quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Superterça mantém candidatura democrata embolada

MARÍA LUISA AZPIAZU

da Efe, em Washington

Se confirmaram os agouros. A Superterça colocou John McCain mais próximo da candidatura republicana, mas não conseguiu definir o panorama democrata, e a campanha entre Barack Obama e Hillary Clinton continua embolada. Na opinião de analistas, a confirmação de McCain como favorito é uma boa notícia para o Partido Republicano, pois permitirá, desde já, começar a unir forças em torno de McCain, e convertê-lo logo em um candidato forte para as eleições presidenciais de novembro.


Charles Dharapak/AP
Em discurso no Arizona, John McCain agradeu apoio da mulher e da mãe
Em discurso, o veterano da Guerra do Vietnã John McCain agradeu apoio da mulher e da mãe

O senador por Arizona terá de se esforçar para conseguir que o partido como um todo respalde sua candidatura, especialmente os mais conservadores, que o vêem como um republicano atípico e, desde seu ponto de vista, “demasiado liberal”. A vitória desta noite, sem dúvida, lhe dará mais tempo para consegui-lo.

A situação para os democratas é mais problemática. A Superterça demonstrou que Obama e Hillary seguem em uma disputa corpo-a-corpo que, no momento, parece difícil de acabar.

Os analistas coincidem em destacar que os candidatos, um negro e uma mulher, estão polarizando o voto democrata com critérios raciais e de gênero, algo que nunca antes havia sido tão claro em uma campanha eleitoral. Obama tem um forte apoio entre os negros –80% votam no senador por Illinois. Enquanto Hillary conta com forte respaldo da comunidade hispânica, de cerca de 60%.

Califórnia

A Califórnia, como era de esperar, foi o principal Estado da jornada, não só por seu grande número de delegados em ambos os partidos, senão também pelo grande papel que o Estado tem na vida política e cultural do país –o que leva os analistas a considerarem a vitória na Califórnia como chave.

Mas o número de delegados concedido a cada candidato na prévia do Estado é proporcional ao número de votos recebidos na disputa. Portanto, as vitórias de Hillary e McCain, ali, são parciais.

Mike Segar/Reuters
Para Hillary Clinton, vitórias mostram que americanos querem líder com experiência
Para Hillary Clinton, vitórias mostram que americanos querem líder com experiência

Não obstante, Thomas Mann, analista político da Instituição Brookings, afirmou na terça-feira que “o vencedor da Califórnia pode considerar-se um candidato líder na campanha”, ainda que isso “não queira dizer que seja automaticamente o vencedor das primárias”.

Para Mann, a vitória na Califórnia dará um impulso importante a Hillary e a McCain antes das próximas prévias a serem realizadas até junho.

A noite, no entanto, trouxe poucas surpresas. No lado republicano, enquanto a jornada colocou McCain em posição de liderança, foi a ruína para o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, que a partir de agora já não segue o favorito McCain tão de perto. Romney só ganhou onde era óbvio: Massachusetts, o Estado onde foi governador, Utah, o Estado mórmom por excelência, em que serviu como membro desta religião, e Dakota do Norte, Minesota, Montana e Colorado.

Rick Bowmer/AP
Em Chicago, Barack Obama disse que é o candidato da mudança
Barack Obama se apresenta como o candidato da mudança

No entanto, Romney afirmou que segue em campanha e disposto a ganhar. Mas a vantagem do senador por Arizona deixa o candidato mórmom sem possibilidades de aspirar à Casa Branca.

Em igual posição encontra-se Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas e candidato preferido da direita evangélica do país que, apesar de obter alguns resultados mais que dignos em vários Estados, não conseguiu se posicionar a frente de McCain.

Ron Paul, o peculiar congressista texano que se caracterizou por ir, mais ou menos, contra os poderes estabelecidos, e que realizou um campanha baseada em um alto nível de voluntariado, praticamente desapareceu na terça-feira do panorama eleitoral dos EUA.
No campo democrata, as regras do partidos para as prévias, que distribuem proporcionalmente seus delegados em função dos votos obtidos em cada Estado, se converteram nesta noite em parte do problema, pois impediram que as contagens dos votos proporcionassem a agilidade que demonstraram os republicanos. Em diversos Estados, a disputa republicana segue a regra do winner-takes-all [WTA], que atribui ao vencedor todos os delegados no Estado.

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