domingo, 1 de julho de 2007

'Voar aqui é tão seguro como nos EUA'

Entrevista

Carlos Vuyk de Aquino: Ex-comandante do Cindacta-1

À frente do controle do tráfego aéreo de Brasília no pior momento da crise, coronel afirma que Cindacta-1 está ‘novinho’

Bruno Tavares

A crise na aviação completa hoje nove meses. Desde a colisão entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que deixou 154 mortos, uma pergunta atormenta passageiros: é seguro voar no Brasil? Para o coronel Carlos Vuyk de Aquino, a resposta é um inequívoco sim. Ex-comandante do centro de controle de vôo de Brasília (Cindacta-1), ocupou o posto nos cinco meses mais turbulentos da história da unidade, até 11 de abril. Preside hoje a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (Ciscea), responsável pelos equipamentos de navegação aérea.

Voar no Brasil é seguro? O sr. fica tranqüilo quando um parente seu tem de viajar?

Absoluta certeza. Sou suspeito para falar porque sou aviador e adoro voar. Não fugimos de nenhuma estatística dos países mais avançados. Voar aqui é tão seguro quanto nos Estados Unidos ou na Europa.

Os radares estão obsoletos?

Em 2003, foi feito um contrato de modernização de todos os radares fornecidos pela Thomson, no valor de US$ 120 milhões. Trocamos todos os secundários (que captam dados enviados pelo transponder), trocou-se toda a parte de recepção. Trocaram-se todos os radares dos Cindactas-1, 2 e 3. O Cindacta-4 é novo. Agora, estamos fazendo contrato de modernização dos radares bidimensionais de rota e os de terminais. São 60 milhões.

E o sistema de rádio, também foi modernizado?

O sistema de comunicações do Cindacta-1 é novo. Foi instalado depois de 2001, com a tecnologia de rádio digital. O Cindacta-1, que é o centro nervoso do País, está novinho. Não tem por que falar de equipamento obsoleto, sucata.

Os equipamentos podem ser equiparados aos dos EUA e Europa?

Os rádios que usamos no Cindacta-1, por exemplo, compramos antes dos americanos. Os rádios que hoje estão sendo instalados pela FAA (Administração Federal de Aviação, na sigla em inglês) são do mesmo nível dos que temos aqui.

Por que os controladores afirmam que as comunicações não funcionam, que os radares indicam aeronaves “fantasmas”?Há necessidade de ajuste fino?

Sim, foram feitos ajustes, mas dizer que não funciona é diferente. O próprio Wellington (Rodrigues, presidente da Associação dos Controladores) deu nota 7 ao sistema. É ruim?

Por que os sargentos partiram para o confronto com a FAB?

Precisamos ir um pouco antes nessa história. Depois do acidente (da Gol), houve a discussão da investigação da Polícia Federal. À época, o comandante queria coordenar... era possível arranjar um escritório de advocacia que os defendesse por cortesia. Mas eles - e isso é avaliação minha - descartaram. E constituíram o advogado deles. Será que não foi uma estratégia de defesa, de dizer que o cliente deles errou porque o equipamento é ruim? Então era preciso provar que o equipamento é ruim. Pode ser isso ou não, mas é uma questão que eu penduro. leia mais no jornal O Estado de São Paulo (para assinantes)

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