quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Bandeira dos piratas

Assim Mesmo

Blogue sobre a língua portuguesa, com ocasionais reflexões e incursões noutras áreas, porque afinal a língua cobre toda a realidade. Com marcado sentido pedagógico, sem abdicar do necessário humor.


Abordar!

Apesar de não nos faltarem obras sobre pirataria, de ficção e não só, é muito raro ver o nome que tinha a universalmente conhecida bandeira dos piratas. Mesmo nas traduções, e ainda que no original apareça o nome em inglês, é comum ver-se assim referida — bandeira dos piratas. A verdade é que, tirando o próprio termo «pirata», cujo étimo é grego, muitos dos vocábulos deste campo lexical são ingleses ou franceses. Alguns aportuguesámo-los, como o francês boucanier («Aventurier d’Amérique et des Antilles chassant le bœuf sauvage pour boucaner la viande et faire le commerce des peaux»; por extensão de sentido: «Pirate écumant, au XVIIe siècle, les mers de l’Amérique et des Antilles»), que é o étimo do nosso bucaneiro. Ou flibustier («Membre d’une association de pirates des mers d’Amérique»), origem do nosso flibusteiro. A bandeira com a caveira e as tíbias cruzadas, porém, não tem nome entre nós, nem sequer nos preocupámos em aportuguesá-lo. Ao que parece, e independentemente da sua etimologia, aliás bem longe de ser incontroversa, logo em 1785 se registava no inglês, na obra A Classical Dictionary of the Vulgar Tongue, de Francis Grose, a designação «Jolly Roger» para a bandeira dos piratas.

Texto de Helder Guégués

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