quarta-feira, 11 de julho de 2007

Uma campanha com endereço errado

A liberdade da imprensa é a condição sine qua non de uma cobertura informativa equilibrada e ela só começa com a liberdade de expressão para os nossos adversários.

Um manifesto anônimo circula na internet atacando o governo Lula e o PT como liberticidas e inimigos da liberdade de imprensa, utilizando como pretexto a recente demissão do jornalista e apresentador do "Diário da manhã" da radio Cultura, meu amigo Salomão Schwartzman.

O libelo direitista parece saido da pluma de um adepto rançoso da TFP (Tradição, Familia e Propriedade) e na sua cruzada investe, não só contra Lula e o PT, mais sobretudo contra nossa inteligência.

Vista a avassaladora oposição dos colunistas e da mídia do país ao governo federal, resulta ridículo argüir uma caça as bruxas petista no caso de Salomão Schwartzman. Mais ainda quando ninguém ignora que a Fundação Padre Anchieta, que controla a radio e TV Cultura, é dominada pelo PSDB. Fundação que sempre atrelou seu funcionamento aos interesses políticos tucanos e depende financeiramente do governo estadual dominado faz 16 anos por eles. A tal ponto que recentemente um tucano mor chegou a disser horrorizado, na coluna de Monica Bergamo, que era um absurdo terem demitido um simpatizante do bico d' oro, em troca de um ex-secretário da administração Marta Suplicy. Como se a seleção fosse pela cor ideológica mesmo. Que pluralismo...

Como o ridículo não mata, e o papel, mesmo virtual, suporta qualquer coisa, de aqui a pouco o PT e Lula serão acusados de quererem tirar o Neschling da OSESP (Orquestra Sinfônica de São Paulo) para colocar algum petista disfarçado de regente.

O Presidente da Fundação Anchieta nomeado pelo governador Jose Serra, usando suas prerrogativas, demitiu Salomão Schwartzman. Na minha opinião perde a radio Cultura com esta decisão e perdem seus ouvintes, entre os quais me incluo. Entre os argumentos invocados na decisão esta a de dedicar o espaço exclusivamente a musica clássica. Markun é um excelente profissional e jornalista, seus argumentos merecem respeito, mesmo que eu lamente está decisão.

As opiniões políticas de Salomão são divergentes das minhas e fizeram coro as diatribes tucano-direitistas da maioria dos comentaristas, em particular dos partidários da candidatura Alckmin. Salomão falou mal do Lula e bem de Alckmin e de Aecio. Direito dele, amparado no persistente aparelhamento tucano do Estado de São Paulo e de sua Radio e TV. Por isso falar em censura petista é ridículo. Nem por isso deixou seu programa de ser ótimo, suas escolhas musicais de alto nível e tendo como resultado uma grande audiência.

Salomão saberá, assim o espero, dar a volta por cima e nos encantar novamente com sua voz inconfundivel, sua cultura imensa e sua seleção musical imperdível.

Luis Favre

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