quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Governo lança pacote de turismo; setor vê timidez

Medidas incluem crédito consignado para viagem e incentivo tributário a hotéis

Agências elogiam iniciativa, mas afirmam que não irá recuperar perdas com o apagão aéreo; hotelaria diz que ganhou "centavos"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Folha de São Paulo (para assinantes)

O governo quer incentivar o turismo de idosos em períodos de baixa temporada usando o crédito consignado. A iniciativa anunciada ontem pela ministra Marta Suplicy (Turismo) pretende aumentar a ocupação dos hotéis. Também foi divulgada a ampliação do programa de benefícios tributários para o segmento. O setor diz, porém, que as iniciativas serão insuficientes para reverter os estragos causados pela crise aérea.
O programa "Viaja Mais" foi lançado como um das principais iniciativas para o setor no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Para a ministra, a ação vai permanecer "nos próximos governos, por várias décadas". A ação começa com vendas em São Paulo e Brasília e, segundo o governo, os pacotes já podem ser encontrados em agências de turismo.
Governo e operadoras prometem pacotes com preços mais baixos que a média. O desconto viria por causa das vendas na baixa estação. A maioria deve ter embarques entre agosto e meados de novembro ou entre março e junho.
Além do preço, o pagamento pode ser parcelado, com juros, em até 12 vezes, e a prestação, descontada no benefício da Previdência Social, o chamado crédito consignado. A modalidade já é usada pelas financeiras -que oferecem crédito pessoal- e pelo varejo -principalmente de eletrodomésticos. A concorrência não preocupa Marta: "Não queremos competir com os eletrodomésticos. Mas imagina se uma aposentada de 75 anos vai se lembrar de uma geladeira que comprou ou de uma grande viagem".
Em São Paulo, o governo acredita ser possível incluir até 800 mil novos viajantes aos 2,4 milhões de turistas paulistas com mais de 60 anos. Segundo Marta, esse grupo deixa de viajar atualmente porque não tem estímulo ou financiamento.
O presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem), João Martins Neto, elogia a iniciativa. "Vai ter impacto positivo, é uma ação inteligente. Mas não vai ser isso que vai cobrir os prejuízos" com a crise aérea.
Já o ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou medidas tributárias para o setor hoteleiro, como a devolução mais rápida de créditos. As medidas nessa área foram consideradas tímidas pelos hoteleiros. "Pedimos uma ajuda, mas só conseguimos tirar uns dois centavos da Receita Federal", disse o presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Erardo da Cruz.

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