sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Hidropilates não é moleza

Estica e puxa

Nós testamos a aula de hidropilates, modalidade que leva os princípios do pilates para água

Christina Fuscaldo - O Globo Online

Aula de hidropilates na academia Stella Torreão / Divulgação

RIO - A idéia era testar uma nova modalidade de exercício na água. O hidropilates não é exatamente a mistura da hidroginástica com o pilates, como pensei ao topar fazer a aula experimental na academia Stella Torreão, na Lagoa. Por ter sido adepta dos exercícios com molas e tiras de couro por quase dois anos, achei que teria os critérios necessários para fazer a comparação. E, bom, acho que consegui sair com uma idéia do que significa optar pela versão aquática do método criado na década de 20 pelo alemão Joseph Pilates.

( Veja fotogaleria com imagens da aula )

Quando eu praticava pilates, muita gente dizia que era moleza e que eu fazia exercício para quem não gosta de se exercitar. Tenho certeza de que essas mesmas pessoas iriam achar que o hidropilates é brincadeira de criança, já que, dentro da água, os exercícios são levíssimos e o impacto é quase nenhum. Mas - desculpe-me se você é um desses - elas provavelmente não entendem nada sobre saúde do corpo.

Os dois métodos têm como objetivo obter condicionamento físico, com autocontrole, boa capacidade de respiração, postura correta e articulações saudáveis, tudo isso sem fortes impactos. Só que o pilates é de fato mais "pesado". Lembro que, depois de dois meses de prática, eu já tinha músculos firmes como só havia tido na época em que fazia balé. Criado pela americana Ann Antony, que em 2006 deu curso de capacitação para professores da academia Stella Torreão, o hidropilates também é voltado para a organização do corpo e da respiração. Mas, por ser mais leve, ele faz com que o praticante saia da água com mente e músculos relaxados. A idéia não é usar a modalidade como ferramenta para ajudar no emagrecimento ou coisa assim.

Aula de hidropilates na academia Stella Torreão / Divulgação

Cheguei na academia já esbaforida. Saí do trabalho uma hora depois do previsto. Assustei-me com a possibilidade de me atrasar e, conseqüentemente, estragar tudo. Mas, por sorte, o trânsito estava tranqüilo no Rio de Janeiro (Murphy deve estar de férias) e, meia hora antes da aula, eu estava lá. A secretária de cara me encaminhou até a sala do Dr. Luiz Alexandre Cantanhede, médico do exercício com especialização também em fisiatria.

- Mesmo que seja só para fazer uma aula teste, todo mundo precisa fazer o exame clínico, comigo ou com os outros médicos daqui. Se o seu histórico é bom, só vou te pedir para me trazer o teste de esforço se tiver acima de 35 anos. Mas, se você tem 27, tem familiares com problemas cardíacos e fuma dois maços de cigarro por dia, vou ter que te pedir o exame. Agora, vou rodar um eletrocardiograma para ver se o seu coração está bem. Se der qualquer problema, vou ter que te vetar - avisou.

Gelei. A editora ia me matar se eu voltasse para a redação sem a matéria e com um problema cardíaco recém-adquirido. Sim, porque o histórico da família é bom. Meus cotovelos e joelhos responderam bem àquele martelinho que mede reflexos. Minha pressão estava 12/8, ou seja, Ok. E eu passei naquele teste do questionário, que tem perguntas como: "Já operou alguma coisa?"; "Já quebrou algo?"; "Tem problemas hormonais?"... A máquina soltou um papelzinho e, ufa!, minha saúde está uma beleza! O médico me liberou e eu saí satisfeita. É importante fazer um exame completo antes de começar a praticar qualquer exercício. E a presença de um especialista dentro da academia mostra que há uma preocupação a mais com a saúde dos clientes.

Entrei na piscina, aquecida a cerca de 31 graus, com outros três alunos. O instrutor, Tiago Alves Pinto, que é fisioterapeuta formado pela federal de Juiz de Fora, confirmou que, assim como nas aulas de pilates, nas de hidropilates é importante haver pouca gente dividindo o espaço. Começamos com um aquecimento de braços e pernas: mão direita segura o punho esquerdo e puxa o braço para a direita e, depois, perna esquerda vai à frente enquanto a direita vai para trás e os braços são esticados na horizontal. Com a música ambiente facilitando o desprendimento, começamos a seqüência mais pesada, que ainda assim é leve e gostosa de se fazer.

Aula de hidropilates na academia Stella Torreão / Divulgação

Com um pé apoiado no Step e a mão segurando a barra que circunda a piscina, giro a perna muitas vezes. Giro de outra maneira. Giro de mais um jeito. Em seguida, subo no Jump (essa foi a melhor parte!) e ganho um elástico para esticar com as mãos. Sinto enrijecer meus músculos dos peitos e costas. Dou uns pulinhos para aproveitar o aparelho e ganho três macarrões. A aula está chegando ao fim e é hora de relaxar.

Tiago coloca dois no meu pescoço e um debaixo da minha canela e eu bóio na água por alguns minutos. Saio, segundo o assessor de imprensa, sorrindo. E posso dizer que ele não estava querendo só vender o peixe da academia. Eu realmente me senti uma outra pessoa. Apesar de o hidropilates não ser um exercício para quem tem como objetivo emagrecer e ficar fortão, é verdade o que o instrutor me disse sobre ele fazer bem ao corpo e, o que é melhor, à cabeça. E vale ressaltar que, com os músculos felizes, acordar cedo no dia seguinte foi bem mais fácil.

Um comentário:

david santos disse...

Olá, Luis.
Esta postagem está muita boa e bem pedagógica.

Parabéns.