quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Turistas deverão deixar US$ 4,9 bilhões no país


Segundo Embratur, gastos de estrangeiros serão 12,3% maiores que em 2006 e compensarão queda do dólar

Gustavo Paul - O Globo

BRASÍLIA. Apesar da queda nas cotações do dólar, o setor de turismo no Brasil deverá fechar 2007 com mais receita e mais visitantes. De acordo com estimativas da Embratur, os turistas estrangeiros deverão gastar US$ 4,9 bilhões no país em 2007, 12,3% a mais que os US$ 4,3 bilhões de 2006. Até novembro, a receita já é recorde: US$ 4,484 bilhões. Esse aumento de arrecadação se deve à retomada dos assentos em vôos internacionais e ao fato de os estrangeiros estarem passando mais tempo no país e gastando mais. Ontem, a Embratur comemorou o fato de o número de assentos em vôos internacionais, entre janeiro e novembro, ter ultrapassado o volume registrado no mesmo período de 2006.

É a primeira vez que isso ocorre desde o início da crise da Varig, em julho de 2006, quando a oferta de lugares em vôos para o exterior caiu drasticamente.

Segundo o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes, essa retomada começou em julho e se consolidou no fim do ano: — Os dados mostram que está superada a crise causada pela interrupção dos vôos da Varig, quando o número de assentos disponíveis foi reduzido em quase um milhão por ano.

Os dados da Embratur até novembro mostram que desembarcaram em aeroportos brasileiros 5.859.134 passageiros, entre turistas estrangeiros e nacionais — 27.999 a mais que no mesmo período de 2006. Em dezembro, o volume de passageiros deverá ser ainda maior, pois o mês já confirma crescimento da oferta de assentos em vôos internacionais e é tradicionalmente cheio, devido às festas de fim de ano e férias escolares. O diretor da Embratur estima que o número de poltronas deverá ficar entre 100 mil a 120 mil acima do de 2006.

Só em novembro, foram 549.939 desembarques, um volume 11,77% superior ao mesmo mês de 2006. Nos vôos regulares, o aumento foi de 15,46% em novembro, o que foi considerado um crescimento consistente pela Embratur. Foram 528.643 passageiros em vôos regulares no mês passado, contra 457.834 em novembro de 2006.

A maior parte dos assentos está sendo suprida por companhias estrangeiras, mas as brasileiras (principalmente TAM e Gol) estão reconquistando terreno. Segundo Lopes, antes da crise, as estrangeiras tinham até 58% deste mercado e, com a saída da Varig, passaram a 78%.

Agora, as companhias brasileiras se reorganizaram, a Varig voltou a fazer vôos e a participação das aeronaves com bandeira externa caiu para cerca de 60%.

A expectativa para 2007 é superar todo o ano de 2006, quando foram contabilizados 6.367.179 desembarques. Entre 6,4 milhões e 6,5 milhões de passageiros irão desembarcar de vôos internacionais no Brasil até o fim deste ano.

— Há uma tendência concreta de recuperação, e estimamos que o número de passageiros seja expressivamente maior. Diante dos dados, temos inclusive uma expectativa bastante favorável para 2008 — disse o diretor da Embratur.

Estrangeiros ficam mais tempo e gastam mais A maior parte dos turistas continua preferindo o Rio de Janeiro: cerca de 30% dos estrangeiros ficam na cidade. Depois vêm Nordeste, Foz do Iguaçu (PR) e Santa Catarina.

Para Lopes, a desvalorização do dólar foi compensada pela mudança de hábitos dos estrangeiros, que estão ficando mais tempo e gastando mais: — A média de estada no país subiu de 12 dias em 2005 para 14 dias, e a média de gasto por período subiu de US$ 1 mil para US$ 1.073. Os números finais serão divulgados em março, mas é uma tendência que se nota desde 2006 — afirmou o diretor da Embratur.

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