Overbooking - Noites de horror a bordo nos EUA

do Blog SLOT do JB

O pessoal daqui reclama, mas a coisa não está melhor no espaço aéreo mais controlado do mundo. Nos EUA, na terça-feira passada, os 400 passageiros a bordo de um Jumbo da Cathay Pacific que seguiam de São Francisco para Tóquio passaram nada menos de 7 horas a bordo, sem que a aeronave sequer desengatasse do finger. O drama começou por volta de meia-noite, logo depois do embarque. Depois de todos instalados, foram três horas de espera. As pessoas começaram a achar que havia algo muito errado às 3h da madrugada, quando o sistema auxiliar (APU) de força foi desligado e as luzes da cabine apagadas. Só às 7h30, funcionários da companhia em terra anunciaram que o vôo havia sido cancelado devido a problemas técnicos e que todos estavam autorizados a desembarcar. A Cathay informou que a noite a bordo não foi problemática para ninguém, mas foi cabalmente desmentida pelos passageiros, com relatos sobre falta de água, de comida e, sobretudo de comunicação.

O caso em São Francisco não foi o único. Também na semana passada, as 50 pessoas a bordo de um vôo regional da Comair, o 5367, partindo do JFK, ficaram quatro horas presas dentro da aeronave. Embora o tempo tenha sido menor que o registrado no vôo da Cathay, aqui a situação foi pior porque o ar condicionado não funcionou em nenhum momento. O calor a bordo tornou-se uma ameaça à saúde. David Olilla, uma dessas pessoas, gravou cenas do que acontecia, incluindo uma discussão com os pilotos. Outra cena mostraria um bebê de quatro meses se esvaindo em suor enquanto a mãe tentava refrescá-lo desesperada.

Os dois casos lembram os passageiros da TAM que pernoitaram no jato que iria levá-los a Fortaleza e não saiu de São Paulo (se não estou enganado). As situações têm em comum o fato de que a relação entre o consumidor e as companhias aéreas é hoje muito desbalanceada. Uma vez comprado o bilhete, o passageiro tem praticamente a cidadania cassada, passando a ser apenas uma carga viva a bordo com destino e horário a ser entregue. Sua condição não tem a menor importância.