Transportes: é preciso desenvolver e integrar
Lúcia Vânia *
O Estado de São Paulo - caderno Viagem
A 9ª edição do Congresso Brasileiro da Atividade Turística (CBratur) traz ao debate um dos temas mais importantes sobre o desenvolvimento do turismo brasileiro: a grave situação dos transportes - não só da crise aérea (que já vitimou centenas de pessoas e ainda não teve uma solução), mas de nossas estradas, que muito têm prejudicado o turismo.
Entre os tópicos que precisam ser discutidos com mais urgência estão a conservação e a segurança das rodovias; as oportunidades, os gargalos e as dificuldades existentes no segmento do turismo marítimo; a inexistência de transporte ferroviário adequado e a questão da intermodalidade entre os diversos meios de transporte, principalmente no que se refere à ligação de aeroportos a centros urbanos.
Ao lançar o Plano Nacional de Turismo, em abril de 2003, o governo tinha como meta aumentar para 9 milhões o número de estrangeiros no Brasil e para 65 milhões a chegada nos vôos domésticos. Mas a crise que se instalou no setor a partir de 2005 freou as expectativas. As graves dificuldades financeiras das empresas aéreas, que culminaram com a falência da Varig, aliadas à legislação rígida e aos acidentes aéreos nacionais, desestabilizaram de vez o setor.
Essa não foi, no entanto, uma crise que eclodiu do nada. Já em 2003, o 5º Congresso Brasileiro da Atividade Turística e o 1º Seminário Internacional de Turismo e Desenvolvimento debateram o tema O Transporte Aéreo como Vetor de Desenvolvimento do Turismo: Cenários, Experiências e Políticas', que resultou no documento Proposta para o Desenvolvimento do Binômio Turismo-Transporte Aéreo no Brasil, publicado em 2005. Entre as recomendações estavam: redução das tarifas aeroportuárias para os vôos com características regionais; liberação total dos vôos corujões com tarifas aeroportuárias especiais; abertura da aviação comercial para investidores estrangeiros; e formação de um mercado comum da aviação na América do Sul.
O que o 9º Cbratur propõe é uma visão ampla. É preciso encontrar uma solução definitiva para os vôos cancelados ou atrasados e para a infra-estrutura aeroportuária que beira o colapso, que hoje marcam o cenário da aviação brasileira. O transporte rodoviário deve ser visto como um aliado da aviação no Brasil, mas, para isso, precisa ser fortalecido, garantindo, entre os dois sistemas, o desenvolvimento de novos fluxos nacionais e até internacionais.
Sabemos do esforço do governo federal para implantar no País uma política de regionalização do turismo. O envolvimento da terceira idade é, sem dúvida, um desafio e uma conquista. Para que esse segmento da população possa aderir ao turismo, especialmente interno, é preciso garantir a segurança das estradas, para que viajar não seja motivo de transtorno.
É com esse espírito de cooperação na busca de soluções para o setor turístico que realizamos o evento: reforçar a importância crescente que o turismo vem assumindo para a sociedade brasileira e oferecer propostas que venham contribuam para seu efetivo desenvolvimento.
*Senadora (PSDB) e presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo
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