Linha dura com a China
Luis Nassif O "recall" dos brinquedos da Matell fabricados na China vão influir em praticamente todas as importações chinesas. Já não era novidade a falta de qualidade dos produtos chineses. O fato de empresas norte-americanas encomendarem a produção na China, no entanto, ajudou a blindá-los em relação às normas de certificação adotadas mundialmente. Essas normas analisam a conformidade dos produtos - isto é, se são adequados aos padrões internacionais e nacionais. No Brasil a grande certificadora é o INMETRO, coordenando uma rede de Institutos de Pesos e Medidas estaduais e de laboratórios certificadores. O International Creditarum Fórum e a ISO – principais padrões de certificação mundiais - dispõem de normas permitindo a alternativa da avaliação da empresa, do seu sistema de qualidade, da qualificação do pessoal, qualidade do laboratório e instalação fabril. Se o processo estiver sob controle, faz-se uma avaliação inicial de cada produto duas vezes por ano. Depois, os produtos são liberados automaticamente. Era esse o processo de certificação dos produtos da Matell e das empresas que conseguiram qualidade global ***. A China subverteu esses procedimentos. Passou a driblar os órgãos de fiscalização e a invadir o mundo com produtos de baixíssima qualidade. Até agora, no Brasil, foram identificados problemas com brinquedos, preservativos, ferros de passar de 20 reais, que apresentam riscos, capacetes industriais e com aparelhos eletro-eletrônicos. Agora, como a própria Mattel anunciou o “recall”, ontem mesmo o Inmetro pediu aos Institutos de Pesos e Medidas dos estados a apreensão dos brinquedos sob risco de contaminação. Mais importante: decidiu-se também, a partir de agora, que a certificação será feita lote a lote. Essa é a mudança fundamental que altera profundamente as práticas de importação de produtos da China. Na quarta-feira, em reunião com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) decidiu-se endurecer na fiscalização das importações da China da maneira geral. Não haverá mais a certificação de empresas. Cada lote será examinado antes de ser liberado. Esse procedimento irá se estender sobre eletro-eletrônicos e produtos de informática. A orientação da Secex é a de não burocratizar a análise, como forma de criar barreiras. Mas usar de todo rigor na avaliação. A orientação de Ivan Ramalho, da Secex, é endossada pelo Ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge, *** O Diretor da Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo contesta afirmações de importadores, de que os procedimentos poderão encarecer os produtos em até 40% Para ele, o acréscimo será mínimo. E se encarecer em 40%, não haverá problemas, porque a indústria nacional poderá suprir essa demanda. No caso dos brinquedos, por exemplo, a indústria brasileira foi a única que conseguiu sobreviver na América Latina, principalmente graças aos procedimentos de certificação adotados ao longo dos últimos anos.
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