quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Base reage a decisão do PT e lançamento de Ciro

O estado de São Paulo
(para assinantes)


Vera Rosa, BRASÍLIA

O palanque montado para a candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e a decisão do PT de apresentar candidato próprio - mesmo deixando uma fresta para negociação - já causam ciumeira na base aliada. Oficialmente todos os partidos dizem que é muito cedo para esse debate, mas, nos bastidores, afiam suas garras.

“Se o PSB lança Ciro, por que o PT não pode ter candidato?”, pergunta o deputado Jilmar Tatto (PT-SP). Tatto diz que não é o PT que não está interessado em manter a unidade na coalizão. “Se o PMDB, que é o segundo partido da base, não tem candidato e apóia o PT, quem é o PSB para ter?” O PMDB não planeja mexer nisso agora, mas suas várias alas discutem o assunto. Na legenda, o mais cotado para a sucessão do presidente Lula é o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, ameniza: “Ciro é um nome muito forte e respeitável. E qualquer discussão agora é preliminar.” Ciro, ao menos por enquanto, não parece disposto a brigar com o PT. Diz que o Bloco de Esquerda (PSB, PDT e PC do B) e os demais partidos da coalizão precisam ter “juízo político” e se unir. Mas já afirmou que não aceita ser vetado.

Secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, acha “perfeitamente legítimo” o desejo dos aliados de ter candidatos. “Mas é preciso tomar cuidado para que a disputa não antecipe o fim do governo Lula, não facilite o jogo dos adversários nem feche a porta para uma aliança com os partidos do campo democrático.” Ele diz que a resolução aprovada pelo 3.º Congresso do PT não deve dar margem a interpretações. “É um jeito educado de dizer que vamos ter candidato, protegendo o governo e a política de alianças.”

Para o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o PT faz jogo de cena para “enganar” os aliados. “Lula pediu para manterem a governabilidade e eles quiseram nos deixar calminhos.”

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), diz que nem PT nem PSB fecharam as portas ao diálogo. “Lula pediu para tentarmos nos unir na eleição de 2008, que é o primeiro teste da coalizão, e é isso que estamos fazendo. Mas ainda é cedo para avaliações sobre 2010.”

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