terça-feira, 4 de setembro de 2007

Pôr a carroça na frente dos bois, só se for andar para trás

Um curioso debate agita os diferentes partidos da constelação que apóia o governo federal: a questão da candidatura ou das candidaturas a presidente em 2010.

Curioso por vários motivos. O segundo mandato do presidente Lula não concluiu seu primeiro ano e a questão do sucessor, que a mídia insiste em pautar, encontra eco complacente nos partidos mais identificados com o próprio governo.

Curioso também, pela insistência dos componentes do chamado Bloco de esquerda (PSB, PCdoB, PDT) em anunciar em todos os cantos a candidatura de Ciro Gomes e afirmar ao mesmo tempo que o PT não deveria reivindicar um candidato próprio porque a discussão é prematura.

Mas o realmente estranho é que o debate sobre as eleições municipais de 2008, que em toda lógica deveriam preceder a questão dos ou do candidato à presidente em 2010 é ignorado, como se entre 2008 e 2010 não existisse qualquer relação.

Bastaria fazer uma pergunta para voltar a ficar com os pés no chão: se a oposição ao governo federal obtiver êxito no escrutínio municipal aparecendo assim como favorita para 2010, como ficaria a coligação de partidos que hoje apóia o governo? Alguém duvida que a pressão centrífuga, combinada com a conclusão do mandato do presidente, desmontaria a unidade conseguida hoje?

O presidente Lula parece ter consciência destes problemas e por isso solicitou ao presidente do PMDB, Michel Temer, de reunir todos os partidos da base de sustentação para procurar entendimentos em vistas ao pleito de 2008.

Contrariando esta iniciativa de Lula, o chamado Bloco de esquerda começou, aqui em São Paulo, a discussão sobre candidatos à Prefeitura, excluindo o PMDB e o PT. Segundo Paulinho, da Força, o bloco escolherá um candidato entre os quatro do bloco (Erundina, Aldo Rebelo, Zulaié Cobra, e ele próprio).

Por sua vez, o 3º congresso do PT pautou um debate cabeludo sobre 2010 e aprovou uma resolução em que dialeticamente defende um candidato petista para ser o candidato de todos, podendo ser dos outros o candidato do PT.

Comprenne qui pourra... como dizem os franceses.

Luis Favre

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