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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Boa!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Imagem do Congresso desgastada

De acordo com o Sensus, 45% dos entrevistados defendem a unificação da Câmara e do Senado. Não querem o fechamento do Legislativo, mas consideram que tem muito parlamentar nas duas casas


Gustavo Krieger
Da equipe do Correio Braziliense

José Varella/CB
``Todas as vezes que o Parlamento foi fechado ou subjugado, nós tivemos ditadura``
Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente da Câmara
O desgaste político do Congresso já leva boa parte dos brasileiros a questionar a importância do Legislativo. Segundo a pesquisa Sensus/CNT, 23% são a favor da extinção do Senado e 19,2% gostariam de ver o fim da Câmara dos Deputados. Mais radicais, outros 12,6% defendem o fechamento das duas casas do Congresso. Apenas 25,8% se manifestaram pela manutenção do atual sistema.

Em outra questão, 45,3% se dizem a favor da unificação da Câmara e do Senado. A princípio, isso demonstra que a maioria dos brasileiros não quer fechar o Congresso, mas acha que há congressistas demais. Somadas, as respostas apontam para um processo de profundo desgaste da imagem do Legislativo na sociedade. O presidente da Câmara reagiu. Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que “não há democracia sem parlamento”. Segundo ele, “todas as vezes que o Parlamento foi fechado ou subjugado, nós tivemos ditadura”.

Em outro sinal de descrédito, aumentou o número de brasileiros para quem o voto deveria ser facultativo. São 58,9%, contra 56,4% que deram a mesma resposta em maio de 2005. De outro lado, 38,4% defendem a manutenção do voto obrigatório. Se o voto deixar de ser uma obrigação, muita gente vai ficar longe das urnas. Os que dizem que continuariam a votar sempre são 58,1%. Para 11,1% dependeria dos candidatos e 27,9% deixariam de votar.

Infiéis
A pesquisa revelou um resultado contraditório ao analisar a fidelidade partidária. Num primeiro momento, 48,7% dos entrevistados disseram que o mandato pertence ao candidato e apenas 38,3% responderam que ele é do partido. Mas na questão seguinte, 54,2% disseram concordar com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a mudança de partido de parlamentares e ameaçou os infiéis com a cassação do mandato. “Isso significa que o eleitor votou no candidato e não no partido, mas não gosta que o seu deputado troque de legenda”, traduz Ricardo Guedes, diretor da Sensus.

A pesquisa também pediu que os entrevistados avaliassem a atuação dos principais partidos de oposição. O objetivo era julgar se DEM e PSDB são competentes fazendo oposição e se são realmente independentes do governo. Para 24,8%, a oposição é competente, mas ao mesmo tempo é conivente com Lula. Outros 17,8% aprovam a atuação dos dois partidos e não acreditam que eles sejam coniventes com o governo. Para 14,4% a oposição é independente, mas incompetente. Finalmente, há 10,9% que acusam Democratas e tucanos ao mesmo tempo de incompetência e subordinação ao Palácio do Planalto.

O Sensus também sondou a opinião pública sobre a possibilidade de mudar a Constituição para alterar as regras da reeleição. Apenas 12,3% dos entrevistados concordam com a idéia de que o presidente da República possa disputar um terceiro mandato. A maioria também rejeita a possibilidade de ampliar o mandato presidencial para cinco anos. Para 43,6% o mandato ideal é de quatro anos com reeleição. Outros 34,1% defendem o mandato único de quatro anos.


análise da notícia
Culpa dos “personagens”

O maior mal que políticos desonestos podem trazer ao país é fazer a população perder a fé na democracia. São inquietantes os números da pesquisa Sensus. Mais da metade dos entrevistados defende a extinção de uma ou até das duas casas do Congresso. Esse contingente é mais expressivo entre os brasileiros da Região Sudeste e com renda familiar mais alta. Há uma confusão entre os personagens dos escândalos e as instituições que eles representam.

O Senado não é só Renan Calheiros. A Câmara é mais que o conjunto de mensaleiros e sanguessugas. Muitas vezes, é verdade, o foco das notícias se concentra nos escândalos. É necessário, até para que eles sejam investigados até o fim. Mas há muito mais além deles.

O Congresso é fundamental para a democracia, inclusive por seu papel de fiscalização do Executivo. Enfraquecê-lo não interessa ao país. Por piores que pareçam nossos atuais representantes, a alternativa de ficar sem eles é pior. E sempre nos resta a próxima eleição para melhorar as coisas. (GK)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Partido de César Maia e Kassab, DEM lidera lista de políticos cassados por compra de votos

Caio Junqueira

Jornal Valor

Com 69 casos, o Democratas foi o partido com mais políticos cassados pela Justiça Eleitoral entre 2000 e 2006. Esse foi o resultado de um estudo divulgado ontem pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que levantou os políticos cassados por corrupção eleitoral entre os anos de 2000 e 2006. Neste período, foram apontados 623 situações em 339 processos julgados. A segunda colocação ficou com o PMDB (66), seguido pelo PSDB (58), PP (32), PTB (24) PDT (23) PR (17) PPS (14) e PT (10).


De acordo com o levantamento, as cassações ocorreram em todos Estados. Os campeões foram Minas Gerais (11,4% do total), Rio Grande do Norte (9,6%), São Paulo (8,8%), Bahia (8,6%) e Rio Grande do Sul (7,8%). Ao todo, foram cassados quatro governadores e vice-governadores, seis senadores e suplentes, oito deputados federais, 13 estaduais e 58 vereadores. A maior parte dos cassados, porém, foi de prefeitos e vices: 508 casos. Os governadores cassados foram Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Flamarion Portela (RR), que se elegeu pelo PSL mas depois se filiou ao PT.


Os casos mais comuns que motivaram as cassações foram compra de votos e distribuição de artigos diversos, como cestas básicas, combustíveis, cobertores, calculadoras, materias de construção e camisetas. Também há casos de entrega de dinheiro e promessa de de pagamento posterior a eleitores, distribuição gratuita de combustível para mais de mil veículos, promessa de entrega de lajotas e de prestação de serviços advocatícios. Houve até o oferecimento de isenção do pagamento de IPTU para mais de 1000 residências em um município.


Um caso curioso chama a atenção. No município de Campos Borges (RS), o prefeito e o vice, integrantes do PP, distribuíram cédulas de R$ 50 rasgadas, condicionando o recebimento da metade faltante à vitória na eleição. Outro, ocorrido em Sobral (CE) foi protagonizado por um vereador do PSD. Segundo o processo, houve a troca de dentaduras por votos. Como a protética não recebeu pelo serviço feito, formulou a acusação.


O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral é coordenado pelo juiz eleitoral Márlon Reis, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe). A iniciativa surgiu após a aprovação da lei 9.840, que determinou a possibilidade de cassação do mandato uma vez comprovada a compra de votos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Dilma Rousseff defende que o PT tenha candidatura própria em 2010


Dilma: Governo Lula investe
mais em programas sociais

DILMA COMPARA POLÍTICA
SOCIAL DE LULA À DE FHC

do Blog de Paulo Henrique Amorim

A Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff participou de uma sabatina realizada pelo jornal Folha de São Paulo nesta quinta-feira, dia 04, no Teatro Folha, na capital paulista. Ela usou dados de programas sociais para comprar as gestões do presidente Lula à do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (aguarde o vídeo).

A Ministra Dilma Roussseff disse que no governo FHC o programa “Luz Para Todos” realizou 500 mil ligações de energia elétrica, contra dois milhões de ligações realizadas pelo governo Lula.

A Ministra também comparou os programas de transferência de renda dos governos. Segundo Dilma Rousseff, o governo FHC dava assistência a dois milhões de famílias, enquanto o “Bolsa Família” contempla 11 milhões de famílias brasileiras.

Dilma Rousseff também disse que o PAC utiliza projetos que o “Avança Brasil”, programa desenvolvimento do governo Fernando Henrique Cardoso que, segundo a Ministra, não saiu do papel.

A Sabatina da Folha de São Paulo reuniu aproximadamente 300 pessoas, entre jornalistas e leitores. A ministra Dilma foi questionada por quatro jornalistas do grupo Folha e pelo público presente.

A re-estatização da Vale do Rio Doce, proposta por um plebiscito informal liderado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, foi um dos assuntos abordados durante a sabatina. A Ministra Dilma Rousseff disse que é contra a re-estatização da Vale. Ela só concordaria com essa proposta caso houvesse má administração.

Outro ponto muito questionado pelos jornalistas durante a sabatina foi a sucessão presidencial. Dilma Rousseff afirmou que discutir em 2007 as eleições de 2010 pode ser uma tentativa de encurtar o mandato do presidente Lula. Ela afirmou que não pretende ser candidata em 2010, mas defendeu que o PT tenha um candidato próprio nas próximas eleições.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Cadê Tereza?

Rádio do Moreno com Tereza Cruvinel

Congresso do PT mostrou um partido fragilizado e dependente do presidente Lula. Essa é a avaliação de Tereza Cruvinel, que acredita que Lula passou do ponto, ao defender correligionários que viraram réus.

Ouça aqui.

Arguto de fina estampa



04/09/2007 12:37

Nem me diga....

Estou surpreso, estou boquiaberto, de câimbras na base da língua, desatarrachou-se o maxilar: em editorial, o Estadão anuncia ao distinto público que o Congresso do PT, encerrado domingo passado, mostrou que o partido pretende manter-se no poder. Trata-se do registro de uma novidade histórica, para não dizer revolucionária. Nunca, em época alguma da democracia, partidos chegaram ao poder com o propósito de permanecer nele pelo maior lapso de tempo. Muito pelo contrário, cuidaram de governar com os mais límpidos intuitos filantrópicos e beneficentes e saudaram com alegria desmedida a alternância. Não foi isso que se deu, por exemplo, quando os petistas tomaram o lugar dos tucanos? Sem sair do chão, como a natureza determinou, os pássaros da nossa política batiam asas, enlevados. Foi comovente. Mas que esperar do Partido dos Trabalhadores? Egoísta, ganancioso, possessivo.
enviada por mino



03/09/2007 19:06

Não é fácil

Não é nada fácil entender o que o Partido dos Trabalhadores quer em relação às eleições de 2010. O 3º Congresso do partido concluiu-se com a aprovação de uma diretriz pela qual haverá candidato do PT à presidência. Em contrapartida, figuras importantes dizem que a decisão é apressada. O presidente Berzoini disse que a diretriz não favorece "quem quer construir alianças". Refere-se, evidentemente, ao presidente Lula. Preocupado, liguei para Cassandra e fiz um relato a respeito dos últimos desenvolvimentos da situação política nativa. Ela, que teme os Fados, comentou: "Grave, muito grave". Recomendei maior aprofundamento, a bem das minhas dificuldades de percepção, sem contar que a ligação com Esmirna não estava perfeita. "O pior que pode acontecer é um retorno à conciliação velha de guerra". "A conciliação das elites? Não posso crer...", retruquei. "Receio", voltou Cassandra à carga, "que Lula goste do papel de grande conciliador". "Mas ele não é da elite, muito pelo contrário". "Sim, é um ex-metalúrgico que a elite despreza, mesmo assim ele busca a conciliação em um ponto de encontro definido por um plebeu". "Você está exagerando". "Não creio, todos os movimentos dele indicam claramente a intenção de agradar Deus e o mundo, desde a Globo até um certo tucanato, no qual milita o ministro Nelson Jobim. Desde a CNBB até os banqueiros, desde as multinacionais até os peemedebistas DOCG, de denominação e origem controlada e garantida. Trata-se de um ecumenista". Entraram ruídos estranhos, ouvi comunista, mas logo entendi que não fazia sentido. Ela insistiu: "É um sonhador do ecumenismo". "Mas vai dar certo?" "Claro que não, ninguém é sincero nesta operação, a não ser, a meu ver, ele mesmo, o Lula. Quanto à conciliação em si, na sua versão tradicional, nunca deu certo para o País, deu apenas para a própria elite". Fiquei mais preocupado do que estava. Errei ao ligar para Cassandra, deveria ter procurado Totó, ou Alberto Sordi.
enviada por mino

sábado, 18 de agosto de 2007

O 1º round de Serra e Aécio

A cúpula do DEM transmitiu ao governador de São Paulo, José Serra, a seguinte mensagem: está disposta a abrir mão da vaga de vice na chapa presidencial do PSDB em 2010, seja para acomodar um peemedebista, seja para alojar um tucano. A oferta é um lance para ajudar Serra a consolidar o favoritismo na disputa interna do PSDB pela candidatura ao Palácio do Planalto.

Obviamente, há uma contrapartida: apoio do PSDB à reeleição de Gilberto Kassab para prefeito de São Paulo no ano que vem. No entanto, há um tremendo obstáculo. Pesquisa Datafolha publicada no domingo 12 de agosto mostrou que o ex-governador e ex-candidato a presidente Geraldo Alckmin lidera a corrida paulistana com boa vantagem em relação aos demais concorrentes. No cenário atual, Alckmin se elegeria prefeito da maior cidade do país.

Para ajudar Serra, o DEM se comprometeria a apoiar a candidatura de Alckmin a governador em 2010. Ou seja, o cenário ideal para Serra seria reeleger Kassab e ser candidato a presidente com Alckmin precisando do seu apoio para voltar ao Palácio dos Bandeirantes.

Detalhe: Alckmin está mais interessado em ser prefeito de São Paulo. Se ele optar por esse projeto, fará o jogo de outro presidenciável tucano, o governador de Minas, Aécio Neves. Serra sabe disso, e está preocupado.

As articulações para as eleições municipais do ano que vem são uma espécie de primeiro round entre os dois presidenciáveis tucanos. Serra tem a seu favor o apoio de caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e a liderança em todas as pesquisas sobre a sucessão presidencial de 2010.

Já Aécio busca se viabilizar por meio de amplas articulações políticas. Flerta com o PT, sinalizando para Lula que não seria um candidato a presidente hostil à sua administração. Uma vez na Presidência, trataria bem Lula e o PT.

Aécio também busca pontes com PSB, PDT e PC do B, três legendas que hoje tem expectativa real de poder com a possível candidatura do socialista Ciro Gomes. Ciro conta com a simpatia de Lula.

Num cenário admitido no Palácio do Planalto, Lula assistiria o jogo sucessório de camarote. O PT lançaria um candidato --por exemplo, o governador da Bahia, Jaques Wagner. Ciro concorreria com apoio de forças que hoje sustentam o lulismo. Aécio seria um oposicionista amigo, que, se naufragar na disputa tucana, poderia ainda tentar a sorte pelo PMDB.

Lula acha que já passou da hora de Aécio migrar do PSDB para o PMDB, pois avalia que o tucanato não lançará o mineiro. Mas Aécio teme essa aventura. Se perder a disputa no PSDB, poderá se enfraquecer para sair candidato por outro partido. Nesse dilema, vai ficando onde está.

A Serra, que mantém boa relação política e pessoal com Lula, resta o caminho de uma oposição mais dura. Seus aliados preferenciais são os democratas (pefelistas). E ele pode pescar apoios no PMDB, partido que o apoiou em 2002 e no qual tem bases sólidas. Exemplos: dois ministros de Lula o adoram, Nelson Jobim (Defesa) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). O governador paulista tem outro grande sonho. Chegar a um acordo para que Aécio aceite ser o seu vice. O mineiro, porém, tem dado sinais de que prefere holofote próprio.

Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.

E-mail: kalencar@folhasp.com.br

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Aécio sinaliza possível aliança a médio prazo com PT

Governador de MG coloca em xeque a aliança tradicional dos tucanos com o partido dos Democratas

ELIZABETH LOPES - Agencia Estado



SÃO PAULO - O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), colocou em xeque nesta quarta-feira, 15, a aliança dos tucanos com os Democratas e sinalizou que seu partido tem a possibilidade de fechar um acordo, a médio prazo, com o PT.

"Tenho que ser otimista e acredito que se for construído um projeto (para o País) é possível a formação de novas alianças. Em Minas Gerais, tenho uma relação próxima com setores do PT, com sintonia de idéias e pensamentos. Encontramos mais convergências do que divergências".

O discurso aconteceu durante palestra para cerca de 50 empresários da diretoria e dos conselhos da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), em Belo Horizonte.

Numa referência à tradicional aliança que os tucanos mantêm com os Democratas no Estado de São Paulo, Aécio disse que a política paulista influencia muito a brasileira e também as legendas. Porém, advertiu que "esta não é uma lógica para o resto do Brasil". "Não podemos permitir que a radicalização política de um Estado, seja ele qual for, nos imponha uma camisa de força que impeça o Brasil de avançar."

Na avaliação de Aécio Neves, uma aliança com o PT a curto prazo seria difícil. "Mas a médio prazo não." Ele acredita que esta aproximação seria mais fácil em torno de projetos e não de nomes. Aécio disse que, se o embate eleitoral for eliminado, PSDB e PT possuem muitas convergências. "Talvez este seja o meu papel, o de atuar na construção de pontes. Sou muito mais construtor do que dinamitador. Até porque para dinamitar, no Brasil a fila está muito grande."

Crescimento

Na entrevista que concedeu, o governador de Minas fez questão de dizer que mantém "uma excepcional relação pessoal com o presidente Lula", mas não deixou de criticar o baixo índice de crescimento brasileiro. "Lamento que o Brasil esteja perdendo a oportunidade de sair deste crescimento medíocre, e a turbulência na economia mundial acende a luz amarela."

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Planalto admite desgaste e discute como reconquistar a classe média

Cristiano Romero

Jornal Valor (para assinantes)

Depois de recuperar, no ano eleitoral, parte do prestígio que havia perdido na classe média durante a crise do mensalão, o presidente Lula voltou a perder apoio nesse segmento da população por causa do apagão aéreo, agravado pela tragédia do vôo 3054 da TAM. A última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 1º e 2 de agosto, mostra que a classe média está dividida na avaliação do governo.

No grupo da população com renda mensal familiar superior a dez salários mínimos (R$ 3 mil), 32% consideram a gestão Lula ótima/boa e 32% a classificam como péssima/ruim, enquanto 36% julgam-na regular. Na pesquisa anterior, feita em março, o índice de rejeição estava em 26%, mesmo percentual do período pré-mensalão. Já o índice de aprovação caiu, no mesmo período, sete pontos - de 39% para 32%.

Esses números acenderam a luz amarela no Palácio do Planalto e mobilizaram o núcleo decisório do governo, que na semana passada começou a discutir o que fazer para mudar esse quadro. A avaliação inicial, segundo ministros e assessores ouvidos pelo Valor, é a de que a classe média tem sido "fortemente beneficiada" pela retomada do crescimento. Numa reunião, um ministro questionou, porém, se o crescimento não estaria demorando a chegar para esse segmento da população. Essa possibilidade foi imediatamente descartada. "Ao contrário. Está chegando. Não há mais engenheiros para contratar no Brasil, o que significa dizer que a mão-de-obra qualificada, típica da classe média, está se beneficiando da geração de empregos", explica um assessor do presidente.

Na mesma reunião em que o tema foi discutido, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mencionou iniciativas tomadas pelo governo para ajudar a classe média e os efeitos da política econômica que a teriam beneficiado - entre outras coisas, foram citados a correção da tabela do Imposto de Renda, a expansão do crédito e dos prazos de financiamento (hoje, assinala um ministro, é possível financiar a compra de um carro em sete anos), o recorde de saques de recursos do FGTS para aquisição da casa própria, o aumento da geração de emprego formal, a criação do ProUni.

Mantega ficou encarregado de reunir, num documento, todas as medidas pró-classe média adotadas pela gestão Lula. A idéia é usar esse material para balizar o discurso oficial. O governo, segundo um ministro próximo do presidente, não fará propaganda para melhorar sua imagem nem adotará medidas específicas para beneficiar esse segmento social. A disposição, revelou um auxiliar de Lula, é ir para o que ele chama de "disputa política", o que envolve embates com a oposição, a adoção de medidas na área de segurança, o fortalecimento do Estado onde ele está fraco ou inoperante - o caso da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que teria sido capturada por interesses privados, foi mencionado como exemplo.

"A disputa política se dá primeiro para a classe média perceber as conquistas econômicas. Em segundo lugar, é preciso ela perceber que o fato de outros setores da sociedade estarem tendo conquistas econômicas é bom e não ruim para ela. Isso é uma batalha política porque sempre haverá um sujeito incomodado com outro sujeito que está crescendo embaixo dele", argumenta um ministro do núcleo. "No fundo, a discussão é de um projeto de país. Um país em que o crescimento econômico se dá com democracia e inclusão social é melhor para a classe média."

Um exemplo dessa "disputa política", diz um assessor do presidente, foi travado no segundo turno da eleição presidencial, quando Lula, ao perceber que precisava reconquistar setores da classe média insatisfeitos desde a crise do mensalão, adotou discurso antiprivatização. A estratégia funcionou, facilitada pelo fato de seu adversário na disputa - o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) - ter se recusado a assumir o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal responsável pelas privatizações ocorridas nos anos 90.

De fato, as pesquisas mostram que, entre o primeiro e o segundo turno da eleição de 2006, o índice de aprovação de Lula na classe média cresceu 14 pontos percentuais e o de rejeição, caiu três pontos. Nos meses seguintes, a aprovação ficou estável e a rejeição diminuiu seguidamente até chegar, em março, a níveis pré-mensalão.

Quando iniciou o primeiro mandato, Lula tinha baixa rejeição na classe média - 11%, segundo pesquisa feita em março de 2003 pelo Datafolha. Esses 11%, explica o sociólogo Antônio Lavareda, dono da consultoria MCI , representam o segmento social que, historicamente, por motivos político-ideológicos, rejeita Lula.

Ao fim do primeiro ano de mandato, o índice de desaprovação cresceu seis pontos percentuais. Em 2004, graças ao primeiro escândalo de corrupção conhecido da Era Lula - o Caso Waldomiro Diniz, que eclodiu em fevereiro -, a popularidade do governo petista na faixa mais rica da população começou a declinar, embora, no fim daquele ano, tenha retornado aos níveis anteriores àquele episódio.

Em 2005, com o surgimento de escândalos em série a partir do mensalão, a classe média tornou-se, pela primeira vez, majoritariamente contrária a Lula. Em dezembro daquele ano, o Datafolha registrou, nesse segmento da população, o maior índice de rejeição desde que o líder petista chegou ao poder - 46%. Já o índice de aprovação nunca tinha chegado a um patamar tão baixo - apenas 18%.

No ano eleitoral, tendo sobrevivido ao mensalão, Lula recuperou apoio popular e reconquistou parte da classe média que andava de mau humor com ele, mas, por causa da crise ética de seu governo e de seu partido, o PT, ele jamais conseguiu recuperar, nesse segmento social, a popularidade do início do mandato. O caos aéreo e o acidente da TAM pioraram novamente a avaliação, mas, segundo pesquisadores de opinião ouvidos pelo Valor, dificilmente essa tendência persistirá.

"O governo, embora tenha demorado, reagiu à crise e nomeou um ministro ativo. Nelson Jobim tem credibilidade, vestiu-se de 'rambo' e saiu pelo país apontando soluções. Ele demitiu o presidente da Infraero. Ou seja, não se pode dizer mais que o governo está parado como espectador da crise", diz Lavareda. "O acidente da TAM, que provocou uma nota mais severa à crise aérea, do ponto de vista do governo está sendo agora razoavelmente administrado. Além disso, o governo está fazendo um esforço para repassar uma responsabilidade maior às empresas aéreas."

Lavareda acha que o empate entre aprovação e rejeição de Lula na classe média é aparente. Na sua avaliação, esse segmento está mais pró-Lula do que se imagina. Ao ler a última pesquisa Datafolha, o sociólogo pernambucano observou que, na classe média, 32% dos entrevistados deram nota abaixo de cinco, numa escala de zero a 10. Do total, 17% deram nota cinco e 52%, entre seis e 10. "Isso mostra que a maior porção da classe média está fazendo uma leitura algo positiva do governo porque seus segmentos mais prejudicados economicamente são minoritários", diz ele, referindo-se a médicos e professores da rede pública e a algumas categorias de assalariados, os mais insatisfeitos, na sua opinião, com a gestão petista.

Diante disso e da popularidade de Lula nas camadas populares, Lavareda, além do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, e do dono do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, acreditam que a classe média perdeu influência. "A classe média não consegue mais transferir suas opiniões ao restante da sociedade", diz Paulino, ressalvando, no entanto, que a situação do presidente não é confortável - afinal, alega ele, o 1/3 da classe média que o rejeita é o que mais se mobiliza e "faz barulho". "Existe uma parcela da população - 15% do total - que está descontente com o governo. Essa parcela está no topo da pirâmide."

Essa situação explicaria o comportamento crítico da mídia. "Na campanha eleitoral, já havíamos visto a limitação desse discurso, sobretudo da mídia impressa, de conseguir empolgar a maioria da população. A mídia, com esse discurso mais crítico, fica algo descolada da opinião da maioria da população", reconhece Lavareda, associando o sucesso de Lula ao desempenho da economia. "Há certos momentos que são assim. Na Argentina, a economia vai bem, pipocam escândalos e a candidata do presidente, sua mulher, deve ganhar no primeiro turno. Um outro exemplo: nos Estados Unidos, os republicanos, refletindo o clima da mídia, fizeram campanha com base no impeachment de Bill Clinton, nas eleições parlamentares de 1998, e deram com os burros n'água."

"Os analistas estão distanciados da verdadeira percepção da classe média", sustenta Guedes, argumentando que Lula não é um populista como Hugo Chávez, presidente da Venezuela. "Chávez faz um discurso de esquerda e um governo de direita. Com Lula, o Brasil está vivendo um clássico pacto social-democrata."

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Aviso as Cassandras

O anti-lulismo e a anti-mídia

por Luis Nassif

A entrevista de Roberto Civita ao Jornalistas&Cia comprova a máxima: de onde nada se espera, nada vem. O que se tem, de um lado, é a grande imprensa apostando na radicalização. Perdeu o poder de derrubar presidentes; manteve o poder de influenciar amplas camadas na classe média.

É uma orquestração, que persiste há algumas décadas, e que só agora começa a sofrer algumas trincas dos novos meios de comunicações.

Há os veículos-âncora, que dão o tom e o toque. No momento, é o “Jornal Nacional”, jornal “O Globo” e a “Veja”. Depois, um subconjunto de grandes veículos que repercute: o “Estadão”, que, de qualquer forma, ainda tem uma linha própria; e a “Folha” que há alguns anos abriu mão de ser âncora para ir a reboque da “Veja”. De vez em quando se sente a “Folha” tentando recuperar o espaço perdido. Como o espaço que deixou não foi ocupado por ninguém, um pouquinho de racionalidade e de capacidade de pensar grande poderá trazê-la de volta ao eixo original.

Parte relevante dos colunistas políticos, e até de Variedades, continua prisioneira da “síndrome da indignação”. É uma armadilha que sempre pega gente mais insegura. O sujeito quer se identificar com seu leitor. Para tanto, tem que demonstrar indignação, indignação e indignação. Não lhe ocorre trazer explicações, análises. O que vale são os decibéis, que o igualam ao leitor. Tem audiência. No tempo de FHC, lembro-me de conversas com alguns colegas – que batiam diariamente em FHC – e que diziam que, no dia em que ficavam mais calmos, os leitores reclamavam. O problema

Esse estilo me embrulha o estômago há muito tempo. Não existe nada mais fácil e demagógico do que a indignação reiterada. A indignação é virtuosa quando isolada, quando a pessoa identifica um fato não notado e expressa sua indignação. É a maneira de chamar a atenção para o que não foi visto, é a expressão da surpresa, do espanto ante o inusitado. Quando se entra no “coral dos indignados”, na maratona de quem consegue ficar por mais tempo indignado, perde a nobreza, torna-se demagógica, previsível.

***

Não sei quanto tempo irá levar nessa situação. Concretamente, o que está ocorrendo é uma radicalização cada vez maior entre esse público da grande mídia e um amplo espectro que poderia ser denominado de anti-grande mídia – que, temo eu, seja mais amplo do que o arco lulo-petista, porque engloba pessoas que entenderam que não pode existir poder absoluto em um governo, mas também não pode existir na mídia.

Em uma sociedade de massa, a arrogância é veneno na veia. Sérgio Motta, grande político e brasileiro, tornou-se alvo quando seu estilo foi confundido com arrogância; Fernando Collor foi derrotado muito mais pela arrogância do que pelos abusos; FHC criou uma enorme resistência, muito mais por sua arrogância intelectual do que pelos seus atos; José Dirceu foi defenestrado quando permitiu que se disseminasse a imagem do super-poderoso.

Pois é essa mesma mídia, que nas últimas décadas, providenciou essa caça-ao-arrogante, que se deixou cair na armadilha da arrogância. Cada forçada de barra, cada manchete escandalosa, cada crítica mal-posta cria anti-corpos na hora – é só ler os comentários aqui no Blog.
Por outro lado, cada manifestação desse público midiático provoca uma contra-manifestação em igual ou maior força do público anti-midiático. E ai se complica. Os dois lados estão fervendo, radicalizados. Está-se criando um fosso no país, mesmo tendo na presidência da República um político fundamentalmente contemporizador.

***

O que ocorrerá, se esse clima persistir até as próximas eleições? Primeiro, inviabilizará qualquer candidatura de consenso. Candidatos que poderiam montar um grande arco de alianças de centro-esquerda serão expulsos do jogo. Havendo a radicalização, o candidato lulo-petista será aquele que desfraldar a bandeira anti-mídia: Ciro Gomes ou Roberto Requião. E o resultado será o confronto, que poderá ocorrer antes, durante ou após as eleições.

São tão óbvios esses desdobramentos que às vezes fico pensando em que país vive Roberto Civita.

enviada por Luis Nassif

domingo, 29 de julho de 2007

"Pesquisa não revela ameaça à popularidade de Lula"

Rosa Costa, BRASÍLIA

O Estado de São Paulo

O desgaste do governo federal com o apagão aéreo será tanto maior quanto mais tempo o setor ficar sem soluções concretas e a crise permanecer nas manchetes dos jornais. Mas a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa do tipo de público que usa transporte aéreo, tende a ser protegida.

As avaliações são do diretor do Instituto Vox Populi João Francisco Meira, que, em entrevista ao Estado, revela que foi feita pesquisa em São Paulo, três dias após o acidente com o avião da TAM, no cenário da tragédia. "Os resultados não ameaçaram a popularidade do presidente na capital. Houve uma queda, mas não muito grande", afirma, sem dar mais detalhes.

Meira não vê relação entre as vaias ao presidente e o apagão aéreo, apesar de assessores petistas terem entendido a reação como uma resposta ao caos nos aeroportos. Avalia que o colapso na aviação repercute menos contra Lula do que o quase apagão elétrico no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que atingiu toda a população. "Embora seja um meio de transporte usado pelas classes A,B e C, a aviação está longe de ser um transporte de massa."

O senhor vê relação entre as vaias ao presidente Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos e no Nordeste e a crise do apagão aéreo?

Aplaudir ou vaiar é do jogo. Vaia no Rio tem um sentido cultural, não tinha ainda nenhuma implicação maior. E nos Estados é um gesto de funcionários públicos em greve e de estudantes fazendo manifestações.

Essas vaias vão ter reflexo na próxima avaliação da popularidade do presidente?

Já ouvi vaias ao Juscelino, ao Jânio, ao Jango, já ouvi vaias para todos os presidentes. Só não tomou vaia quem nunca se expôs ao público, como os dirigentes da ditadura militar. Alguns foram até aplaudidos. Vaiar ou aplaudir é do jogo da política. O que não quer dizer que os níveis de popularidade do presidente são imóveis. Há amplos setores da opinião pública que, hoje, não estão contentes nem com o presidente nem com o governo.

A que o senhor se refere quando fala em amplos setores?

Além de relevantes estatisticamente, são pessoas que têm capacidade de expressar esse descontentamento, têm acesso aos meios de comunicação e, portanto, são capazes de sinalizar esse descontentamento de uma forma mais expressiva. Isso pode, com o tempo, se disseminar. Mas isso tudo é relativo porque também o governante e o governo reagem a isso tomando medidas aqui e ali em função dessas coisas. Há uma dinâmica aí que nem sempre é muito previsível. Não quero dizer que vai ficar assim, o que eu quero dizer é que vai demorar a mudar e não será por esses indicadores que hoje estão aí, que são insuficientes.

O acidente com o Airbus da TAM, que expôs ainda mais a crise aérea, afetará a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Essa hipótese não está provada nem negada. Não existem ainda dados consistentes a respeito disso. A única evidência foi uma pesquisa feita na cidade de São Paulo três dias após o acidente, no cenário do acidente, com a população extremamente impactada com isso. Mesmo assim, os resultados não ameaçaram a popularidade do presidente na capital; houve uma queda, mas não muito grande. A questão do acidente em si provoca comoção, emoções, sentimentos fortes, mas não necessária e diretamente contra o governo.

Se a crise continuar, com os aeroportos superlotados, a classe média sem condições de planejar viagens, isso pode reduzir a popularidade do presidente?

Acho que a popularidade pessoal do presidente está ligada à capacidade percebida de resolução de problemas que começam com as desigualdades sociais, que passam pela questão da estabilidade econômica, do desenvolvimento e questões específicas como criminalidade, saúde, habitação, questões de infra-estrutura, inclusive a crise aérea. A avaliação que o eleitor faz é ampla e leva muitas coisas em consideração. Evidentemente que, se esses problemas da infra-estrutura e do sistema aéreo continuarem nas manchetes como algo que incomoda e sem solução à vista, isso cria o desgaste, não a ponto de desestabilizar o governo, mas é claro que cria o desgaste.

O senhor nota alguma relação entre o apagão aéreo e a crise no sistema elétrico que abalou a popularidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?

São coisas muito diferentes, os públicos atingidos são completamente diferentes e os efeitos são muito diferentes também. Eu acho que nós temos aí duas questões: primeiro, não temos, ainda, dados suficientes para medir direito os efeitos da crise aérea. Nessas circunstâncias, sob forte comoção, não é recomendável você fazer pesquisas e tirar conclusões que possam ser duradouras. A crise do setor elétrico atingiu todos, praticamente 100% da população. Já no transporte aéreo, embora seja hoje um meio de transporte amplamente utilizado pelas classes A, B e C, está longe de ser um transporte de massa que atinja a população do País como um todo, inclusive do ponto de vista da dispersão. Está muito concentrado em um certo número de cidades. Então, atinge de forma direta uma parte muito menor da população.

Há no País outro governante que tenha conseguido manter esse distanciamento entre a sua figura e o governo, em questão de avaliação pública?

Do ponto de vista de pesquisa de opinião pública, dificilmente, porque nós não temos uma trajetória assim tão longa. Nos presidentes pós-democratização certamente as relações entre presidente e governo ficavam muito evidentes. Eu vejo uma diferença em relação ao presidente Fernando Henrique, que era uma coisa meio contrária, as pessoas não gostavam muito dele, mas gostavam do governo. Acabou acontecendo o inverso. A popularidade dele era menor do que o governo. Esse descolamento - um presidente bem e um governo mal - não me recordo em termos de pesquisas de alguma coisa parecida.

Há com quem se comparar em outros países?

Há um caso, talvez, parecido. Acho que o presidente Lula lembra um pouco a figura de Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul). Ele teve seus problemas, um governo complicado, e no entanto ele se manteve. Uma coisa interessante é que, tendo chance de disputar a reeleição, preferiu não fazê-lo. Então tem hoje uma autoridade moral e política na África que ultrapassa os limites de seu país.

O senhor acredita que seria diferente se ele tivesse mais um governo?

O fato de ele não ter disputado a reeleição foi uma questão política interna. Ele tinha controle e ascendência sobre seu partido, mas preferiu agir assim. Eu não diria que Lula errou ao se candidatar à reeleição, mas os problemas que isso gera são de quem está há muito tempo no poder.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Folha de São Paulo disse que empresarios ligados ao PSDB lançaram o movimento "Cansei"

OAB lança campanha "cansei" para protestar

Iniciativa encampada pela Ordem foi de publicitários e empresários ligados a tucanos; movimento não é político, dizem lideranças

"Cansei do caos aéreo", "cansei de bala perdida", "cansei de pagar tantos impostos" estão entre os slogans do movimento

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Será lançado hoje em todo o país o "Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros", que os idealizadores já chamam de "Cansei". Emissoras de rádio e TV devem divulgar a iniciativa.
O movimento reúne lamentos distintos em uma "cesta de cansaços". Até o dia 17 de agosto, quando se completa um mês do acidente com o avião da TAM, serão veiculados anúncios com frases como "cansei do caos aéreo", "cansei de bala perdida", "cansei de pagar tantos impostos", "cansei de empresários corruptores".

A iniciativa tomou forma a partir de reuniões no escritório de João Dória Jr. No ano passado, ele promoveu almoços para arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Oficialmente, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) lidera o grupo.
Segundo Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP, apesar dos slogans, o movimento não tem viés oposicionista. "Não entraria em nada com cunho político, o objetivo é expressar indignação contra tudo o que está acontecendo no país, e, algumas coisas, há muitos anos. Não somos anti-Lula." Procurado, o Palácio do Planalto não fez comentários. Mas, conforme informou ontem a "Coluna da Mônica Bergamo", na Folha, o governo monitora o grupo de perto.

No dia 17 de agosto, o "Cansei" fará um ato ecumênico no local da tragédia com o avião da TAM para homenagear as vítimas. Também pedirá que todos os brasileiros façam um minuto de silêncio nesse dia.

Na semana passada, após o acidente, um grupo se reuniu no escritório de Dória em São Paulo para discutir a idéia. Nesta primeira reunião, estavam publicitários como Sérgio Gordilho, presidente da agência de publicidade África, e membros do Comitê de Jovens Empreendedores da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), como Ronaldo Koloszuk, 29. Depois, o grupo ganhou a adesão de outras entidades, como a Associação Comercial de São Paulo.

"Perdi amigos no vôo da TAM", diz Dória. "O movimento nasceu de uma indignação coletiva, da sensação de que é preciso fazer alguma coisa, mostrar que a sociedade não está apática. Mas, ao mesmo tempo, queremos demonstrar uma solidariedade às vítimas de forma pacífica, organizada. Unimos as duas coisas, com o mesmo espírito."

Na última terça-feira, o grupo se reuniu com a OAB-SP e propôs que a entidade liderasse o "Cansei". Segundo Dória e D'Urso, só a organização dos advogados tem legitimidade para levar adiante "um movimento em prol da cidadania".

Tucanos
O grupo afirma que não teve nem terá custo algum com a campanha. "As campanhas publicitárias foram feitas de graça e as TVs e rádios também vão veiculá-las sem cobrar", diz Koloszuk, da Fiesp. Um anúncio de 30 segundos no intervalo do "Jornal Nacional", da TV Globo, custa R$ 318.500.

Quem capitaneou a produção das peças foi a África, de Nizan Guanaes. Ele fez a campanha do tucano José Serra à Presidência, em 2002, e uma de suas empresas ganhou neste mês parte da conta dos Correios, do governo federal, no valor de R$ 22 milhões. Os organizadores do "Cansei" dizem que outras agências colaboraram com o movimento, mas não divulgaram os nomes.

Todos os organizadores tentam se desvincular de partidos. Dória, ligado aos tucanos há muitos anos, afirma: "Tenho uma boa relação com o Alckmin, mas não conversei com ele sobre o movimento. Ninguém pode acusar o brasileiro de que, porque está indignado, faz política." D'Urso afirma que se a oposição ao Planalto fizer uso do "Cansei", o movimento sairá de circulação.

É a mesma posição de Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, entidade que era presidida por Guilherme Afif Domingos (DEM), hoje secretário do tucano Serra no governo de São Paulo. "Queremos despertar em cada indivíduo o que ele pode fazer para mudar o país."

Folha de São Paulo
(para assinantes)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

No Nordeste, Lula diz que políticos têm de ser 'mais civilizados'

Diferentemente de Aracaju, presidente foi bem recebido em João Pessoa, onde lançou o PAC

Angela Lacerda, do Estadão

JOÃO PESSOA - Em discurso para uma platéia calorosa, de 800 pessoas, no Teatro Paulo Pontes, no Espaço Cultural de João Pessoa, o presidente Lula criticou os seus opositores e disse que a classe política precisa ser "mais civilizada". "Enquanto a classe dirigente fica brigando pequeno, com mesquinharia, o povo fica sofrendo, o povo fica na expectativa que apareça um milagroso para salvá-lo e não tem", disse ele sob aplausos.

Ele pregou ser preciso discernir o momento de fazer oposição e o momento de pensar o País. E reclamou que no Brasil a eleição não termina nunca. "Acabou uma eleição, ela continua, ela é eterna e você pode mandar qualquer projeto, pode ser para melhorar, mas se são contra o governo dizem eu voto contra, eu não voto favorável, não se preocupam sequer em analisar se aquilo vai beneficiar o povo do nosso País".

O presidente pregou a necessidade de se ter políticas públicas justas, de se fazer parcerias, "É preciso que a gente contribua", independente do partido a que se pertença. "Não quero saber em quem o eleitor votou na eleição de outubro, se em mim ou no adversário", afirmou. "Acabou a eleição, agora fomos eleitos para governar este País".

Só elogios

Recebido aos gritos de "Lula" e de slogans de campanha, o presidente anunciou a liberação de R$ 316,8 milhões de recursos federais para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que vai beneficiar 850 mil pessoas de cinco cidades de maior porte, incluindo a capital, com obras de saneamento e urbanização de favelas.

Foi elogiado em todos os discursos, do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, ao governador tucano Cássio Cunha Lima, todos favoráveis à transposição do Rio São Francisco. Cunha Lima frisou que o presidente tem o seu apoio "irrestrito, pleno e incondicional". Afirmou que a Paraíba "agradece de pé" - toda a platéia levantou, neste momento - e está unida em torno da integração do País.

Acompanhado da ministra Dilma Rousseff e do ministro das Cidades Márcio Fortes, sua visita à Paraíba mereceu nota na imprensa local do presidente da Federação das Indústria da Paraíba, Francisco de Assis Benevides Gadelha. "Vamos ajudar o presidente nessa sua cruzada cívica de resgate de cidadania", conclamou.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Viva a catástrofe! Os bons tempos voltaram

Do Blog de Nassif

Sempre que há uma catástrofe nacional, irrompe uma euforia de cabeça para baixo. É como se a opinião pública dissesse: "Eu não avisei? Bem que eu falei, não adianta tentar que sempre dá tudo errado...".

Há um grande amor brasileiro pelo fracasso. Quando ele acontece, é um alívio. O fracasso é bom porque nos tira a ansiedade da luta. Já perdemos, para que lutar? O avião explodindo nos dá uma sensação de realidade. Parece o Brasil indo a pique -o grande desejo oculto da sociedade alijada dos podres poderes políticos, que giram sozinhos como parafusos espanados.

Não é uma ameaça de CPI, não é um perigo de crash da Bolsa. É morte, gás e fogo. E nossa vida fica mais real e podemos, então, aliviados, botar a culpa em alguém.

Chovem cartas de leitores nos jornais. Todas exultam de indignação moral, todas denotam incompreensão com o programa do governo de reformar o sistema, programa muito "macro", mal explicado, "muito cabeça" para a população.

Nada como um desastre ou escândalo para acalmar a platéia. E a oposição, aliada à oligarquia, usa bem isso. Danem-se as questões importantes, dane-se a crise externa, dane-se tudo. Bom é fofoca e denúncia. A finalidade da política é impedir o país de fazer política. Nada acontece, dando a impressão de que muito está acontecendo.

Há uma tradição colonial de que nossa vida é um conto-do-vigário em que caímos. Somos sempre vítimas de alguém. Nunca somos nós mesmos. Ninguém se sente vigarista.

O fracasso nos enobrece. O culto português à impossibilidade é famoso. Numa sociedade patrimonialista como Portugal do séc. 16, em que só o Estado-Rei valia, a sociedade era uma massa sem vida própria. Suas derrotas eram vistas com bons olhos, pois legitimavam a dependência ao rei. Fomos educados para o fracasso. Até hoje somos assim. Só nos resta xingar e desejar o mal do país.

Quem tem coragem de ir à TV e dizer: "O Brasil está melhorando!", mesmo que esteja? Ninguém diz. É feio. Falar mal do país é uma forma de se limpar. Sentimo-nos fora do poder, logo é normal sabotar. O avião da TAM derreteu feito bala de açúcar na boca dos golpistas.

O fracasso é uma vitória para muitos. Não fui eu que fracassei, foi o governo, o “populismo”. O maior inimigo da democracia é a aliança entre o ideologismo regressista e a oligarquia vingativa. Nossos heróis todos fracassaram. Enforcados, esquartejados, revoltas abortadas, revoluções perdidas. Peguem um herói norte-americano: Paul Revere, por exemplo. Cavalgou 24 horas e conseguiu salvar tropas americanas na Guerra da Independência. Foi o herói da eficiência. Aqui, só os fracassados verão Deus.

O que moveu Pedro Simon e Arthur Virgilio foi a esperança do caos. Pedro Simon se acha o missionário da catástrofe. Ele é o ideólogo da explosão de furúnculos. Ele acredita no pus revelador. Virgilio quer levar em seu declínio o país todo com ele, cair destruindo, numa espécie de triunfo ao avesso. Ele é o último bastião do patrimonialismo tradicional, resistindo ao capitalismo impessoal.

Espalhou-se a teoria de que o problema do Brasil é "moral". Este "bonde" funk de neo-udenismo psicótico, este lacerdismo tardio, este trenzinho de "janismo" com "collorismo" visam impedir a modernização do país, sob a capa do "amor". São a favor da moralidade, mas contra a lei de Responsabilidade Fiscal.

Esta onda de moralismo delirante busca impedir a reforma das instituições, que estimulam a imoralidade. Tasso , tocando trombone sob um telhado de vidro, é o grande exemplo. Arthur Virgilio, com boquinha de ânus e vozinha de padre, outro.

Nossos intelectuais se deliciam numa teoria barroca da "zona" geral. O Brasil é visto como um grande "bode" sem solução, o paraíso dos militantes imaginários. Quem quiser positividade é traidor. A miséria tem de ser mantida "in vitro" para justificar teorias e absolver inações. A academia cultiva o "insolúvel" como uma flor. Quanto mais improvável um objetivo, mais "nobre" continuar tentando. O masoquista se obstina com fé no impossível.

Há um negativismo crônico no pensamento brasileiro. Paulo Prado contra Gilberto Freyre. Para eles, a esperança é sórdida, a desconfiança é sábia: "Aí tem dente de coelho, "alguma" ele fez...".

Jamais perdoarão Lula por ter abandonado a utopia tradicional e aderido à "realpolitik". Quase nenhum "progressista" tentou ajudá-lo nessa estratégia. Quem tentou foi queimado como áulico ou traidor, pela plêiade dos canalhas e ignorantes. Talvez tenha sido um dos maiores erros da chamada "social-democracia", talvez a maior perda de oportunidade da história. Agora, os corruptos com que Lula se aliou para poder governar querem afogá-lo na lama.

A "realpolitik" virou "shit politics".

Assim como o atraso sempre foi uma escolha consciente no século 19, o abismo para nós é um desejo secreto. Há a esperança de que, no fundo do caos, surja uma solução divina. "Qual a solução para o Brasil?", perguntam. Mas a própria idéia de "solução" é um culto ao fracasso. Não lhes ocorre que a vida seja um processo, vicioso ou virtuoso, e que só a morte é solução.

Vejam como o Brasil se animou com a crise atual. Ôba! É o velho Brasil descendo a ladeira! Viva! Os bons tempos voltaram!

Enviado por: Paulo

sexta-feira, 6 de julho de 2007

LE TALK DE PARIS: Lula

LE TALK DE PARIS

Président Luiz Inacio Lula da Silva du Brésil

vendredi, 6 juillet 2007

Le président du Brésil Luiz Inacio Lula da Silva rejoint Ulysse Gosset pour parler du partenariat stratégique qu'il va bientôt signer. Une première coopération entre un pays d'Amérique Latine et l'Europe. Ici

quinta-feira, 5 de julho de 2007

“RORIZ É UM ESTADISTA”, DISSE ALCKMIN


Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 498

A mídia conservadora (e golpista) se esquece que Renan Calheiros, o novo Belzebu, foi ministro da Justiça de FHC.

(Clique aqui para ler o interessante dialogo que travei com um nordestino sobre os motivos que levam a Globo a espinafrar Renan e se esquecem de FHC, o Farol de Alexandria)

(Clique aqui para ler o artigo de Luiz Carlos Azenha a respeito da mídia e FHC)

A mídia conservadora (e golpista) também se esqueceu das relações entre Geraldo (“choque de gestão”) Alckmin e Joaquim Roriz.

. O mínimo que Alckmin disse de Roriz foi que se trata de “um estadista”.

. Para ajudar os leitores, o Conversa Afiada fez uma pequena pesquisa para localizar as perolas que trocaram Roriz e Alckmin.

. Perolas de Alckmin sobre Roriz:

“Roriz é um estadista”. (O Globo – 11/09/2006)

"Precisamos de um senador com a estatura de um estadista, como o Roriz". (Jornal de Brasília – 11/09/2006)

"É um apoio extremamente importante de um governador muito bem avaliado". (Tribuna do Brasil – 30/03/2006)

"Eu era co-piloto de um grande comandante, assim como Abadia foi co-pilota de um grande comandante (Roriz)". (Estadão – 08/07/2006)

"Se dependesse de pesquisa, o governador de Brasília não teria sido três vezes o Roriz”. (Brazilian Press – 13/09/2006)

"Abadia fez um curso intensivo sobre como governar com Joaquim Roriz. Ela foi co-pilota do DF". (Jornal de Brasília – 11/09/2006)


. Pérolas de Roriz sobre Alckmin:

“Quando ele anunciou que iria disputar a Presidência do Brasil, eu disse: surgiu o meu candidato”. (JB – 11/09/2006)

“(Alckmin é) o homem certo que vai solucionar os problemas do Brasil. Com ele, não vamos passar a vergonha que estamos passando (...) Ele é um enviado de Deus (...) A presença de Geraldo Alckmin no Palácio do Planalto nos dará a certeza de que o interesse público voltará a ser respeitado”. (Correio Brasiliense – 09/07/2006)

“Se nós estivermos unidos com Alckmin, pedindo votos, quantos empregos, quantos lugares importantes nós vamos conquistar para os nossos amigos?” (Correio Brasiliense – 17/10/2006)

"Alckmin é a pessoa mais preparada para assumir o comando do país e não seria educado negar um convite para ser o vice dele". (Tribuna do Brasil – 30/03/2006)

"Alckmin é um enviado de Deus para salvar o Brasil". (Estadão – 08/07/2006)

“Comparem e digam ao seus amigos o que ele (Alckmin) é”. (O Globo – 11/09/2006)

Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Lula em travessia direta para 2014


Aos céticos, que não crêem um segundo na autenticidade da candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República; aos desconfiados, que esperam ver para crer o presidente Lula apoiar um candidato de partido aliado em prejuízo do PT; aos realistas, que avaliam com extremo cuidado a existência de algum plano na sucessão para quem, hoje, tem traço nas pesquisas de opinião; aos apressados, que pretendem definir já os múltiplos rumos políticos da ministra Marta Suplicy, do Turismo; a todos, enfim, principalmente aos petistas mais envolvidos nas conspirações preliminares da sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se permitiu dar um único sinal sobre seus planos: voltará a pleitear a Presidência da República em 2014. Isto todos entendem como certo.


Um sinal apenas, mas muito importante, pois é referência para o comportamento do presidente daqui em diante, incluindo as suas opções, seja no PT ou na aliança, de 2008 e 2010. Isto influencia, cabal e completamente, a trajetória de todos os seus aliados interessados nas sucessões municipais, estaduais e da Presidência da República.


Sendo candidato em 2014, e a prevalecer intacta sua impermeabilidade aos intermináveis escândalos de corrupção no governo, o presidente Lula deve evitar compromissos com a vitória em 2010.


Ganha consistência a hipótese de que seu desejo é escolher, se for do PT, um candidato fraco, porém bem construído, a quem dará apoio incondicional. Seria, segundo este raciocínio que se desenvolve entre petistas, um "candidato para perder", mas com dignidade, com uma votação que garantisse a veracidade da candidatura.


É na tese do candidato fraco, porém politicamente bem construído, que entra a ministra Dilma. O presidente estaria apostando que, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sobre cujas obras a chefe da Casa Civil vem pregando em todas as regiões do país, e a veiculação concomitante de uma propaganda intensa, seria possível erguer uma candidatura básica, do nada, estando neste nada uma ausência total de votos em qualquer tempo.


Restaria, porém, como incógnita desta opção, a aceitação do PT. Quem conhece as idiossincrasias do partido acha difícil que Dilma seja aceita como candidata, mas tudo, absolutamente tudo vê-se como possível para o presidente.


Ninguém se dispõe a enfrentar a conveniência


A ex-prefeita e agora ministra Marta Suplicy tem apoio do PT e é quem aparece melhor situada nas pesquisas e, portanto, com perspectivas concretas de ajudar a candidatura Lula em 2014 se estiver em qualquer um dos principais postos em disputa. Para a Prefeitura de São Paulo, Marta lideraria, junto com o tucano Geraldo Alckmin, com 35% hoje, segundo pesquisas. O governo paulista e a Presidência seriam opções melhores para a ministra, que já foi prefeita e estaria à espera de novas oportunidades, segundo desejo manifestado por seu grupo político.


Mas as conveniências de Marta podem esbarrar nas conveniências de Lula, e é uma incógnita a consideração que o presidente atribuirá a esta candidatura à luz de seu projeto 2014. O fato de não ter dado a Marta ministérios politicamente mais encorpados, como Educação e Cidades, pode ser indício de alguma decisão preliminar. Deve haver também uma razão para tê-la colocado no Ministério do Turismo, onde um orçamento de R$ 360 milhões contrasta com os R$ 15 bilhões que administrou anualmente na Prefeitura de São Paulo.


Outros nomes do PT vêm sendo mencionados, ora como opções de candidatura a prefeito de São Paulo, ora como candidatos a governador e até como novidade para a presidência, como o do ministro Fernando Haddad, o governador Jaques Wagner, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Porém, antes de fazer parte das cogitações, precisam romper o traço nas pesquisas de opinião. Por enquanto, quem ainda entra nas avaliações é o senador Aloisio Mercadante, mas de uma maneira cautelosa: ele teria um recall de 15%, mas teria que ser politicamente revigorado depois que seus mais próximos assessores de campanha fizeram ruir sua credibilidade com os escândalos de 2006.


A candidatura Marta à Presidência, na análise de peritos do PT, não seria a tal "candidatura para perder". Entretanto, todos os candidatos, do PT aos aliados, sabem que, para ganhar, é fundamental o apoio de Lula, e está aí o paradoxo.


O presidente não afasta a possibilidade de apoio a um candidato de partido aliado, PSB, PMDB, ou PDT, mas, à luz do plano 2014, os políticos teriam que aprovar antes o fim da reeleição. Como os candidatos em melhores condições de disputa pela oposição, os governadores José Serra e Aécio Neves (PSDB) já se manifestaram a favor do fim da reeleição, não se vê, por enquanto, obstáculos aos planos presidenciais para daqui a sete anos. Leia a integra da coluna de Rosangela Bittar no Valor (para assinantes)

domingo, 10 de junho de 2007

O controle perdido

JANIO DE FREITAS

A origem do descontrole e seus frutos não está na Polícia Federal. Está em decisões do próprio Lula

O PINGA-PINGA de informações que associam o nome de Lula ao irmão e ao compadre alcançados pela Operação Navalha, tão parecido com as intrigas políticas que se valem da imprensa, é a amostra, para uso externo, da perda de controle que atinge a Polícia Federal na sua primeira era de eficiência e prestígio.

Tudo o que a liberação dosada pela PF proporcionou até agora - quase a mesma coisa com mudança irrelevantes - já era do seu conhecimento antes da divulgação inicial das gravações comprometedoras. Mas a origem do descontrole e seus frutos não está na PF. Está em decisões e autorizações do próprio Lula.

Só agora, passados três meses desde a confirmação de sua escolha para ministro da Justiça, Tarso Genro afirma, para todos os efeitos, a efetivação do delegado Paulo Lacerda no trabalho extraordinário que fez na PF, com o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos. A politicagem típica do serviço público teve muito tempo para voltar ao predomínio na PF, com disputas não só pela direção geral. A PF, nesse sentido, voltou ao seu passado. E mesmo para o experiente Paulo Lacerda a recomposição da obra prejudicada tende a ser mais problemática do que foi criá-la.
Tanto mais que Tarso Genro já cometeu a imprudência de informar que, no final do ano, Paulo Lacerda reexaminará sua permanência. Está dada, pois, a indicação para a continuidade das disputas perturbadoras.

O antecedente desses erros é outro erro. Lula armou-se de dois articuladores políticos e não tem nenhum. Tarso Genro, na Justiça, continua fazendo tanta política partidária e governista quanto antes, quando foi articulador oficial sem êxito perceptível. Leia mais na Folha de São Paulo (para assinantes

sábado, 9 de junho de 2007

PT e PMDB ensaiam 40 parcerias no Rio

Leandro Mazzini

BRASÍLIA.O PT do Rio quer pegar carona na lua-de-mel do governador Sérgio Cabral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e articular o maior número de chapas com o PMDB para disputar as eleições municipais no Estado. A idéia é fechar parceria em pelo menos 40 cidades. Hoje, o PMDB administra 42 municípios, e o PT, só nove. Há 13 dias, Cabral e a bancada federal petista se reuniram num animado almoço no Palácio Guanabara, a fim de tratar do assunto.

O anfitrião gostou da idéia e marcou novo encontro com o grupo para daqui a dois meses.

- A relação de Cabral com Lula é boa e precisamos amadurecer isso - disse o líder do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ).

A bancada estadual não quer ficar atrás. O presidente do diretório regional, Alberto Cantalice, já elabora um mapa do Estado, no qual anotará onde há possibilidade parceria.

- Temos condições de fechar chapa em pelo menos 40 municípios - declarou Cantalice, que não foi ao almoço no Palácio Guanabara.

Além de Luiz Sérgio, que propôs o encontro com Cabral, participaram da reunião os correligionários Edson Santos, Cida Diogo, Jorge Bittar, Chico D'Ângelo e Carlos Santana. Cabral foi tão amigável que os petistas esqueceram o cardápio e já propuseram, à mesa, nomes para um possível acordo com o PMDB no ano que vem. O ex-vereador Edson Santos apresentou-se como opção do partido no Rio. Cida Diogo disse que se candidatará à prefeitura de Volta Redonda. Leia mais aqui no JB Online

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Informe JB

Jornal do Brasil


Zarattini pai e Zarattini filho estão em campanha contra a aprovação do mecanismo de eleição por listas partidárias preordenadas. Aquele em que o partido escolhe a ordem de votação de seus deputados e o eleitor vota na legenda. Dependendo do número de votos conseguidos pelo partido, vão entrando os deputados segundo essa ordem predeterminada. Ricardo Zarattini tem argumentos bastante razoáveis contra isso:

- O voto em lista fechada vai tirar do eleitor o direito de escolher os seus candidatos, um direito importantíssimo para aumentar a participação popular na política. Dará mais poder às cúpulas partidárias. Na Itália, há uma repulsa geral ao sistema de voto fechado. Eles chamam de porcellum. Um termo latino que quer dizer "isso é porcaria". Recentemente, no Equador, com o mesmo sistema eleitoral fechado, o que aconteceu? Era tanta corrupção e permanência dos mesmos que o próprio candidato vencedor, Rafael Correa, sequer apresentou uma lista de candidatos no seu partido. Leia mais aqui