Contra Alckmin, Serra torce por Marta em SP
KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online
As articulações tucanas e petistas para as eleições municipais de 2008 andam a mil por hora. Para o governador de São Paulo, José Serra, é uma má notícia a possibilidade da candidatura a prefeito do ex-governador e correligionário Geraldo Alckmin.
Postulante derrotado do PSDB à Presidência em 2006, Alckmin se movimenta para voltar à primeira divisão da política. A Prefeitura de São Paulo é seu objetivo. Serra não teria força para barrar a candidatura no partido, mas poderia fazer corpo mole e atrapalhar bastante a sua eleição. Por isso, Alckmin tenta algum tipo de acordo de cavalheiros com o governador paulista.
Problema: Serra teme que, uma vez eleito, Alckmin reforce a articulação do governador de Minas, Aécio Neves, para ser o candidato do PSDB a presidente em 2010.
Aécio tem se movimentado com competência nos bastidores, costurando pontes com Lula e namorando o PMDB, uma alternativa se perder a disputa no tucanato para Serra.
Como joga todas as fichas para ser candidato a presidente em 2010, o governador paulista acharia uma vitória de Marta na capital paulistana em 2008 mais favorável aos seus planos do que a eventual eleição de Alckmin.
Serra acredita que dificilmente Marta será a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto na disputa de 2010. Restaria a ela concorrer ao governo paulista, já que resiste a entrar no páreo municipal.
Em 2010, Marta poderia ser adversária de Serra, caso ele opte por tentar a reeleição. Mas o governador aposta mesmo na candidatura a presidente. No caso de uma eleição contra Marta no Estado de São Paulo, acha que levaria vantagem.
O candidato do coração de Serra para o pleito paulistano de 2008 é o atual prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM). O "Projeto Kassab", se vencedor, ajudaria o tucano a obter o apoio do DEM na disputa presidencial de 2010.
Mas o governador paulista sabe ser pequena a chance de Kassab vencer com Alckmin na parada. Daí preferir até Marta em relação ao companheiro de partido. Coisas da política.
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Imbróglio petista
Marta tem rejeitado todos os apelos de seu grupo político para ser candidata à Prefeitura de São Paulo. Ela tem tido bom desempenho nas pesquisas, mas teme que lhe falte gás na hora crucial.
Prefere se dedicar ao Ministério do Turismo, trabalho que tem adorado. Habilmente, ela se colocou fora da disputa presidencial de 2010. Mira assumidamente no Palácio dos Bandeirantes. Uma candidatura presidencial dependerá de muitos fatores.
No PT, considera-se que ela será candidata ao governo paulista com facilidade se não alçar vôo presidencial.
Na disputa municipal do ano que vem, o candidato petista teria de receber a bênção política da ex-prefeita. Os aliados de Marta obtiveram quase 60% do Diretório Municipal do PT. Mesmo que haja prévia, com voto direto dos filiados, uma máquina assim pesa decisivamente.
Mais: com exceção de Marta, não há nomes naturais no PT para concorrer a prefeito da maior cidade do país.
O senador Aloizio Mercadante tem dificuldade de ser aceito pela máquina do partido. É a mesma situação do ministro Fernando Haddad (Educação), técnico bem avaliado pelo presidente. Lula gostaria de testá-lo numa eleição.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, é uma revelação negativa. Conquistou a Câmara, mas faz gestão apagada. Seria presa fácil para Alckmin.
Os deputados federais José Eduardo Cardozo e Jilmar Tatto também cobiçam a prefeitura. Cardozo tem boa imagem entre os chamados formadores de opinião, mas padece do mesmo mal de Mercadante: pouco apóio na máquina petista paulista e paulistana.
Tatto é ligadíssimo a Marta. Seu grupo tem peso no Diretório Municipal. No entanto, é praticamente um desconhecido da grande maioria do eleitorado. Seria presa fácil não só para Alckmin, mas também para Gilberto Kassab.
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Presidência do PT
O atual comandante do PT, deputado federal, Ricardo Berzoini, movimenta-se para tentar a reeleição. Muito difícil após o dossiegate de 2006.
No Palácio do Planalto, há bastante simpatia por Marco Aurélio Garcia, que segurou o rojão na crise do dossiê. Assessor especial de Lula para assuntos internacionais, teria de deixar o posto.
As diversas tendências petistas fazem suas apostas. Duas delas se destacam. Uma ala fala na possibilidade de uma "volta por cima" do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho. Outra prega a candidatura do ex-ministro das Cidades Olívio Dutra.
Em setembro, haverá o 3° Encontro do PT. Dá-se como certo que será marcada nova eleição para o comando nacional do partido.
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.
E-mail: kalencar@folhasp.com.br
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