segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Serra e Alckmin divergem sobre a CPMF em convenção do PSDB em São Paulo

Governador quer negociar com Planalto enquanto Alckmin defende fim do imposto

Flávio Freire - O Globo

SÃO PAULO. A convenção estadual do PSDB expôs ontem, em São Paulo, as divergências entre os líderes nacionais do partido quando o assunto girou em torno da votação sobre o futuro da CPMF. Ao mesmo tempo em que o governador José Serra defendeu publicamente a possibilidade de negociar com o governo federal contrapartidas para que a bancada tucana no Senado vote a favor do projeto que prevê a prorrogação da alíquota de 0,38%, o exgovernador e candidato derrotado à Presidência em 2006, Geraldo Alckmin, foi categórico contra o projeto apresentado.

— Sou contra votar alíquota de 0,38%. Isso significa eternizar a CPMF. A posição majoritária do partido é contrária à CPMF. Temos que conseguir acabar (com a contribuição) ou deixá-la apenas como um tributo fiscalizatório, de 0,08% — disse Alckmin, pouco antes de votar na eleição no novo diretório estadual do partido.
Também no evento, Serra disse aos tucanos que há impostos piores que a CPMF.

— Comparando com outros, temos melhores, como o IPTU e o IPVA.

Assim como outros piores, com a contribuição patrimonial sobre a folha de pagamento — disse o governador, com a ressalva de que a questão deve ser avaliada no âmbito do Congresso Nacional.

Serra capitaneou, na última sextafeira, uma reunião do comando tucano para discutir a posição do PSDB em relação ao assunto. Juntamente com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, com o presidente do partido, Tasso Jereissati, com os senadores Arthur Virgílio e Sérgio Guerra e com o deputado Antônio Carlos Panunzio, o governador de São Paulo avalizou a proposta de que o partido deve votar a favor da prorrogação do tributo, desde que o governo se comprometa a reduzir a carga tributária e os gastos públicos.

“Nada justifica a alíquota de 0,38%”

Serra reforçou ontem a posição a favor da CPMF dada durante o encontro no Palácio dos Bandeirantes, na última sexta-feira: — O partido quer uma solução que seja boa para a economia e para o país — disse o governador, para quem a questão do repasse da CPMF para os estados é um tema ainda a ser analisado.

Para Geraldo Alckmin, que não estava presente na ocasião, o volume de arrecadação na esfera federal e o cenário internacional da economia justificariam o fim imediato da cobrança da CPMF.

— Estamos num país com recorde de arrecadação e num dos melhores momentos da economia mundial. Nada justifica uma alíquota de 0,38%.

A prorrogação da CPMF também serviu de trampolim para tucanos criticarem o governo federal durante a convenção.

— O governo federal precisa descer do pedestal e apresentar alguma proposta concreta para redução de carga tributária. Da forma como está, o PSDB não vai aprovar a CPMF — disse o ex-presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vanderlei Macriz.

— Para começar essa discussão, poderíamos pensar numa fórmula de compensar a CPMF no Imposto de Renda — disse o deputado federal José Aníbal, ex-presidente nacional do PSDB.

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