domingo, 2 de setembro de 2007

PT quer candidato próprio apoiado por aliados para suceder Lula

MAURÍCIO SAVARESE - REUTERS

Agencia Estado

SÃO PAULO - Sem candidato natural para suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT aprovou neste domingo, no encerramento do 3o Congresso Nacional da sigla, resolução segundo a qual o partido precisa ser "dirigente" de uma chapa governista nas eleições de 2010 para o Palácio do Planalto.

"(O partido deve) apresentar uma candidatura petista à sucessão de Lula, capaz de liderar, juntamente com outros partidos, uma ampla aliança partidária e social e vencer as eleições de 2010", diz o texto, que foi aprovado pelos delegados do encontro na manhã de domingo.

Para amenizar possíveis conflitos com os partidos da base aliada, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), fechou com as lideranças dos delegados do partido a inclusão de um novo trecho na resolução, mas ameno e em linha com o discurso feito por Lula no sábado.

"O PT apresentará uma candidatura a presidente a ser construída com outros partidos, e assim formar uma aliança programática, partidária e social capaz de ser vitoriosa nas eleições de 2010", afirma o documento final.

Na véspera, Lula declarou que o PT tem a opção de formar uma coalizão para sucedê-lo, ainda que isso implique em apoiar um nome de outro partido.

Apesar do discurso mais ameno, que busca não melindrar os aliados como o PSB, do ex-ministro Ciro Gomes (CE), e o PMDB, partido com o maior número de representantes na Câmara dos Deputados e no Senado, muitos petistas presentes defenderam a candidatura própria.

"Um partido que não tenha isso como projeto nem merece ser chamado de partido. O PT tem o dever político de no tempo e na hora adequada apresentar nomes para sucessão do Lula", disse a jornalistas o governador de Sergipe, Marcelo Déda.

"Só não sei se merecia fazer disso uma deliberação, no Congresso. Ao virar resolução, antecipa um debate que não é bom para quem está governando. Cria um ruído. Ou alguém duvida que o PT vai buscar apresentar o seu nome e tentar convencer os demais de que o seu nome é o melhor?", declarou.

Berzoini disse que o texto sobre a tática para as próximas eleições visa demonstrar publicamente que o PT está disposto a discutir a formação da chapa governista para 2010, ainda que tenha "vocação, condições e potencial para ter candidato".

"(Antes de fechar a candidatura própria) precisa dialogar, precisa construir alianças. Se nós partirmos do pressuposto que o candidato obrigatoriamente é do PT, vamos dar uma mensagem que não é boa para quem quer construir alianças", afirmou ele após o congresso da sigla.

REPETECO

Secretário do PT, Valter Pomar afirma que apesar do desejo de manter os aliados, o partido fará o mesmo que nas eleições presidenciais desde 1989, apesar de não ter candidato natural para suceder Lula. O atual presidente é o único que representou a sigla nas votações para o Palácio do Planalto desde a reabertura democrática, em 1985.

"Nós construímos todas as candidaturas do Lula com outros partidos. É isso que nós buscaremos fazer para 2010. Essa mudança que fizemos no texto foi para deixar explícita a nossa vontade de uma coalizão. A opinião de quase todo o PT é de ter candidatura própria", disse.

Animado com as perspectivas para fazer o sucessor de Lula, dentro ou fora do PT, apesar das dificuldades que enfrenta na Justiça, o ex-ministro José Dirceu especulou sobre os possíveis candidatos do partido para o Palácio do Planalto.

Ele citou os ministros Tarso Genro, Dilma Rousseff e Marta Suplicy, os senadores paulistas Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy e o governador da Bahia, Jaques Wagner, como petistas presidenciáveis. Mas ponderou também sobre as chances de Ciro Gomes, por quem disse que faria campanha como se fosse para um filiado do PT.

"(Ciro) está conosco desde o segundo turno de 2002. É leal, foi excelente ministro do presidente Lula e nós temos necessidade de nos aproximar do PSB e do PC do B", disse Dirceu depois de ir ao encontro dos jornalistas, algo que raramente faz nos encontros petistas desde que foi acusado de chefiar o esquema de compra de votos de deputados, em 2005.

Dirceu também citou o PMDB como sigla de onde poderia vir um candidato da coalizão governista, mas não especulou sobre nomes.

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