Setor têxtil quer modificar acordo feito com chineses
Rafael Rosas VALOR
As importações de países asiáticos, notadamente a China, continuam trazendo preocupações para o setor têxtil brasileiro. Para este ano, um dos objetivos das indústrias têxteis e de confecções é dar novos moldes ao acordo iniciado com o governo chinês em 2006 e que prevê a limitação do crescimento de importações de oito categorias de têxteis, o que significa teto de avanço anual para 72 produtos. Em 2007, as importações da China representaram 39% de tudo o que foi comprado pelo Brasil em produtos têxteis no exterior.
Ainda neste semestre chega ao Brasil uma missão chinesa que iniciará com o governo brasileiro e empresários do setor as tratativas para a adequação do acordo às novas condições de comércio. Em 2006, quando foi criado, o acordo, que tem validade até o fim deste ano, abarcava 65% da corrente de comércio de têxteis entre os dois países e previa tetos anuais de crescimento de 8% a 25% para os produtos. Atualmente, os itens discriminados representam apenas 20% dessa corrente de comércio.
"Pleiteamos a inclusão de novas categorias no acordo", diz Fernando Pimentel, superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para Aguinaldo Diniz, presidente da Abit, uma das formas de reduzir o déficit da balança comercial de têxteis, que em 2007 subiu 1.864% e atingiu US$ 648 milhões, é buscar formas tributárias isonômicas em relação a países asiáticos.
"O dólar facilitou as importações. Mas não dá para questionar o dólar, que é definido pelo mercado. Devemos é ter tributos mais isonômicos. A carga tributária é um problema e é fundamental que haja uma reforma", afirma Diniz.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, ressalta que o acordo com a China contribuiu para que o preço médio das importações de têxteis a partir da Ásia subisse de US$ 8 por quilo em 2006 para os atuais US$ 16 por quilo, fruto da redução do subfaturamento dos produtos vindos da região nas categorias incluídas no entendimento entre os dois países.
Teixeira é otimista em relação às negociações e diz que o governo chinês demonstra interesse em reduzir o subfaturamento, o contrabando e aumentar a qualidade dos produtos têxteis do país. Para ele, o governo chinês tem cooperado e novos tópicos deverão ser negociados para um novo entendimento.
"No cenário internacional isso causa problema à China. Os Estados Unidos têm feito um esforço enorme para limitar as importações a partir da China, alegando que são contrabandeadas ou subfaturadas", frisa o executivo.
Mas em um cenário de aumento das importações a partir da China, a Apex vislumbra possibilidades de aumentar as vendas para o país asiático. Segundo Teixeira, as empresas brasileiras devem tentar mostrar que "ser fashion na China é usar moda brasileira".
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