segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Disputa por votos malufistas deve marcar eleição à Prefeitura de SP

Cristiane Agostine - jornal Valor

Marisa Cauduro / Valor - 23/5/2007
Kassab: atual prefeito de São Paulo poderia ser beneficiados com os votos dos "órfãos" do ex-prefeito Paulo Maluf
Caso o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) concorram à eleição municipal de São Paulo no próximo ano, eles disputarão uma mesma parte do eleitorado, órfão de Paulo Maluf (PP). Nas duas últimas eleições, em 2000 e 2004, os tucanos conseguiram captar mais votos malufistas (da direita) do que o PT. Além da disputa pelo mesmo perfil eleitoral com os tucanos, o DEM terá de enfrentar outro problema: a entrada no cenário eleitoral, antes fechado pelos candidatos do PT, PSDB e PP.


Em São Paulo, cidade com a disputa eleitoral mais acirrada do país, 44% dos eleitores já têm suas preferências partidárias definidas. Nos três últimos pleitos, o PT mostrou que tem o voto garantido de pelo menos 17% do eleitorado. O PSDB tem 15% e o PP, 12%. Os números indicam o percentual de eleitores que votam no partido independente da chance de vitória do candidato lançado.


A análise do comportamento eleitoral e da dinâmica partidária das eleições de 1996, 2000 e 2004, realizada pelos pesquisadores Fernando Limongi e Lara Mesquita, mostra que o domínio do PT, PSDB e PP fechou o "mercado eleitoral" na cidade e impediu que, no período, candidatos de outros partidos ganhassem projeção. Os três partidos controlaram as eleições paulistanas nos últimos 15 anos. "Ainda que o voto partidário inicial, de 44% dos eleitores, não seja capaz garantir a vitória (de nenhuma agremiação), ele é capaz de bloquear a entrada de outros candidatos", analisou Lara. A pesquisa, patrocinada pela Fapesp, foi apresentada no 31º encontro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).


Como os candidatos destes três partidos contam com um patamar mínimo de votos, explicam os pesquisadores no estudo, os eleitores tendem a convergir ao longo do processo eleitoral a um deles.


Um possível cenário favorável à candidatura de Kassab, vinculada a um partido de direita, seria a conquista dos votos do PP, dos "órfãos" de Paulo Maluf - deputado federal ícone da legenda, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo. Entretanto, ele esbarrará na parcela conquistada pelo PSDB nas últimas disputas eleitorais. Dos eleitores que votaram no PP em 1996, 27% mudaram o voto para o PSDB em 2000 e apenas 6,3% para o PT. Já na eleição seguinte, de 2004, a transferência de voto foi menor, mas ainda assim os tucanos conseguiram mais votos do que os petistas do grupo malufista: 1,9% dos que escolheram o PP em 2000 foram para o PSDB e 0,8% para o PT.


Com exceção de Celso Pitta, apadrinhado por Maluf em 1996, nenhum outro candidato sem experiência nas urnas ganhou a eleição na capital. "O custo para disputar a cidade é muito alto", observou Lara. "Nas últimas disputas, como o PT, PP e PSDB tinham 44% dos votos eles conseguiam coordenar a arena eleitoral. A disputa teve de ser em torno dos três", afirmou a pesquisadora ligada ao Cebrap, mestranda da USP. "O DEM não é uma força tradicional em São Paulo e entrará agora na disputa, em um lugar que sempre foi ocupado por Maluf", disse Lara.

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