OCDE reduz previsão de expansão mundial
Entidade diz que problemas no mercado de crédito imobiliário dos EUA vão desacelerar crescimento mundial neste ano
Para OCDE, perspectivas para a economia mundial são "claramente menos animadoras e mais incertas" que em sua previsão de maio
SCHEHERAZADE DANESHKHU
DO "FINANCIAL TIMES"
A turbulência no mercado e os problemas dos EUA com o mercado de hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento) vão prejudicar o crescimento econômico mundial neste ano, disse ontem a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A entidade pediu uma melhor regulamentação para abordar as "graves imperfeições" dos mercados imobiliários nos EUA e setores de crédito em todo o mundo. Ao apresentar sua avaliação intermediária entre as projeções do "Panorama Econômico" de primavera e de outono para os 30 países mais ricos, a OCDE disse que as perspectivas para a economia mundial são "claramente menos animadoras e mais incertas" do que em suas previsões de maio. Embora tenha reduzido suas expectativas de crescimento econômico das sete maiores economias em apenas 0,1 ponto percentual, para 2,2%, a OCDE disse que sua estimativa anterior errara para cima porque ainda era cedo demais para avaliar em que medida o reavaliação do risco em todos os mercados financeiros reduziria a atividade econômica. "Os riscos negativos tornaram-se mais ameaçadores num contexto em que as condições gerais do mercado financeiro provavelmente continuarão apertadas por mais tempo."
Jean-Philippe Cotis, economista-chefe da OCDE, elogiou os BCs pela "ação rápida e eficaz" que ajudou a conter a turbulência do mercado financeiro e sugeriu que a reavaliação do risco ocorreu em um momento menos ruim, já que o crescimento econômico mundial estava forte.
Mas ele disse que eventos recentes tinham revelado "graves imperfeições" no funcionamento dos mercados de crédito e pediu uma maior supervisão do mercado americano de hipotecas de segunda linha.
Nos EUA, a OCDE cortou sua previsão para 2007 para 1,9%, contra os 2,1% previstos anteriormente, porque o setor de habitação deverá "exercer uma pressão mais longa e poderosa do que se esperava".
Na zona do euro, o crescimento deverá se recuperar no segundo semestre, depois de uma desaceleração no segundo trimestre. "Não obstante, o pico de aumento de atividade do euro agora parece passado", disse a OCDE, ao reduzir suas previsões para Alemanha, França e Itália.
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Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES
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