terça-feira, 4 de setembro de 2007

Arguto de fina estampa



04/09/2007 12:37

Nem me diga....

Estou surpreso, estou boquiaberto, de câimbras na base da língua, desatarrachou-se o maxilar: em editorial, o Estadão anuncia ao distinto público que o Congresso do PT, encerrado domingo passado, mostrou que o partido pretende manter-se no poder. Trata-se do registro de uma novidade histórica, para não dizer revolucionária. Nunca, em época alguma da democracia, partidos chegaram ao poder com o propósito de permanecer nele pelo maior lapso de tempo. Muito pelo contrário, cuidaram de governar com os mais límpidos intuitos filantrópicos e beneficentes e saudaram com alegria desmedida a alternância. Não foi isso que se deu, por exemplo, quando os petistas tomaram o lugar dos tucanos? Sem sair do chão, como a natureza determinou, os pássaros da nossa política batiam asas, enlevados. Foi comovente. Mas que esperar do Partido dos Trabalhadores? Egoísta, ganancioso, possessivo.
enviada por mino



03/09/2007 19:06

Não é fácil

Não é nada fácil entender o que o Partido dos Trabalhadores quer em relação às eleições de 2010. O 3º Congresso do partido concluiu-se com a aprovação de uma diretriz pela qual haverá candidato do PT à presidência. Em contrapartida, figuras importantes dizem que a decisão é apressada. O presidente Berzoini disse que a diretriz não favorece "quem quer construir alianças". Refere-se, evidentemente, ao presidente Lula. Preocupado, liguei para Cassandra e fiz um relato a respeito dos últimos desenvolvimentos da situação política nativa. Ela, que teme os Fados, comentou: "Grave, muito grave". Recomendei maior aprofundamento, a bem das minhas dificuldades de percepção, sem contar que a ligação com Esmirna não estava perfeita. "O pior que pode acontecer é um retorno à conciliação velha de guerra". "A conciliação das elites? Não posso crer...", retruquei. "Receio", voltou Cassandra à carga, "que Lula goste do papel de grande conciliador". "Mas ele não é da elite, muito pelo contrário". "Sim, é um ex-metalúrgico que a elite despreza, mesmo assim ele busca a conciliação em um ponto de encontro definido por um plebeu". "Você está exagerando". "Não creio, todos os movimentos dele indicam claramente a intenção de agradar Deus e o mundo, desde a Globo até um certo tucanato, no qual milita o ministro Nelson Jobim. Desde a CNBB até os banqueiros, desde as multinacionais até os peemedebistas DOCG, de denominação e origem controlada e garantida. Trata-se de um ecumenista". Entraram ruídos estranhos, ouvi comunista, mas logo entendi que não fazia sentido. Ela insistiu: "É um sonhador do ecumenismo". "Mas vai dar certo?" "Claro que não, ninguém é sincero nesta operação, a não ser, a meu ver, ele mesmo, o Lula. Quanto à conciliação em si, na sua versão tradicional, nunca deu certo para o País, deu apenas para a própria elite". Fiquei mais preocupado do que estava. Errei ao ligar para Cassandra, deveria ter procurado Totó, ou Alberto Sordi.
enviada por mino

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