segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Tucanos de São Paulo não se bicam

Encontro expõe mal-estar entre tucanos

Apesar da tentativa de Serra e Alckmin mostrarem unidade, aliados não conseguem eleger presidente do partido em São Paulo

Em discurso, o deputado Edson Aparecido diz que os dois saem fortalecidos; para o ex-governador, "quem apostar em divisão vai errar"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra, e o ex-governador Geraldo Alckmin se esforçaram para dar prova de unidade ontem na convenção municipal do PSDB. Só que, em mais um dia de beligerância, os tucanos nem sequer conseguiu homologar o nome do secretário estadual de Relações Institucionais, José Henrique Reis Lobo, para a presidência do partido.
Apesar da foto, retrato do bom momento entre Serra e Alckmin, a tensão rondava seus aliados desde a véspera, quando Lobo e o ainda presidente municipal, Tião Farias, tiveram ríspida discussão ao telefone.
Apoiado por Alckmin e Serra, Lobo aceitou a presidência do partido desde que indicasse a secretária-geral e o tesoureiro do partido.
"Você tem que ter humildade. Não pode impor condições", acusou Farias, dizendo que trabalha pela unidade.
"Até agora, você tem colaborado para a desagregação do partido", reagiu Lobo.
Como o impasse persistia ontem após três horas de reunião a portas fechadas, o PSDB adiou para quinta-feira a eleição da Executiva, ainda que Lobo seja o escolhido.
Já o vereador Gilberto Natalini - que foi obrigado a desistir da disputa pela presidência - não só faltou como tem pronta uma carta de desfiliação.
Além disso, o grupo "tucanafro" se rebelou contra a exclusão de seu representante, autor de uma ação pela anulação da eleição, da chapa do diretório. Cercado num canto por militantes do movimento negro, o franzino secretário de Gestão, Sidnei Beraldo, explodiu:
"Eu que pedi para ele sair. Não se pode entrar com ação contra a chapa que se integra".
Como se não bastasse, havia duas eleições programadas ao mesmo tempo em endereços diferentes.
Mesmo com o imbróglio, a decisão de Serra de desmontar o quadro de disputa foi encarado como um gesto em favor de Alckmin. Em retribuição, ele teria o apoio dos alckmistas em 2010. "Serra e Alckmin saem fortalecidos daqui", discursou o deputado Edson Aparecido.
A aproximação dos dois ainda não teve eco entre seus aliados mais apaixonados. De casa, Serra esperou o melhor momento para votar, fazendo com que Alckmin o aguardasse por mais de uma hora. "Folclore. Fantasia completa", disse."É ridículo pensar isso."
"Quem apostar em divisão no PSDB vai errar", disse Alckmin. Folha de São Paulo (para assinantes)

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