A caravana do consenso tem que deixar os cachorros latindo
Uma estranha confluência constitui o factóide da semana. De um lado, dois deputados se movimentam com um projeto que poderia desembocar num plebiscito, que eventualmente levaria a autorizar um terceiro mandato para os presidentes, o que permitiria ao Presidente Lula, ao final, brigar por um novo mandato.
De outro, a mídia lança uma pronta campanha para condenar a heresia. Um aprendiz de Papa, o mesmo que defende o direito sagrado de Cacciola à fuga, pronuncia o anátema de blasfêmia. Outros falam de golpe, revolução, ditadura e fascismo.
Por último, incitados pela campanha conveniente com suas posturas radicais contra o governo, deputados e senadores do DEM e do PSDB aproveitam para proclamar uma chantagem: Se o projeto for proposto votarão contra a prorrogação da CPMF.
Misturando alhos e bugalhos, o factóide serve claramente um desenho político: explodir o processo de convergência entre o governo e os setores responsáveis da oposição para costurar, a partir da votação da prolongação da CPMF, uma agenda voltada para os principais problemas nacionais.
O jornal O Estado de São Paulo chegou até a inventar a presença do deputado Devanir Ribeiro na festa de aniversário de Lula, ontem, para induzir a idéia que a iniciativa infeliz do deputado poderia estar associada a uma diretriz do próprio presidente.
A bem da verdade, nenhum dos que vociferam contra um terceiro mandato tem moral para falar, pois a maior parte deles compactou com a verdadeira tramóia contra a democracia brasileira que foi o direito à reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Isto não justifica a ausência de bússola de ninguém. O Presidente Lula, homem de palavra, já se manifestou com clareza sobre o tema, as bancadas do PT, e o PT como tal, também.
É bom rejeitar o factóide e retomar a agenda do entendimento.
Agora, factóide é factóide, os cachorros ladram e a caravana construindo consensos tem que passar, para o bem do Brasil.
Luis Favre
Um comentário:
Ficar insistindo nessa coisa do terceiro mandato ou especulando sobre os próximos candidatos é querer colocar o cargo em vacância, como se não tivéssemos um presidente em exercício e funcionando muito bem, melhor impossível.
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