Alckmin bate pé por candidatura
Jornal da Tarde - O Estado de São Paulo
Apesar de FHC sugerir que ele dispute governo, aliados dizem que “sociedade e partido” querem ex-governador no páreo em 2008
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) não vai mudar “um milímetro” sua estratégia após as afirmações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - divulgadas ontem por Estado e JT - para quem “seria ótimo” manter a aliança PSDB-DEM em São Paulo, com apoio tucano à reeleição do prefeito Gilberto Kassab, para que Alckmin disputasse o governo em 2010 e o atual governador, José Serra, a Presidência. Embora Alckmin tenha evitado manifestar discordância, sua disposição é de levar adiante a candidatura. Seus aliados manifestaram surpresa com FHC.
“Há sentimento majoritário dentro do partido de que devemos ter candidato próprio em todas as capitais, especialmente em São Paulo”, afirmou o deputado Silvio Torres. “Nesse caso, a opinião do ex-presidente conflita com a da maioria.” A mesma tese foi defendida por outros deputados tucanos. “A referência do PSDB tem de ser a sociedade e a base do partido, que querem a candidatura do Geraldo”, afirma Edson Aparecido. Ele “cutuca”: “Se enveredarmos pelo rumo do cálculo político, podemos incorrer num erro que quase levou o PSDB a apoiar Fernando Collor (ex-presidente)”.
Torres cita que, na entrevista, FHC diz que “todos sabem que ele freqüentemente tem opiniões conflitantes com as do partido”. “Essa (sobre 2008) é uma delas. Ele ainda lembra que o ex-presidente defendeu a importância das pesquisas. “Por que então mudar de opinião quando as pesquisas mostram Alckmin na frente no 1º e no 2º turnos?”
Nas contas de outro tucano, “já que o ex-presidente fala de estratégia”, é preciso considerar que as eleições de 2008, em São Paulo, serão “antecipação” da batalha entre PSDB e PT em 2010, pela Presidência. “Imagine todo mundo olhando para cá e o número 45 escondido”.
As declarações de FHC expuseram “racha” no PSDB. Além do grupo alckmista, ala tucana mais próxima a Serra, defende apoio a Kassab. Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio, “há lógica” na proposta de FHC, “mas só funciona se Alckmin compartilhar desse posicionamento”.
Aliado ‘prevê’ mais apoio tucano
Kassab se disse feliz com a tática sugerida por FHC, mas foi cauteloso. Disse que “é natural”sua reeleição, “mas é importante, manter aliança” entre DEM e PSDB. “O que for definido pelos líderes será meu caminho.” Para um aliado prefeito, porém, “’até o fim do mês haverá outros tucanos em favor de seu nome”.
Para o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, FHC “está olhando estrategicamente” o quadro político, pois Kassab “tem sido leal e fiel ao PSDB de São Paulo” e “o problema é ser competitivo contra a candidata Marta Suplicy”. “Nosso adversário não é o Alckmin.”
Questionado ontem sobre a entrevista de FHC, Serra desconversou: “Não li. Ainda vou ver”.
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