos diminuir, como estamos fazendo, as desigualdades entre as pessoas e as regiões; derrubar barreiras à produção e ao crescimento; e ter a coragem para avançar, ainda mais, no terreno da ética e do combate à impunidade, em qualquer estrato econômico, social ou político. Esta coragem e este esforço nosso governo vem tendo. E estamos colhendo os frutos doces e amargos desta semeadura.
Minhas amigas e meus amigos,
Vivemos um ciclo de desenvolvimento vigoroso e sustentado. Sustentado economicamente, porque a inflação está sob controle, a situação fiscal equilibrada e as contas externas vivem um momento espetacular. Isso significa mais emprego e mais comida na mesa. Em apenas sete meses deste ano criamos 1 milhão e 200 mil empregos com carteira assinada. Um número maior do que em todo o ano passado. A miséria está diminuindo: nos últimos anos, 7 milhões de brasileiros entraram na classe média. O PIB cresce há 21 trimestres consecutivos, o consumo das famílias há 14 trimestres consecutivos e o comércio varejista atingiu, no primeiro semestre, o seu recorde histórico de crescimento. Precisamos e vamos crescer ainda mais. Mas isso não significa que possamos baixar a guarda na luta contra a inflação. Ao contrário, é tempo de vigilância e alerta permanente. Só assim teremos força -- como estamos tendo -- para enfrentar os abalos externos e os problemas internos.
Estamos igualmente vivendo um ciclo socialmente sustentado, porque ao contrário de outras épocas, agora não há arrocho salarial e exclusão social. O poder de compra do salário mínimo dobrou. Noventa e sete por cento das negociações coletivas estão ocorrendo com ganhos salariais iguais ou superiores à inflação. Mas isso não significa que possamos nos descuidar dos mais pobres e do aperfeiçoamento e ampliação de nossas políticas sociais, consideradas, com muita razão, das melhores do mundo.
Estamos vivendo, igualmente, um ciclo politicamente sustentado. O país desfruta de um regime democrático pleno, as instituições funcionam, os movimentos sociais participam das decisões, a imprensa é livre e os direitos individuais são respeitados e garantidos. Mas isso não significa que possamos trocar o diálogo pela aspereza política; que as maiorias não respeitem as minorias; e que os poderes não busquem uma convivência ainda mais harmônica e democrática.
Minhas amigas e meus amigos,
Estamos lutando por um Brasil sem pobreza, sem privilégios, sem discriminações e sem divisões. Um país de oportunidades iguais para todos. A melhor forma para um país crescer é fazer com que cada vez mais gente saia da pobreza, ingresse no mercado e conquiste a cidadania. E criar, ao mesmo tempo, instrumentos para que a classe média se fortaleça e se realize. Nenhum país do mundo pode crescer sem estimular, fortemente, o espírito empreendedor da classe média. Mas devemos também entender que quanto menor for o número de pobres e maior o mercado de massa, melhor será este país. Haverá mais emprego, segurança, riqueza, poder de consumo e paz social para todos. Repito: para todos. O novo Brasil que está nascendo das mãos dos brasileiros não é um Brasil para poucos, mas para muitos. Não é só para os que apóiam o governo, mas para todos que apóiam a nação. Não é só para as gerações de hoje, mas também para as gerações de amanhã. Um Brasil que respeita o ser humano, respeita a natureza, respeita os valores morais e respeita a grandeza de Deus. Tenho fé no Brasil. Viva o Sete de Setembro!
Muito obrigado e boa noite.
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