terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ensaios de guerra

TEREZA CRUVINEL

Faltando 14 meses para a eleição municipal, a pesquisa Datafolha, divulgada no domingo, expõe os dilemas que serão enfrentados pelos partidos polares, PT e PSDB, na disputa em São Paulo, a que mais se projetará sobre a sucessão de 2010. O dos tucanos será entre preservar a unidade com o DEM ou apostar no favoritismo de Geraldo Alckmin. Para os petistas, a escolha será entre Marta Suplicy e um dos “japoneses” com pouca chance. Ontem ela descartou uma volta à prefeitura, afirmando “pensar” no governo estadual para 2010.

Beneficiado pelo “recall” da disputa presidencial do ano passado, Alckmin aparece com absoluto favoritismo: 30% de preferência, contra 24% de Marta e 10% do prefeito Gilberto Kassab, batendo ambos, e também outros nomes, no segundo turno. Mas Kassab, tendo começado sua gestão como sombra de José Serra, que lhe deixou o cargo para virar governador, cresceu o bastante para tornar-se carta do baralho.

E inocular em seu partido o ímpeto para a disputa, mesmo contra o aliado histórico, se este optar pela candidatura própria, apesar da preferência de Serra pelo prefeito: Kassab é um seguidor leal, vem fazendo uma gestão continuísta, mas também criativa, que tem feito sua aprovação crescer entre os paulistanos.

Tê-lo na prefeitura é um ponto de apoio importante na disputa interna do PSDB para a escolha do candidato presidencial em 2010.

Há 20 dias, o presidente do DEM, Rodrigo Maia, já proclamava a candidatura de Kassab como irreversível, enquanto este dizia, no programa “Roda viva” do dia 23 de julho, que sua prioridade é preservar a aliança com os tucanos, insinuando que não será candidato se eles lançaram nome próprio.

“Tenho perfeita noção da importância desta aliança para São Paulo e para o Brasil”. Rodrigo mantém sua avaliação.

— A pesquisa só confirma nossa aposta no crescimento de Kassab, pela qualidade da gestão que ele vem fazendo.

Tal como ele, nós, da direção do partido, também queremos preser var as alianças. Eu acredito, porém, que Kassab é que vai se impor, crescendo ao ponto de impor-se como candidato da unidade .

Ele recorda que 93% dos prefeitos que disputam a reeleição vão ao segundo turno.

A queda-de-braço entre os tucanos será feia. O governador de Minas, que, como Serra, olha para 2010, está disposto a jogar o peso de sua influência no partido para garantir a candidatura a Alckmin.

O que significa, para suas pretensões, ter um aliado forte e bem posicionado bem no terreiro de José Serra.

Não menos fácil será a escolha do PT. A pesquisa mostra que só Marta é competitiva. Os outros são todos “japoneses”, como dizem os políticos em referência a grupos de postulantes irrelevantes. Se Marta mantiver a disposição de não concorrer, ficando no Ministério do Turismo, o PT terá de escolher um deles: Arlindo Chinaglia, Aloizio Mercadante, Jilmar Tatto, Fernando Haddad, Rui Falcão ou José Eduardo Cardozo.

Todos têm hoje um patamar baixíssimo, embora possam crescer. Mas o PT já partiria em desvantagem. Entre os “japoneses”, o melhor situado é Mercadante, 9%, contra 1% de Chinaglia. Os outros nem entram na lista do Datafolha.

Leia a integra da coluna de Tereza Cruvinel no jornal O Globo (para assinantes)

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