segunda-feira, 22 de outubro de 2007

PT articula-se nos 100 maiores municípios

Cristiane Agostine
Valor

A um ano das eleições municipais, o PT articula-se para disputar o comando dos 100 maiores municípios, que concentram 40% dos eleitores brasileiros. Dentre os maiores colégios eleitorais, o partido está na oposição na maioria dos municípios (55 cidades) e pretende ampliar o quadro da situação de 45 cidades para 83.


Das agremiações no comando dos maiores colégios eleitorais, o PT aparece com 23 prefeituras, seguido por PSDB, com 19, PDT e PMDB, com 12 governos cada partido e PPS com 9. Segundo o secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, responsável pelo levantamento eleitoral, o partido terá candidatura própria em quase todas as capitais.


Por enquanto, em apenas três capitais o PT cogita não ter cabeça de chapa: Aracaju (apesar de ser prefeitura do PT, devem apoiar o PCdoB), Goiânia (cogita-se acordo com PMDB, de Iris Rezende) e Manaus (acordo com o PSB). "As cem maiores cidades são prioritárias porque nelas estão concentrados os eleitores e estão os maiores orçamentos. Não adianta um partido ganhar 400 cidades. Isso não significa um capital eleitoral", diz Pereira.


Na eleição de 2004, o partido foi eleito em nove capitais. Em Fortaleza, desta vez o PT estará ao lado de Luizianne Lins, que disputará a reeleição. Entretanto, a petista terá dificuldade em conquistar o apoio dos partidos de esquerda. A senadora Patrícia Saboya saiu do PSB para o PDT para viabilizar sua candidatura à prefeitura e a tendência é que o PSB do governador Cid Gomes e de Ciro Gomes (com quem Patrícia foi casada) apóie a senadora. O secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande, entretanto, anunciou apoio ao PT. "É certo que em Fortaleza iremos apoiar a Luizianne", disse.


A prefeita de Fortaleza minimiza o impacto da possível falta de apoio do bloco de esquerda. "O PCdoB e o PSB são aliados, mas cabe a eles decidir se vão me apoiar ou não", afirmou Luizianne.


As prévias partidárias serão feitas em janeiro, depois da escolha das novas direções do PT, que será feita em dezembro. A expectativa é de que aconteçam entre 30 e 35 prévias. Esse é o caso de São Paulo: se a ministra do Turismo, Marta Suplicy, se candidatar à prefeitura paulistana, não haverá prévia. Nas demais hipóteses, com Arlindo Chinaglia, José Eduardo Martins Cardozo ou Jilmar Tatto, haverá. Em Minas a situação é semelhante. Caso o ministro Patrus Ananias se lance, não haverá prévia. Com o deputado Virgílio Guimarães ocorrerá o mesmo.


Na próxima reunião da Executiva nacional, o PT convocará uma comissão para cuidar das candidaturas e alianças nos 100 maiores colégios. Os municípios são estratégicos e em 2006 o PT viu sua influência diminuir nos municípios mais populosos.


Nas últimas eleições o partido teve a maioria dos votos metropolitanos, enquanto os do PSDB estavam espalhados nos menos populosos. Mas na eleição de 2006 o quadro eleitoral se alterou e há um maior equilíbrio de votos petistas e tucanos nas metrópoles. No ano passado, a candidatura petista perdeu a liderança absoluta dos votos nos municípios populosos, com mais de 1 milhão de eleitores, mas continuou crescendo nas cidades pequenas e nos grotões. Já os tucanos conseguiram mais que o dobro dos votos conquistados pelo partido em 2002, distribuídos nas áreas metropolitanas e em cidades com mais de 200 mil eleitores.


Em 2006, nas cidades grandes, com mais de 200 mil habitantes, o PSDB cresceu de 19,695 milhões de votos para 39,95 milhões. Já o PT teve seu crescimento mais significativo nas cidades pequenas, com menos de 50 mil eleitores. A base de votos do PT nos municípios entre 10 mil e 50 mil cresceu de 29,6% para 38,6%. O aumento foi ainda maior nas cidades com menos de 10 mil eleitores: de 28,3% para 38,2%.


Os cem maiores municípios também estão na prioridade dos partidos do bloquinho de esquerda, composto pelo PCdoB, PSB e PDT . Em algumas capitais já é certo que não haverá acordo entre os partidos, como no caso de Porto Alegre. O PCdoB deve apoiar a deputada Manuela D´Ávila para a prefeitura, uma das principais apostas do partido em 2008.


Mesmo com a proximidade ao PT, os aliados não deixarão de lançar candidatos no primeiro turno nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal de que o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar, os dirigentes querem reforçar a imagem das agremiações. Para o PDT, é essencial ter o tempo na TV e no rádio para fazer propaganda da legenda. "Teremos candidato para o partido aparecer na mídia. Se ficar só nas alianças, quem terá destaque é o cabeça de chapa", disse o secretário-geral do PDT, Manoel Dias. "Assim o partido desaparece." Segundo Dias, o bloquinho é prioridade nas alianças, mas os objetivos eleitorais não são "imediatos". Os partidos, segundo ele, precisam ganhar mais governos antes.


Nas capitais, o PDT planeja ter de 18 a 20 candidaturas nas capitais. Em 2004, o partido chegou ao governo de Salvador, São Luis e Maceió. Agora, o partido pretende duplicar o número de prefeituras em capitais.


O PSB reforça o discurso de que irá lançar candidato nas maiores cidades, mas dá indicações das conversas mais adiantadas sobre as alianças nas capitais. Segundo o secretário-geral do partido, senador Renato Casagrande, em Aracaju e Vitória o partido negociará apoio aos candidatos do PCdoB e PT (respectivamente). Em Manaus, João Pessoa e Natal, entretanto, com prefeituras do partido, o PSB tentará ser a cabeça de chapa do bloco de esquerda.


O PCdoB lembra do apelo feito pelo presidente Lula, de ter o maior número de candidaturas unificadas entre PT e o bloquinho de esquerda, mas ressalta ser "muito difícil" no primeiro turno. "O PCdoB nunca lançou tantos candidatos como agora. Candidatura municipal é candidatura de base. É natural ter muitos candidatos."


Os comunistas prevêem candidaturas em 17 capitais e já anuncia as principais: Porto Alegre (Manuela D´Avila), Rio (Jandira Feghali), Belo Horizonte (Jô Moraes), Aracaju (Edvaldo Nogueira), Recife (Luciano Siqueira), São Luís (Flávio Dino), Manaus (Vanessa Grazziotin) e Piauí (Osmar Jr.).


Em Rio Branco o partido deve apoiar o PT. Já em João Pessoa e Manaus os comunistas deverão compor a chapa do candidato do PSB. Na capital paulista, o PCdoB pode lançar Aldo Rebelo ou apoiar a candidatura de Luiza Erundina (PSB) ou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT). "Não faz sentido termos em São Paulo três candidaturas do bloquinho. Seria inviável e podemos retirar a nossa", disse Rabelo.

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